meramente ilustrativo |
A aluna Victória Varejão Gomes, 19, disse que o notebook atingiu uma de suas pernas, mas que ela não ficou com sequelas. Outra aluna, Marília Nascimento, 20, admitiu que chorou, e que precisou tomar água com açúcar para se acalmar. "Ele saiu da sala depois de jogar o computador no chão e quebrar a mesa, mas voltou em seguida, e ficou sentado, parado, olhando para a turma. Tive medo e saí da sala correndo. Temi pelo que o professor poderia fazer depois de tudo aquilo".
Tudo aconteceu ontem, por volta das 11 horas, durante a realização da aula ministrada por Gentilli, no campus de Goiabeiras, Vitória. Um grupo de alunos procurou a Ouvidoria da universidade e pediu providências.
Segundo esses alunos, e a reação do professor foi originada de uma discussão sobre um texto relacionado à morte de um estudante da universidade, ocorrida neste mês. O rapaz desapareceu durante dias, até seu corpo ser encontrado, em Vila Velha.
Os alunos defendiam que o texto abordasse a mobilização de vários estudantes, na tentativa de localizar o colega, e o afeto dos amigos pelo rapaz. Mas, segundo eles, o professor insistia para que fosse informado que o rapaz cometeu suicídio.
A exceção de um aluno, o restante da turma teria discordado, sob a alegação de que as fontes da matéria não teriam autorizado a divulgação do suicídio, e que o enfoque da reportagem não era esse.
A discussão se alongou por mais de uma hora, e um aluno cobrou de Gentilli o fato de ele ter "sumido" durante três semanas, e por isso causar atraso no cronograma de elaboração de matérias para o jornal. Em seguida, o professor jogou longe o computador e virou, literalmente, a mesa, cujo tampo se soltou.
Segundo alunos, Gentilli faltou a muitas aulas, às vezes comunicando a ausência um dia antes. Uma dessas ausências teria sido causada por uma viagem que ele fez a Bogotá, e sobre a qual avisou aos alunos por e-mail.
Notícia espalhada pelo Twitter
Os alunos não apresentaram, até o início da noite de ontem, um documento protocolado oficial relatando a atitude do professor Victor Gentilli. Somente diante deste documento, será realizada uma reunião no Departamento de Comunicação Social da universidade para a definição de uma Comissão Administrativa para apurar os fatos.
O chefe do departamento afirma ainda que Gentilli deverá apresentar um atestado médico para que seja definido o seu retorno às salas de aula. Mas frisou que o professor não ministrará mais aulas para a turma envolvida no episódio.
A notícia sobre a reação agressiva do professor Victor Gentilli se espalhou rapidamente, ontem, por meio do Twitter como sendo um "barraco na Ufes". E a divulgação, no site de relacionamento da internet, foi feita não só por alunos, mas também por outro professor e colega de Gentilli no departamento de Comunicação da Ufes e vice-diretor do Centro de Artes, Fábio Malini.
Ele alega que retuitou o que alunos já haviam divulgado, depois de ouvir a confirmação do fato por meio do professor Erly Vieira, embora não tenha ouvido Gentilli. "O fato de se retuitar não significa que se deve fazer um processo de perseguição ao professor. Mas evita que as coisas sejam abafadas", argumentou Malini.
O professor afirma que colocou a informação preocupado com a aluna que foi atingida. Mas o tom é de ironia nas mensagens. "O que eu falei no Twitter eu falo abertamente em qualquer lugar", ressalta.
"Nunca tive essa explosão de raiva"
O professor Victor Gentilli alega que teve um momento de grande irritação e que, por isso, jogou o notebook e a mesa no chão. Ele conta que pode ter sido influenciado pelo efeito da medicação que toma para um problema de saúde. O professor ressalta que um médico foi procurado e que, hoje, ele deve ser consultado.
Gentilli ressaltou também que não teve a intenção de atingir a menina com o notebook e que a discussão não tinha relação com nenhum aluno ou com a disciplina. "Eu joguei o notebook em direção ao chão. Não foi para atingir ninguém. Eu nunca tive esse tipo de reação, essa explosão de raiva. Mas eu não sei dizer o que causou isso", relata.
O professor disse que vai pedir desculpa aos alunos e que já entrou em contato com a Ouvidoria da universidade. "Eu errei e peço desculpas. Foi uma falha grave e assumo toda a responsabilidade", afirma Gentili, que disse que retorna às aulas com o parecer do médico. Sobre as faltas relatadas pelos alunos, ele afirmou que faltou uma vez para a viagem para Bogotá e outras por motivos de saúde. Os alunos foram avisados, segundo ele, e todas as aulas são repostas.
"Tive medo e saí da sala correndo. Temi pelo que o professor poderia fazer depois de tudo aquilo"
Marília Nascimento, aluna de comunicação
"Antigamente o professor jogava bolinha de papel para chamar a atenção de aluno. Hoje, laptop. #professor2.0 #barraconaufes"
Fábio Mallini, Prof. de Comunicação da Ufes e vice-diretor do Centro de Artes em frase no Twitter
A GAZETA
Claudia Feliz e Melina Mantovani
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Fique a vontade para comentar, só lembramos que não podemos aceitar ofensas gratuitas, palavrões e expressões que possam configurar crime, ou seja, comentários que ataquem a honra, a moral ou imputem crimes sem comprovação a quem quer que seja. Comentários racistas, homofóbicos e caluniosos não podemos publicar.