quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Mãe que perdeu 2 filhos na tragédia é amparada em velório em Santa Maria

Mãe que perdeu 2 filhos na tragédia é amparada em velório em Santa Maria
Gustavo Marques Gonçalves teve morte encefálica nesta terça-feira (29).
Amigos prestaram homenagem ao amigo durante velório em Santa Maria.

Elaine Gonçalves perdeu dois filhos no incêndio da Kiss, em Santa Maria. O caçula Gustavo Marques, de 21 anos, teve morte cerebral confirmada ontem; número de mortos chega a 235


Velório de Gustavo Marques Gonçalves, de 21 anos, é marcado por emoção em Santa Maria (Foto: Evelson de Freitas/Estadão Conteúdo)

Mãe de duas vitimas da tragédia, Eliane Gonçalves chegou amparada por familiares e amigos ao local onde vai velar o segundo dos seus quatro filhos em menos de três dias. Gustavo Marques Gonçalves teve morte encefálica confirmada na noite desta terça-feira (29). Ele é a mais recente vitima da tragédia de Santa Maria, que deixou 235 mortos após um incêndio durante uma festa universitária na boate Kiss.

Deives, irmão de Gustavo, foi enterrado no domingo (27). Ele também estava na casa noturna.  "Eles saíam de noite e eu sempre os abençoava. Me perguntavam como eu conseguia dormir com dois filhos na rua. Não adiantava sair com eles. Que Deus os abençoe", disse ao G1 a mãe dos dois jovens mortos.
Elaine recebe o carinho de parentes e amigos durante o enterro do segundo filho morto no incêndio na boate Kiss (Foto: Evelson de Freitas/Estadão Conteúdo)

O corpo de Gustavo chegou à Capela Mortuária do Hospital de Caridade perto das 10h, mas ainda demorou alguns minutos para ser liberado para o velório. Amigos e familiares transtornados se abraçavam  e choravam juntos pela morte dos irmãos. A mãe dos jovens fez questão de cumprimentar cada um dos amigos e familiares presentes na despedida do filho. De cada um, recebia abraços e palavras de consolo.

"Eu não quero que o velório seja fechado para nenhum amigo", afirmou a mãe dos jovens, que está acompanhada de psicólogos no local.

Bruna Yegros, amiga dos jovens, levou uma última homenagem aos irmãos. Em um cartaz, as fotos de Gustavo e Deives estampavam o sorriso dos dois jovens que ainda tinham muita vida pela frente. O enterro do corpo será às 16h no Cemitério Municipal.
Amigos prestam homenagem durante velório
(Foto: Iara Lemos/ G1)

Investigação da tragédia
O delegado regional de Santa Maria (RS), Marcelo Arigony, afirmou em entrevista coletiva na tarde desta terça-feira (29) que a banda Gurizada Fandangueira utilizou um sinalizador mais barato, próprio para ambientes abertos e que não deveria ser usado em local fechado, durante o show na boate Kiss, em Santa Maria (RS). O equipamento teria provocado o incêndio que deixou 234 mortos na madrugada de domingo (27).

O delegado Marcelo Arigony elencou uma série de elementos que contribuíram para que a tragédia ocorresse, como falhas na iluminação de emergência, espuma inadequada para recobrir a danceteria, além de extintores irregulares.
Segundo Arigony, o extintor de incêndio que estava na boate e falhou quando os seguranças tentaram apagar o fogo pode ser falsificado.“Segundo testemunhas e provas preliminares, os extintores podem ser falsos, pois não estavam funcionando, não funcionavam direito”, disse.

Incêndio e prisões
O incêndio começou por volta das 2h30 de domingo (27), durante a apresentação da banda Gurizada Fandangueira, que utilizou sinalizadores para uma espécie de show pirotécnico.

Segundo relatos de testemunhas, faíscas de um equipamento conhecido como "sputnik" atingiram a espuma do isolamento acústico, no teto da boate, dando início ao fogo, que se espalhou pelo estabelecimento em poucos minutos.

Quatro foram presos nesta segunda-feira após a tragédia: o dono da boate, Elissandro Calegaro Spohr, o sócio, Mauro Hofffmann, e dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira, que fazia um show pirotécnico que teria dado início ao incêndio, segundo informações do delegado Sandro Meinerz, responsável pelo caso.

Em depoimento, Spohr afirmou à Polícia Civil que sabia que o alvará de funcionamento estava vencido, mas que já havia pedido a renovação.

O advogado Mario Cipriani, que representa Mauro Hoffmann, afirmou que o cliente "não participava da administração da Kiss".
Na manhã de segunda, outros dois integrantes da banda falaram sobre a tragédia. "Da minha parte, eu parei de tocar", disse o guitarrista Rodrigo Lemos Martins, de 32 anos.

Por meio dos seus advogados, a boate Kiss se pronunciou sobre a tragédia, classificando como "uma "fatalidade".

A presidente Dilma Rousseff visitou Santa Maria no domingo e decretou luto oficial de três dias. O comandante do Corpo de Bombeiros da região central do Rio Grande do Sul, tenente-coronel Moisés da Silva Fuch, disse que o alvará de funcionamento da boate estava vencido desde agosto do ano passado.

Também na tarde desta terça, outras informações importantes sobre o caso foram divulgadas:
1- Segundo a polícia, a banda Gurizada Fandangueira utilizou um sinalizador mais barato, impróprio para ambientes fechados;
2- há diversos indicativos de que a boate não deveria estar funcionando;
3- a Prefeitura de Santa Maria se eximiu de responsabilidade pelo incêndio;
4- o chefe do Estado Maior do 4º Comando Regional do Corpo de Bombeiros, major Gerson Pereira, recebeu uma ligação do governo do Estado e disse que foi "orientado a não falar com a imprensa".
5-  empresa entrega o gravador e diz que não foram feitas imagens do incêndio.

do G1 Rio Grande do Sul

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