sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Número de evangélicos dobra na última década no Espírito Santo

Em 2000, total de protestantes no Espírito Santo chegava a 850 mil; hoje já ultrapassa, 1,6 milhão


O número de evangélicos que vivem no Espírito Santo dobrou na última década: em 2000, eram 850.442 mil pessoas, e neste ano o total chegou a 1,67 milhão. O dado é um dos principais resultados apontados pela pesquisa Comunhão 2010, realizado pela Next Editorial/Revista Comunhão.

Considerando-se as últimas duas décadas, a quantidade de pessoas que se declaram protestantes no Estado triplicou: em 1991, eram 448.053. O crescimento de fiéis nas igrejas evangélicas registrado no Espírito Santo fica acima, inclusive, da média nacional. Segundo o Ministério de Apoio com Informação (MAI), nos últimos dez anos o número de evangélicos no país cresceu 7,43%.

Essas estatísticas vão de encontro aos anseios da Igreja Católica. Tanto que, na última semana, o papa Bento XVI fez um pedido à Igreja Católica no Brasil para que não poupe esforços com o objetivo de deter o crescente abandono de fiéis e enfrentar, por outro lado, a rápida expansão das comunidades evangélicas e neopentecostais.

O pedido foi feito durante discurso a bispos brasileiros. O pontífice afirmou, ainda, que a expansão entre os evangélicos mostra uma saudável tendência de busca por Deus, mas isso impõe à Igreja Católica a necessidade de se engajar em uma "nova evangelização".

Presidente da Associação de Pastores Evangélicos de Vitória, o pastor Abílio Rodrigues defende que esse crescimento está associado a uma desilusão com o modelo de religião e as formas ritualísticas estabelecidas pelo catolicismo de hoje.

Números

Para o diretor-executivo da Next Editoria e editor-executivo da Revista Comunhão, Mário Fernando Souza, a pesquisa aponta a densidade dos números e das igrejas evangélicas no Estado. "O Espírito Santo é um dos Estados onde essas denominações estão mais consolidadas", diz.

Ele relata que quase 50% dos protestantes do Estado se concentram em três instituições: Assembleia de Deus, Igreja Maranata e Igreja Batista. "O Espírito Santo é o local onde elas estão mais representativas", diz.

Além dos números absolutos, a pesquisa também apontou que a cidade onde se concentra o maior número de protestantes é Vila Velha, com 30,06%. E as mulheres são a maioria entre os membros das igrejas evangélicas, com 64,60% do total.

Os protestantes no Espírito Santo

Escala do crescimento evangélico no Espírito santo

1991: 448.053 mil

2000: 850.442 mil

2002: 1 milhão

2004: 1,11 milhão

2005: 1,18 milhão

2006: 1,27 milhão

2007: 1,36 milhão

2008: 1,45 milhão

2009: 1,56 milhão

2010: 1,67 milhão

Igrejas que frequentam

Assembleia de Deus:
31,55%

Maranata:
14,53%

Batista (CBB):
9,81%

Deus é amor:
7,83%

Batista Renovada:
7,33%

Quadrangular:
4,22%

Universal do Reino de Deus:
4,22%

Adventista:
2,73%

Internacional da Graça de Deus:
1,86%

Presbiteriana (IPB):
1,24%

Testemunha de Jeová:
1,24%

Presbiteriana (IPU):
0,99%

Metodista Wesleyana:
0,87%

Metodista:
0,50%

Luterana:
0,37%

Outras denominações:
0,68%

Município de moradia

Vitória:
22,73%

Vila Velha:
30,06%

Serra:
25,22%

Cariacica:
21,99%

Sexo

Masculino:
35,40%

Feminino:
64,60%

Estado civil

Casado(a):
46,21%

Solteiro(a):
41,37%

Separado(a)/divorciado(a):
5,96%

Viúvo(a):
4,72%

Curiosidades

Juventude.
44,23% têm entre 16 e 29 anos

Renda.
Quase 68% possuem renda familiar entre R$ 511,00 e 2.500,00

Escolaridade.
Quase 38% têm ensino médio completo. Os que concluíram o ensino superior são 5,59%

Estímulo.
32,30% ingressaram na igreja por convite de amigos ou parentes. 32,30% vêm com os pais, 20,87 espontaneamente

Mudança.
80% não mudaram de igreja recentemente

Bíblia.
82,73% nunca leu a Sagrada Escritura toda

Oferta.
84,72% contribuem com o dízimo e ofertas. Desses, 84,47% acham que sua igreja aplica bem os recursos das ofertas


Participação.
40% consideram seu nível de participação na igreja baixo;
e 14,29, alto

Ações.
31,18% participam de ações voluntária, sendo que desse total 48,21% contribuem financeiramente

Casamento.
6% dos jovens entre 16 e 19 anos são casados. Entre os jovens de 20 a 24 anos, a proporção de casamentos sobre para 32%

Envolvimento.
55,78% não possuem cargo na igreja e
só assistem aos cultos

Início.
48% começaram a ir à igreja antes dos 17 anos

Tecnologia.
49,7% têm acesso à internet. Para 73,16% o acesso é feito em casa

Pesquisa ouviu 805 evangélicos na Grande Vitória

A pesquisa realizada pela Revista Comunhão teve como objetivo identificar o perfil socioeconômico das famílias evangélicas e seus hábitos de vida cristã, de lazer e de consumo. Foram entrevistadas 805 pessoas com idade superior a 16 anos, de ambos os sexos e de todas as classes sociais, entre os dias 10 e 17 de junho. Todas residem na Grande Vitória (sendo 183 em Vitória; 242 em Vila Velha; 203 na Serra; e 177 em Cariacica). O levantamento foi feito por amostragem após abordagem face a face nos principais pontos da Região Metropolitana. A margem de erro dos dados é de 3,5 pontos percentuais, e a confiabilitade da pesquisa é de 95%.

Igrejas: quantidade poderia ser maior

Mesmo com o aumento crescente no número de fiéis, as instituições evangélicas acreditam que o número de frequentadores poderia ser ainda maior. As exigências do mundo moderno e o tempo gasto com o estudo e o trabalho afastam, principalmente, o público jovem - que hoje já soma 44,23% dos membros - da igreja. É o que analisa o editor executivo da Revista Comunhão, Mário Fernando Souza.

"O jovem evangélico de hoje deseja consumir e crescer na pirâmide social como qualquer outro. Isso implica muito estudo e comprometimento no trabalho, o que acaba os afastando da igreja. É uma questão sociológica", diz Souza.

O presidente da Associação de Pastores Evangélicos da Grande Vitória (APGEGV), pastor Enoque de Castro Pereira, concorda que a participação dos jovens nas igrejas evangélicas pode aumentar ainda mais. "As instituições podem se adequar ainda mais para receber esse público, especialmente os jovens que estão perdidos nas drogas", destaca.

Membro da Igreja Batista da Restauração, o estudante de engenharia Gênesis Gonsalves de Almeida, 21, é um dos jovens evangélicos que não medem esforços para conciliar trabalho e estudo com a igreja. "Toco violão no Ministério de Louvor e tento participar dos cultos sempre que posso. Vou pelo menos duas vezes por semana", diz.

Presbiteriana desde que nasceu, a universitária Sara Bento Pereira, 20, também engrossa a lista de jovens evangélicos no Estado. Ela frequenta uma igreja presbiteriana, em Vila Velha, mas lamenta o que chama de preconceito contra os protestantes. "Hoje ainda é bem difícil ser evangélico, pois a maioria nos rotula como sendo pessoas caretas", frisa.

"Eu me dedico o máximo que posso à minha igreja. Frequento os cultos, toco violão e ensaio muito em casa. Estou aqui por um chamado de Deus"
Gênesis Gonsalves de Almeida
21 anos, Estudante de Engenharia

Primeira visita: menos convite, mais iniciativa

Outra novidade apontada pela pesquisa foi uma queda na tendência de se convidar amigos e parentes para participar das igrejas. Em contrapartida, aumentou o número de pessoas que passaram a procurar os templos de forma espontânea.

Há dois anos, 48,7% dos entrevistados haviam se dirigido pela primeira vez a uma igreja evangélica por meio de algum tipo de convite feito por pessoas próximas. Em 2009, esse número caiu para 39,2%, e neste ano reduziu ainda mais, para 32,3%.

Por outro lado, o número de pessoas que procuram os templos de forma espontânea aumentou mais que o dobro. O percentual pulou de 10,1% em 2009 para 20,9% em 2010.

Contribuição

Outro dado crescente do levantamento refere-se ao aumento da contribuição dos fiéis com o dízimo. No ano passado, 70,2% deles diziam fazer a doação, e em 2010 esse número chegou a 84,72%. Desse total, 84,47% acreditam que a igreja aplica bem os recursos das ofertas.

Análise
Igrejas se adaptaram ao público jovem

Pastor Enoque de Castro Pereira
Presidente da Associação de Pastores Evangélicos da Grande Vitória (APGEGV)

Houve uma grande mudança no comportamento das igrejas evangélicas, que possibilitou um incremento no número de fiéis, especialmente dos jovens, como foi comprovado pela pesquisa, nos últimos anos. Muitas tradições e liturgias foram quebradas, e isso foi fundamental para aproximar essas pessoas. Há alguns anos, expressões básicas como o aplauso, coreografias não eram permitidas e continuam não sendo em grande parte das igrejas católicas. As instituições evangélicas enxergaram isso e acabaram absorvendo esse público, que passou a enxergar nelas uma forma de estar mais próximo de Deus. E esse público pode aumentar ainda mais nos próximos anos.

Fonte: A Gazeta - Frederico Goulart

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