Jovem de 18 anos que disse ter matado 27 pessoas, queria 30 crimes

Leonardo, que disse ter matado 27 pessoas, queria 30 crimes, como "Neguinho da 12"

Leonardo foi preso em Vila Velha, no último domingo

"Eu queria matar 30 pessoas igual ao Neguinho da 12". A frase foi dita à polícia pelo jovem Leonardo Damasceno, o Leozinho, que afirmou ter assassinado 27 pessoas antes de ter completado 18 anos. O rapaz é suspeito de liderar uma quadrilha de tráfico de drogas e foi preso no último domingo, na Grande Terra Vermelha, em Vila Velha, carregando uma pistola calibre 380.

O Neguinho da 12, citado por Leozinho, chamava-se Diego Santos de Souza. Ele foi morto no ano passado aos 18 anos. Era acusado de ser líder de uma das quadrilhas de tráfico que atuavam em Primeiro de Maio, Vila Velha. Também era suspeito de ter assassinado várias pessoas e ficou conhecido quando afirmou ser fácil escapar da Unidade de Internação Socioeducativa (Unis), de onde fugiu três vezes.

Confissões

Apesar de Leozinho - que completou 18 anos em setembro passado -, assumir a autoria de 27 homicídios, o delegado José Lopes diz que nem todas as vítimas dele morreram.

"Começamos a fazer um levantamento, e algumas pessoas que ele afirma ter matado foram baleadas, mas sobreviveram. Mas ele é suspeito porque confessou detalhes dos homicídios, como local, tipo de arma utilizada, nome das pessoas ou mesmo a descrição", diz o delegado.

A motivação, na maior parte dos crimes, seria a disputa pelo comando do tráfico de drogas em alguns bairros de Vila Velha, segundo Lopes. No entanto Leozinho também teria demonstrado frieza ao se referir a algumas vítimas. "Ele disse que matou porque a pessoa havia atravessado o caminho dele e que também teria mexido com ele e com uma mulher", conta o delegado.

Apesar de os assassinatos confessados por Leonardo Damasceno a princípio terem ocorrido antes de o rapaz completar 18 anos, ele já estava sendo procurado pela polícia devido a um mandato de prisão pelo crime de associação ao tráfico de drogas, que pode mantê-lo preso por até cinco anos. Além disso, o jovem teria cometido duas tentativas de homicídio após alcançar a maioridade. "Há testemunhas em um dos crimes. A tentativa prevê pena de dez a 30 anos de prisão, mas é passível de redução", acrescenta José Lopes.


"Ele era educado e ajudava a mãe", dizem vizinhos

Um garoto trabalhador, educado, que ajudava a mãe. Essa é a descrição que ex-vizinhos fazem de Leonardo Damasceno, o Leozinho, rapaz que assumiu para a polícia ter matado 27 pessoas. Por ter essa impressão do jovem, moradores do bairro em que vive até hoje a família dele receberam com surpresa a notícia da confissão de tantos crimes.

O jovem cresceu em Vila Velha - cidade em que foi preso no domingo -, num bairro de periferia. O local não será identificado para preservar a família do suspeito. Atualmente, Leozinho não morava com a mãe, o irmão mais novo - de 15 anos - e o padrasto. Abalada, a mãe do rapaz não quis falar sobre o filho.

Já vizinhos lembravam como era o rapaz: "Ele ajudava a mãe dele numa barraquinha de comidas típicas e gostava do que fazia. Algumas vezes, depois de trabalhar, ele dizia que já havia conseguido garantir o jantar da mãe e do irmão. Sempre foi muito educado. Mesmo depois que entrou para o crime, vinha visitar a mãe e cumprimentava todo mundo", conta uma vizinha.

Outro morador acredita que o rapaz teria se deixado levar por más companhias. "Ele fazia de tudo para se virar: cortava capim, entregava gás, cuidava de cavalos e vendia comida na praia. Mas acabou se metendo com o tráfico. Já vi uns rapazes armados atrás dele em uma das vezes em que ele saiu da Unis."

A história da família é triste. O irmão mais velho de Leonardo foi assassinado há quatro anos. "Tinha 20 anos e era viciado em drogas. O corpo foi encontrado num valão, perto do Terminal de Vila Velha", diz outro vizinho.

A Gazeta