terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Assembleia de Deus: dízimo vai parar na conta de pastores


A polícia está investigando um possível desvio dos recursos provenientes do dízimo da Assembleia de Deus da Serra-Sede. A unidade, que é responsável por 82 templos, chega a arrecadar R$ 115 mil por mês. Até agora, segundo a polícia, já foi comprovado que os valores estavam sendo depositados nas contas pessoais de pastores. As denúncias apontam ainda para o enriquecimento ilícito do pastor-presidente da igreja, Délio Nascimento, que teria patrimônio superior a R$ 6 milhões.

O caso está sendo investigado pela Delegacia de Defraudações e Falsificações. Segundo o delegado Gilson Gomes, a polícia apura se os valores depositados nas contas do pastores foram de fato desviados. “Se as informações forem configuradas, isso se caracteriza como apropriação indébita”, disse.

A denúncia, também protocolada no Ministério Público Estadual, aponta para outras irregularidades. Entre elas, a compra de carros e a venda de imóveis envolvendo o nome da igreja. Revela também um volume de dívidas, no nome da igreja, que gira em torno de R$ 350 mil.

Depoimentos


Nesta segunda-feira (27), três pastores prestaram depoimento na delegacia. Um deles é o tesoureiro da igreja, Amazildo Gonçalves dos Santos, que confirma ter recebido, nos últimos seis anos,  depósitos de dízimos em sua conta. O valor, segundo ele, totalizaria R$ 800 mil. Seu argumento é de que os recursos serviram para cobrir despesas que fazia em nome da instituição. “Como a conta da igreja estava inativa, acabava pagando as despesas com meu cheque”, argumenta.

O segundo tesoureiro, o pastor Henrique Gonçalves, confirmou ter feito depósitos na conta de Amazildo. Segundo o texto do seu depoimento, isso aconteceu após “receber uma ligação em que ele alegava ter emitido alguns cheques que precisavam ser cobertos”.

Gonçalves acrescentou que tudo foi feito com anuência do pastor-presidente da igreja, Délio Nascimento. “Fiz tudo cumprindo ordens quando assumia a primeira tesouraria na ausência do Amazildo”, afirmou.

Já o pastor Francisco Alves Feitoza diz que, durante um ano e dois meses, fez vários depósitos na conta de Délio Nascimento e na  de Amazildo. “Foram vários depósitos, mas não me recordo do montante”, assinalou ele,  em depoimento.

Preocupado com a denúncia, que classificou como infundada, o pastor Délio Nascimento, se defendeu, citando o caso de desvio de dízimos ocorrido na Igreja Maranata e denunciado com exclusividade pela Rádio CBN e A GAZETA : “A igreja tem uma gestão nada parecida com a da Maranata. Abro todo o sigilo financeiro”, disse.

Nascimento foi categórico ao descartar qualquer irregularidade na Assembleia que administra. Afirma que as contas particulares eram emprestadas para cobrir as despesas da igreja. “Não trabalhamos com gestão centralizada. Cada pastor é responsável por sua igreja”, frisa Délio, que deve prestar depoimento nos próximos dias.

O assunto também será avaliado pela Convenção das Assembleias de Deus no Estado (Cadeeso), que dá as diretrizes a todas as unidades no Estado. O primeiro vice-presidente da Cadeeso, pastor Arnaldo Candeias, adiantou que não há orientação para que o depósito de dízimo seja feito em contas particulares. “Nunca vi isso em lugar nenhum. Todas as igrejas devem ter suas próprias contas”, ressalta.


Convenção da Assembleia de Deus pode intervir em templo sob suspeita


A Assembleia de Deus da Serra-Sede sofrerá uma intervenção se as investigações da polícia confirmarem que houve desvio de recursos provenientes do dízimo. A afirmação é do segundo vice-presidente da Convenção das Assembleias de Deus no Estado (Cadeeeso), pastor Ozéias de Moura.

O caso está sendo investigado pela Delegacia de Defraudações e Falsificações. Até agora, segundo a polícia, já foi comprovado que os valores estavam sendo depositados nas contas pessoais de pastores. As denúncias apontam ainda para  enriquecimento ilícito do pastor-presidente da igreja, Délio Nascimento, que teria patrimônio superior a R$ 6 milhões.

Esclarecimentos

Nos próximos dias, Délio Nascimento e o primeiro tesoureiro, Amazildo Gonçalves, serão convocados a prestarem esclarecimentos à  Cadeeso. Moura adianta que o ato de depositar o dízimo em contas particulares de pastores é completamente reprovado pela convenção.

Todas as igrejas, segundo Moura, têm independência administrativa, e a convenção sempre orienta os pastores a agirem de forma transparente. "Nenhum pastor tem autorização para fazer uma coisa dessa. Isso é totalmente reprovado por nós", destacou o vice-presidente da Cadeeso.

Moura afirma que, apesar de esse ter sido um caso isolado, as denúncias arranham a imagem da Assembleia de Deus. "Todo escândalo nos preocupa. Nossa igreja é muito séria. É a maior em evangélicos no Estado e no país", diz.

Nesta quinta-feira (01) o assunto será discutido na reunião da diretoria da Cadeeso.  Moura adianta que a entidade vai emitir comunicado aos pastores, reforçando as orientações quanto à movimentação financeira da igreja.

A orientação, destaca o pastor, foi sempre a de que cada unidade tivesse sua própria conta bancária, acompanhada por um comitê gestor. "Agindo com transparência e lisura com os fiéis", destaca.

A denúncia, também protocolada no Ministério Público Estadual, aponta para outras irregularidades. Entre elas estão a compra de carros e a venda de imóveis envolvendo o nome da igreja. Revela também um volume de dívidas no nome da igreja em torno de R$ 350 mil. 
Pastor: denúncia afeta todas as igrejas

O dízimo doado por fiéis é destinado a manutenção das igrejas, para a evangelização e obras sociais. Por este motivo, afirma o pastor Álvaro Oliveira Lima, é preciso ter “responsabilidade e cuidado com a administração destes recursos”. Lima é presidente de uma das convenções de Assembleias de Deus no Estado, a Cemades.

Destaca ainda que a situação se torna mais grave por se tratar de um Ministério onde os fiéis, em sua maioria, são moradores de áreas de áreas carentes e com baixa renda. “São pessoas sacrificadas, mas  que não deixam de contribuir com o dízimo”, pontua.


Embora a igreja que vem sendo alvo de denúncias, localizada em Serra-Sede, não seja vinculada à Cemades, Lima destaca que todas as Assembleias foram afetadas. “É lamentável. Isso não poderia ter acontecido. A igreja é pública, pertence a todos”, destaca o pastor.



Letícia Cardoso
Rádio CBN Vitória (93,5 FM)
Vilmara Fernandes


Fontes: Rádio CBN e A GAZETA

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