domingo, 5 de dezembro de 2010

Capixabês. A Maneira capixaba de falar vai além do sotaque

O "capixabês", para você, é feito apenas de expressões como "pocar", "gastura", "iá" e "taruíra"? Pois saiba que não é só isso, não. Nossa maneira de falar é, sim, diferente das outras, mas vai muito além do vocabulário cheio de gírias e palavras que só a gente entende.

Você pode nem ter percebido, mas as frases acima contém marcas linguísticas que são específicas de quem mora em Vitória. Parece natural, mas usar "você" mais do que "cê" e "tu", negar duas vezes em uma mesma frase, não utilizar artigos antes de nomes de pessoas ou de pronomes possessivos - como "nossa maneira de falar" em vez de "a nossa maneira de falar" -, e usar "a gente" no lugar de "nós" é típico do capixaba.
Tela do artista Marcus Nati (50X40, óleo, 2008)

Essas e outras descobertas foram feitas por um grupo de professores e estudantes de graduação e mestrado do Departamento de Letras, da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). A coordenadora do projeto, Lilian Coutinho Yacovenco, explica que, em muitos casos, as normas linguísticas dos capixabas são semelhantes às dos nordestinos.

"O uso do imperativo e a supressão do artigo nas frases são alguns exemplos. Ninguém fala: ?Diz aí? ou ?venha aqui?, mas sim ?diga aí? e ?vem aqui?. Também não dizemos ?vamos à casa do fulano?, mas ?vamos à casa de fulano?", exemplifica. As diferenças de sotaque, porém, continuam sendo grandes. "O que nós analisamos é a construção das frases e a forma como nos expressamos ao falar", diz.

A pesquisa teve início em 2000 e usou como base 46 entrevistas realizadas com homens e mulheres de Vitória, divididos por faixa etária e níveis de escolaridade.

Vídeo
Mas não é só entre os estudantes de Letras que o assunto desperta interesse. Um grupo de alunos de Publicidade, também da Ufes, fez um vídeo para falar das características do capixaba de forma engraçada. Intitulado "Homo capixabensis", o vídeo tem mais de 22 mil acessos na internet - um sucesso capixaba que brinca com nossos hábitos utilizando a linguagem dos documentários das TVs americanas.

"Lembramos os lugares mais frequentados, como a Rua da Lama e o Triângulo, em Vitória, a moqueca e até o jeito antipático que temos para não precisar cumprimentar os outros", conta uma das realizadoras do vídeo, Luiza Maciel, 20 anos.
Raio, no Norte, é corisco..
Contrariando a máxima de que o capixaba não tem um jeito próprio de falar, a professora do Programa de Pós-graduação em Linguística da Ufes, Catarina Vaz Rodrigues, está à frente de uma outra pesquisa que pretende mostrar as diferenças de vocabulário entre quem mora nas diversas regiões do Estado.

Diferenças
A pesquisa vai resultar na elaboração do Atlas Linguístico do Espírito Santo. Para isso, Catarina já percorreu 35 municípios, na zona rural, e ouviu mais de 70 pessoas. Nas visitas realizadas, ela descobriu, por exemplo, que o nome que se dá ao feixe de luz que sai das nuvens durante a chuva, no Norte, é corisco ou faísca. Já no Sul, chama-se raio ou relâmpago.

"A taruíra, que é considerada uma palavra bem capixaba, de fato aparece em todas as regiões. Isso prova como o Estado possui, sim, marcas linguísticas próprias, mas também é bastante heterogêneo, como outros Estados também são", diz. A influência nordestina, segundo ela, também aparece no vocabulário. Muitas palavras utilizadas no Norte do Estado vieram da Bahia.(A GAZETA, Priscilla Thompson



Expressões

1 – “Qual é!?!” – Utilize para cumprimentar alguém, como se fosse dizer “como vai!?!”. Não se preocupe. Caso você use outras formas como “olá”, “ei” e “oi” você será compreendido!


2 – “Dar Tilt” – Também conhecido como estragar, não funcionar. Se o ar condicionado do seu quarto de hotel, o frigobar, o telefone, a lâmpada ou qualquer coisa que possa não funcionar, realmente não funcionar, é porque “deu tilt”. Provavelmente a pessoa que for concertar te falará isso. Então, não se assuste, não é nenhum termo técnico.


3 – “É ruim, hein!” – Se você ouvir essa frase, entenda que é um “não” e evite discutir. Esta frase é uma das poucas construções do capixabês que ao invés de fazer economia silábica aumenta consideravelmente o número de sílabas. Isso significa que é ‘Não mesmo’!


4 – “Deixa eu falar” – É assim que os capixabas iniciam frequentemente suas falas. Não que as pessoas aqui não costumem ouvir umas às outras. Isso não é necessariamente um pedido de permissão, e sim um costume. Você não precisa iniciar suas frases assim. Entenda apenas que a pessoa tem algo a dizer!


5 – “Sem doce” – Essa é simples. É a mesma coisa que sem açúcar. Qualquer uma das duas formas que você usar será compreendido!


6 – “Massa” (expressão) – Tudo que é legal, supimpa, D+ ou um barato, para capixaba “é massa!!”. Cuidado que essa moda pega! Muitos turistas vão embora achando tudo “massa d+” (parece redundante, mas usa-se o termo assim também).


7 – “Ir pros Rock” (expressão) – sair à noite, ir para festas, shows, pagode, samba, axé, forró … tudo é rock na vida social capixaba. Se quiser convidar alguém para sair, essa é uma expressão muito boa de se usar, mas… procure especificar que tipo de rock, assim como é bom procurar saber qual o rock para o qual estão te convidando.


8 – “Bahianada” – nada contra os baianos, mas… cometeu infração no trânsito capixaba, é baianada. Use sempre que precisar dar uma ré, ou contornar em local proibido. Às vezes, até um guardinha pode te orientar “faz uma bahianada ali e entre na próxima rua” quando você pedir uma informação.


9 – “Palha” (expressão) – use sempre que não achar algo legal. Se foi sem graça, foi palha. Se quiser enfatizar, pode usar no formato “mó palha” (mó = muito).


10 – “Pocar” – verbo mais famoso das terras capixabas. Nossa bandeira devia ter “Trabalha, Confia e Poca” ao invés de só “Trabalha e Confia”. Estourou ou quebrou algo… pocou! Ex: pocar bola. Se alguém disser “vou te pocar” você deve “pocar fora”. “Pocar fora” é uma construção mais elaborada, que foge ao sentido de estouro, aproxima-se mais de sair correndo, picar a mula ou dar no pé.


11 – “Catar” – Se ouvir essa palavra, segure bem a bolsa, proteja a carteira e tudo mais. Catar é sinônimo de roubar.


12 – “Buzão” – nosso transporte coletivo de cada dia, também conhecido como ônibus. Mas é só para os íntimos, então, se não se sentir íntimo, não fale assim porque soa falso.


13 – “Injuriado” – esta você usa quando se irritar, ficar bravo ou estressar com algo.


14 – “Sentir Gastura” – isso é só para capixaba. Nada de agonia, aqui a gente sente é gastura. Se arranharem o prato com o garfo, passarem a unha no quadro negro ou arrastarem a cadeira no piso, na terra da moqueca dá a maior gastura. (Só de pensar eu já senti!)


15 – “” – interjeição de surpresa, mas não aquela coisa exagerada. Ficou sabendo de uma novidade? “Iá! é verdade?” Descobriu que estava errado? “Iá! Pensei que era assim!”. Deu para pegar?? Iá!! É fácil mesmo! rsrsr


16 – “Saltar” – Ato de descer do ônibus ou outro veículo. Use para se informar em que ponto deve descer do ônibus. Mas não leve tão a sério a palavra. Você não precisa descer dando pulinhos, basta descer.

Objetos, comidas e afins


1 – “Sinal” (de trânsito) – É também conhecido em diversos locais como semáforo. Apesar de os capixabas (boa parte deles) saberem o que é semáforo, dê preferência ao uso da palavra ‘sinal’. As cores são as mesmas, só o nome que muda.


2 – “Pão de Sal” – use sempre que quiser um pão francês, ou você terá que ouvir a moça do balcão dizer “o que? … ah ta … pão de sal!”.


3 – “Mexerica” – É aquela fruta laranja, suculenta, com gomos. Alguns lugares chamam de tangerina ou bergamota, porém se você pedir uma dessas duas, não conseguirá muita coisa em terra capixaba!


4 – “Transcol” -  É o ônibus que utilizamos na grande Vitória. Faz viagens de uma cidade para outra (entre Vitória, Vila Velha, Cariacica e Serra) ou dentro da mesma cidade. São ônibus de cor amarela ou azul. Essa é uma informação valiosíssima para quem quer fazer pequenas viagens a R$1,90 na Grande Vitória, podendo ou não ter conforto.

Quem for de outras terras e já tiver se deparado com a nossa linguagem capixaba pode postar no comentário alguma outra expressão diferente do restante do Brasil! Agradecemos contribuições para o enriquecimento deste Guia de utilidade ao turista!!





29 comentários:

  1. Na região Serrana, para saber quais as pessoas que irão a um determinado evento, fazem a seguinte interrrogação:
    Quem tudo vai? ao inves de quem vai?

    Em cachoeiro de Itapemirim, os horarios de ònibus são definidos da seguinte forma:
    Hora certa;
    hora e quinze;
    hora e trinta;
    quinze para hora.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. putz! isso é verdade! eu sou de Cachoeiro e falo assim tb kkk

      Excluir
    2. Verdade, kkkkk.... Engraçado é que quando perguntamos a hora e a pessoa responde "hora e 15", nós entendemos que horas são. Que estranho isso, rsrrs!

      Excluir
    3. Verdade!
      Eu sou de cachoeiro tambem.
      Acho que somos meio bruxos tbm, porque só ouvimos "hora e cinco, hora e quinze, quinze pra hora" a sabemos que horas são.
      hahahahaha

      Excluir
  2. esse texto é massa,já só de ler o texto já estou querendo falar capixabês pra mim ter sotaque é um motivo de saber quem é da nossa cidade,quem é turista isso torna mas facil, e eu moro na divisa de minas,e esso é massa falamos com sotaques capixa e mineiro uai isso não é massa?

    ResponderExcluir
  3. na região da grande vitória qualdo qlguém implica com agente ou fala alguma coisa que injuria, agente não manda ir tomar naqueles lugares, não. agente diz:"vai cagar no mato"

    ResponderExcluir
  4. Aqui na região de Barra de São Francisco para exclamação o pessoal fala.

    "Eeehhnnnn! Atolo! rsrsrsrsrs

    ResponderExcluir
  5. Aqui em Ecoporanga usa se muito Leras "tempo" tipo -faz leras que não a vejo! ou quando é muito tempo -faz leras e leras!

    ResponderExcluir
  6. Luiz Barbosa 10/02/2013

    Tenho observado a produção local dessas expressões, um tanto comum em todo o Estado, incliusive na zona rural.
    Exemplo:Carambola ( não é fruta )
    Humm fedeu ( não é mau cheiro )

    ResponderExcluir
  7. No município de Marilândia algumas das nossas expressões emprestadas do italiano, como:
    Para surpresa, espanto, queixa "ma dio santo!"
    Para xingar o mais comum é "pórco canni" (não é um palavrão ofencivo, e sim de reclamação)
    para se referir a uma senhora muito idosa, a gente fala "noninha" ou "nona", por exemplo: "tchó! olha lá aquela noninha na cadeira de balanço!"
    Mas além das expressões em italiano, nós usamos todas essas q vc comentou, quase morri de rir, principalmente na parte do pocar, essa é a palavra q nós mais usamos aqui.

    ResponderExcluir
  8. Eu não uso o massa, baianada, palha e nem o iá.

    ResponderExcluir
  9. Ainh, aqui em Cachoeiro quando um texto é bom mesmo, como esse que acabei de ler, dizemos "Pô mó pakas".

    ResponderExcluir
  10. "Mó pakas" ou "Massa" Isso em Cachoeiro

    ResponderExcluir
  11. Tem a expressão "Tá doido", que quer dizer: nem pensar, não quero nem pensar nisso ou não diga isso; muito utilizado na região da Grande Vitória.

    ResponderExcluir
  12. Capixaba fala "Vão" ao invés de "Vamos".

    ResponderExcluir
  13. Tem também as expressões "Nossa Senhora", "bicho" e "pão doce".

    ResponderExcluir
  14. Esse "Iá" eu nunca usei e nunca ouvi ninguem usar, vai ver aqui em cachoeiro não chegou essa expressão ainda hahahahah
    Mas falamos muitas coisas que só a gente entende, como muitos citaram acima.
    E eu recém voltei de uma viagem de 3 meses no interior de SP, então imagina com esta a minha cabeça de sotaques a palavras estranhas.
    hahahahah

    ResponderExcluir
  15. Parece que todo mundo esqueceu das mais usadas como: num tem, fala pra nós e não garra não.

    ResponderExcluir
  16. Parece que se esqueceram de: fala pra nós, num tem, num garra não...

    ResponderExcluir
  17. Moro em Iúna. Tenho orgulho de ser capixaba. Aqui não falamos esss 'iá', não tenho ideia de quando deve-se usá-lo rsrs mas o bicho, massa, palha, pocar e 'deixa eu te falar' ou 'deixa eu te perguntar' usamos muito.

    ResponderExcluir
  18. Aqui em Boa Esperança, se você nao entendeu algo é so ABIXIM? E a pessoa vai te explicar tudo de novo. ABIXIM = Como assim?
    Se alguém fez algo que você não gostou você fala "Atolo, cê é doido?" e a pessoa para na hora kkkk

    ResponderExcluir
  19. Ia falo direto e expressao de vitoria.mesmo dos capixabas da gema

    ResponderExcluir
  20. Ia falo direto e expressao de vitoria.mesmo dos capixabas da gema

    ResponderExcluir
  21. Sou de Campos Rj, aqui nosso sotaque é mais próximo do capixaba do que o carioca, falamos a maior parte dessas expressões, inclusive "num é?" que não foi citada!

    ResponderExcluir

Fique a vontade para comentar, só lembramos que não podemos aceitar ofensas gratuitas, palavrões e expressões que possam configurar crime, ou seja, comentários que ataquem a honra, a moral ou imputem crimes sem comprovação a quem quer que seja. Comentários racistas, homofóbicos e caluniosos não podemos publicar.