sábado, 9 de abril de 2011

Massacre na escola: a história das 12 crianças que tiveram os sonhos interrompidos

Sonhos interrompidos
As doze vítimas do massacre no Rio de Janeiro não terão mais a chance de namorar, estudar e crescer

foto: Marcos de Paula/AE

Homenagem às vítimas na Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, Rio de Janeiro
foto: Divulgação

Samira Pires Ribeiro, 13 anos


Na quinta-feira, o menino que Laryssa, 13 anos, paquerava na escola preparava uma surpresa para a garota. Na véspera, os dois haviam discutido, mas ele queria fazer as pazes. "Pretendia pedir ela em namoro. Ela ia aceitar, porque também gostava de mim", conta. Não houve tempo. Pouco depois de chegarem à escola, Laryssa estava morta.

Sobraram 66 balas


O menino, de 14 anos, não consegue esquecer a cena. "Vi a Laryssa sair
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Rafael Pereira da Silva, 14 anos
correndo da sala. Mas quando ela chegou na porta, voltou. Foi quando o garoto deu um tiro na cabeça dela", disse o menino, chorando. Laryssa teria voltado para pegar a mochila, alheia à crueldade do atirador Welington de Oliveira Menezes, 24 anos. Não houve tempo.





Não houve tempo também para Karine, 14 anos, participar da competição de atletismo no final de semana; para Igor, de 13, se tornar o jogador de futebol que sonhava ser; e para Luiza, 14, que queria ser modelo, brilhar nas passarelas.



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Milena Nascimento, 14 anos
Os tiros na escola municipal Tasso da Silveira, em Realengo, no Rio de
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Luiza Paula Machado, 14 anos
Janeiro, levaram embora esses e outros sonhos. Como a super festa de debutante que Larissa Atanásio, de 13, já planejava desde já.



Ou o futuro que Mariana, de 12, que adorava estudar, esperava ter. Ela, que gostava de sentar nas primeiras fileiras de cadeiras da sala, foi uma das primeiras a ser atingida pelos tiros. Brenda, de 13, escapou por pouco. Levou tiros nos braços, mas viu a irmã gêmea Bianca morrer com um tiro na cabeça.

Para todos eles, não haverá tempo para namoro, dança, música, futebol, festas ou faculdade. O plano de "virar gente grande" foi interrompido por mais de 60 tiros disparados na sala de aula. Difícil é entender como isso pôde acontecer.


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Mariana de Souza, 12 anos
Karine Lorraine Chagas de Oliveira, 14 anos:

Cursava o oitavo ano. Adorava esportes - fazia atletismo e iria participar de
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Géssica Guedes Pereira, 15 anos
uma competição no final de semana - e era muito vaidosa. Desde pequena era criada pela avó. Era botafoguense, mas gostava do jogador Neymar.



Rafael Pereira da Silva, 14 anos:
Gostava de rock e queria trabalhar com informática. O instalador de som Carlos Maurício Pinto, 38 anos, contou que passou a cuidar de Rafael depois que sua sogra, que o havia adotado com poucos dias de vida, morreu. "Ele estava tirando o CPF para trabalhar como menor-aprendiz, em uma rede de supermercados", contou Wagner Assis da Silva, de 35 anos, irmão de Rafael.



Milena dos Santos Nascimento, 14 anos: 
Gostava de atuar e de cantar e queria ser artista. Duas irmãs de Milena, Tainá, 14 anos, e Helena, 12, são alunas da escola e presenciaram o
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Karine Lorraine de Oliveira, 14
massacre. Tainá escapou porque foi trancada dentro da sala de aula por um professor, e Helena se refugiou em um auditório, cuja entrada foi bloqueada por uma barricada.



Mariana Rocha de Souza, 12 anos:

Única menina de uma família de quatro irmãos, adorava estudar, ser
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Ana Carolina Pacheco, 13 anos
fotografada e era vaidosa. Segundo a tia Rose, a menina era o xodó da família. Ela sentava na primeira fila, perto da porta e deve ter sido uma das primeiras a ser atingida. Um dos irmãos, de 9 anos, ouviu os tiros e fugiu para o terceiro andar.



Larissa dos Santos Atanásio, 13 anos:

Era uma menina brincalhona, que adorava ir ao colégio. A família já preparava a festa de debutante, que ia acontecer em dois anos.



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Igor Moraes da Silva, 13 anos
Bianca Rocha Tavares, 13 anos:

Morreu após levar um tiro na cabeça. A irmã gêmea, Brenda, que levou tiros nos braços, conseguiu se salvar.



Luiza Paula da Silveira Machado, 14 anos:

Sonhava em ser modelo fotográfico. "Ela adorava tirar fotos e colocar no Orkut", contou a tia Cristiane da Silva Machado Gomes. Luiza era fã de Ivete Sangalo, fazia aulas de inglês e adorava ir à academia de ginástica.



Laryssa Silva Martins, 13 anos:

O pai da menina, o motorista aposentado Clóvis Martins, de 56 anos, recebeu a notícia e correu para a escola. Morador das imediações, chegou a tempo de ver a filha ensanguentada caída no chão. Mas só se deu conta de que a garota já havia morrido quando a pegou nos braços e não sentiu sua respiração.



foto: Divulgação

 Bianca Rocha Tavares, 13 anos
Géssica Guedes Pereira, 15 anos:

Passou sua última noite nos braços da mãe, Suely Guedes. Embora não fosse costume da família, a dona de casa acabou dormindo com a menina em seu quarto a pedido de uma das duas irmãs de Géssica.



Samira Pires Ribeiro, 13 anos:

Gostava de conversar e bater papo com os amigos na rua. Morava perto do colégio, e era uma das melhores amigas de Larissa dos Santos Atanásio.



Ana Carolina Pacheco da Silva, 13 anos:

Era a segunda filha de uma família de cinco irmãos. Morava a dez minutos do colégio, de onde ia e vinha sozinha. No dia da tragédia, estava sem celular e a família, que ficou sabendo da tragédia pela televisão, chegou a dar queixa de desaparecimento da menina. Foi a última a ser reconhecida.



foto: Divulgação

Larissa dos Santos, 13 anos
Igor Moraes da Silva, 13 anos:

Morava a poucos quarteirões da escola e sonhava ser jogador de futebol. Treinava na escolinha Roberto Dinamite, do Vasco. Amigos do condomínio fizeram uma homenagem na porta da escola. "Aí, mlk (sic), Que você descanse em paz", dizia a carta que deixaram abaixo da placa com o nome do Igor.



"Ouvi muitos tiros. Fiquei embaixo da mesa. Eu só queria estudar. Só quero ser alguém na vida. Meu irmão queria ser jogador de futebol"
Eduardo Moraes da Silva, 11 anos, irmão de Igor Moraes, de 13 anos, vítima do atirador


"Eu a chamava de princesinha. Ela gostava muito de ir à escola, eu dava duro com ela para que fosse alguém na vida quando crescesse. Agora fica difícil,
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Laryssa Silva Martins, 13 anos
como vai ser a minha vida no aniversário dela, no Natal? Cada palavra de alento é como e fosse uma punhalada. Não quero que nenhum pai passe pela dor que estou sentindo"

Raimundo Freitas da Silva, militar reformado, pai de Ana Carolina Pacheco da Silva, de 13 anos, uma das vítimas do atirador









"Entrei na escola e vi meu filho com um tiro na cabeça desmaiado em cima de uma maca sendo levado. Fui atrás da minha filha e a encontrei no terceiro andar. Prometi cuidar dele até que pudesse andar com as próprias pernas, mas não consegui cumprir a minha promessa"
Carlos Maurício Pinto, 38 anos, pai de Rafael Pereira da Silva, de 14 anos, vítima do atirador



Fonte: A Gazeta

Um comentário:

  1. Que Deus conforte os coraçoes desses pais que estao sofrendo , e que essas crianças descanse em paz , pq o autor desse crime bárbaro , ja está pagando pelo seu pecado , sentadinho no colo do CAPIROTO . . . (monstro)

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