sábado, 17 de março de 2012

Páscoa mistura Bíblia a rituais pagãos

Principal festa do calendário cristão, Páscoa mistura Bíblia a rituais pagãos
Troca de ovos, comum no período, é a adaptação de um ritual pagão. Católicos, evangélicos e judeus fizeram mudanças em sua forma de comemorar a ressurreição de Jesus Cristo

Peixe no prato dos católicos, ervas amargas e cordeiro no cardápio dos judeus, uma missa com todas as luzes do templo apagadas e cada fiel segurando uma vela para os católicos ortodoxos e a recomendação de repensar práticas e ações para os evangélicos. A Páscoa é celebrada de diversas maneiras pelas diferentes religiões, e significa a ressurreição de Jesus Cristo.

No dia santo mais importante da religião cristã, muitos utilizam até mesmo rituais pagãos, como a tradição de trocar ovos de chocolate, que não aparece na Bíblia mas foi herdada de povos que adoravam Ostera, a deusa da Primavera, na Idade Média.

A comunidade judaica, por exemplo, segue à risca o Velho Testamento e atribui às festividades somente a libertação de seu povo. Os cristãos têm na ressurreição de Cristo o principal motivo para comemorar a data. Algumas denominações evangélicas concentram suas comemorações no domingom com cultos e consumo de ervas amargas também.


Outras celebram partilhando pão e vinho. É assim na igreja Presbiteriana do Brasil comandada pelo pastor Ronildo Soares. Ele explica que na igreja em que prega não existe uma característica específica de comemoração e que algumas denominações realizam a Páscoa todas as semanas. "Quando você reparte o pão e toma o cálice, de certa forma você está comemorando a páscoa. Essa frequência varia de igreja para igreja. Aqui é uma vez por mês", explica.


Sobre o jejum (proibição de comer carne vermelha no período da Páscoa ou realizar a Quaresma), o pastor diz que os fiéis têm liberdade para escolher. "Em relação a isso, a igreja não impõe restrições. Nosso esforço é mais espiritual. Temos sempre que repensar algumas práticas e ações, além de orar sempre", relata.

O teólogo e professor de Filosofia Vitor Rosa Nunes reforça que a Páscoa comemorada no dia 24 de abril é cristã, e que muitas especificidades do período são características católicas. "A ênfase destas celebrações ao longo da semana, principalmente na quinta-feira santa, na sexta-feira da paixão e no sábado da vigília, além do próprio domingo de páscoa, são específicos da igreja católica",  pondera.

Sobre a comemoração entre os judeus, o professor Vitor Rosa destaca algumas características próprias deste povo.  "O consumo de ervas amargas, de carne de cordeiro, do vinho, além de outras práticas. Existe todo um ritual celebrativo a maneira judaica", explica.

As origens, é bom lembrar, estão na festa hebraica chamada de Pessach, palavra que significa "passagem". Diferentemente do cristianismo, o judaísmo não celebra a ressurreição de Cristo, mas a história da libertação dos judeus da escravidão no Egito contada no Antigo Testamento. Apesar da diferença de significado, o nome da festa cristã é semelhante ao da judia porque a Paixão aconteceu na mesma época em que se comemorava a Pessach, mas elas dificilmente caem na mesma data. Jantares marcam as duas primeiras das oito noites da celebração dos judeus.

A data em que a Páscoa é comemorada ficou definida no primeiro concílio de Niceia, no ano de 325 d.C, onde a celebração seria no primeiro domingo após o aparecimento da lua cheia, na estação da primavera no hemisfério norte e no outono no sul. (LEONARDO QUARTO - GAZETAONLINE)

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