Quando você sobe na balança e o peso não agrada ou aquela roupa maravilhosa não cabe mais, o desespero chega. Na ânsia de perder peso o mais rápido possível, vale tudo. Mas aí que mora o perigo. Algumas pessoas buscam equilibrar a alimentação e praticar atividades físicas para reverter as gordurinhas a mais. Outras, porém, não aguentam esperar. Para dar uma forcinha no processo de emagrecimento, acabam consumindo sem prescrição médica as fórmulas "mágicas". E o Brasil, ao lado de Argentina e dos Estados Unidos, está entre os países que mais usam moderadores de apetite em todo o mundo, de acordo com um relatório divulgado em Viena, na Áustria, no mês de fevereiro, com informações atualizadas sobre a produção, tráfico e consumo de drogas.
A endocrinologista e metabologista Rosina Erthal explica que esse uso é um problema sério de saúde pública. "Desde 1996, calculava-se que o Brasil usava 30 toneladas de anfetamínicos por ano. O controle deveria ser maior porque esses remédios podem trazem complicações", afirma. Mas, segundo a médica, o que mais preocupa é o uso associado de anfetamínicos com outras medicações, que potencializam os efeitos colaterais. "Somente os anfetamínicos podem causar: depressão, irritabilidade, dependência e intolerância, além de poder desencadear um quadro psicótico se o paciente tiver problemas no sistema nervoso. "Quando associados ao laxante e ao uso de hormônios tireoidianos, por exemplo, podem baixar o potássio e causar uma arritmia cardíaca. São inúmeros os efeitos colaterais", reforça.
Carolina quando pesava 117kg e depois da cirurgia de redução; além do efeito sanfona do remédio, ela tem casos de obesidade na família |
O remédio até deu solução na época, mas em nove anos ela passou de 56kg para 117kg. "Eu emagrecia, quando parava de tomar engordava 10 ou 20 kg por vez. Era um ciclo vicioso. E meu peso só aumentando. Quando parei realmente cheguei aos 117kg", lembra. Em 2008, a situação tornou-se insustentável e ela fez uma cirurgia de redução de estômago. Hoje, pesa 73kg e não quer saber de remédios para emagrecer. Controla o peso com alimentação, capoeira e caminhada.
Mas qual o motivo das pessoas buscarem tanto esses remédios? "O padrão de beleza que as mulheres querem atingir é o muito magro. Mas a única maneira de se manter magra é com dieta adequada e exercícios físicos. É sempre importante lembrar que os medicamentos são para fins médicos, não estéticos", frisa a doutora Rosina. Para fazer as pazes com a balança, é necessário ter disciplina.
Por conta própria
A gravidez trouxe 26 kg a mais a estudante Natália Lima, 19 anos. Ela, que já tinha usado o medicamento antes, voltou a tomar. "Como eu não tinha muito leite, amamentei apenas um mês e não perdia peso. Resolvi tomar sibutramina por conta própria. Compro com um conhecido. Tenho um pouco de insonia e a boca fica seca. Se deixar fico o dia inteiro sem me alimentar, tira completamente o apetite. Já perdi 19 kg em quatro meses. Mas o que quero mesmo é chegar ao meu peso para manter com caminhada e exercícios", planeja.
Álcool
"Não deve ser consumido em conjunto com esses medicamentos. Normalmente, essas drogas potencializam os efeitos do álcool porque ambos atuam no sistema no nervoso central", afirma a endocrinologista Rosina. Sem contar no valor calórico do álcool que é alto.
Como os remédios agem no organismo
De acordo com o endocrinologista Alcary Simões, esses medicamentos absorvem muita água e dá a impressão de saciedade. "Faz uma queima como se a pessoa tivesse com a tiroide alta. Causa um hipertiroidismo artificial. Se o paciente tiver algum problema de coração, pode acelerar o batimento cardíaco. Outro problema é o efeito rebote - depois que para de ingerir, engorda o que perdeu e ainda mais alguma coisa. Isso acontece porque esses medicamentos costumam mudar o centro cerebral de regulagem do peso", explica o médico.
Os anfetamínicos agem no hipotálamo - centro da fome. Já a sibutramina age no centro da saciedade.
(Jornal A Gazeta de 16/03/2009)
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