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sábado, 29 de outubro de 2011

Ex-presidente Lula está com câncer na laringe

Ex-presidente Lula está com câncer na laringe, diz hospital Sírio-Libanês
Ex-presidente começará quimioterapia nos próximos dias

O ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva foi diagnosticado com um câncer de laringe, informou na manhã deste sábado (29) o hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.

Os exames foram feitos na manhã de hoje por uma equipe multidisciplinar. De acordo com o boletim médico, foi “definido tratamento inicial com quimioterapia, que será iniciado nos próximos dias”.

O texto diz ainda que Lula “encontra-se bem e deverá realizar o tratamento em caráter ambulatorial”.

A equipe médica que assiste o ex-presidente é coordenada pelos Profs. Drs. Roberto Kalil Filho, Paulo Hoff, Artur Katz, Luiz Paulo Kowalski, Gilberto Castro e Rubens V. de Brito Neto.

Abaixo, íntegra do boletim:

"O ex-Presidente da República, Sr. Luís Inácio Lula da Silva realizou exames no dia de hoje no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, tendo sido diagnosticado um tumor localizado de laringe. Após avaliação multidisciplinar, foi definido tratamento inicial com quimioterapia, que será iniciado nos próximos dias. O paciente encontra-se bem e deverá realizar o tratamento em caráter ambulatorial. A equipe médica que assiste o Ex-Presidente é coordenada pelos Profs. Drs. Roberto Kalil Filho, Paulo Hoff, Artur Katz, Luiz Paulo Kowalski, Gilberto Castro e Rubens V. de Brito Neto".
Lula e a Marisa Letícia no velório da irmã do ex-presidente que morreu na sexta-feira, 24 de junho de 2011, aos 72 anos, vítima de câncer no pulmão.


Tratamento de Lula contra câncer na laringe deve durar três meses
Primeira sessão de quimioterapia está prevista para a próxima segunda.
Tumor tem entre dois e três centímetros, segundo avaliação médica.

Deve durar pelo menos três meses o tratamento contra um tumor na laringe a que será submetido o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A doença foi diagnosticada após exames realizados nesta sexta-feira no hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.

Lula, que comemorou 66 anos na última quinta (27), deve continuar internado até o início da noite deste sábado (29). Ele se recupera de uma pequena cirurgia para retirada de um pedaço do tumor, que será analisado. De acordo com os médicos que o atendem, o tumor tem entre dois e três centímetros, tamanho considerado médio.


O câncer está localizado sobre a glote do ex-presidente. Os médicos descartaram, pelo menos em um primeiro momento, a necessidade de cirurgia. Durante o tratamento, Lula vai ser submetido a três ciclos de quimioterapia, uma a cada 20 dias.

O ex-presidente esteve nesta sexta-feira no hospital para realizar exames de rotina. Por conta de uma rouquidão anormal, que surgiu há cerca de 40 dias, Lula passou por uma ressonância magnética e uma tomografia de pescoço, exames que acabaram por levar ao diagnóstico da doença.

'Ótimo'
Segundo o médico Paulo Hoff, um dos responsáveis pelo tratamento, Lula "está ótimo". Hoff disse que o ex-presidente pediu que sua doença fosse tratada "com transparência", mas preferiu não revelar a quantidade de sessões de quimioterapia pelas quais ele vai passar.

A presidente Dilma Rousseff divulgou neste sábado nota oficial em que manifesta apoio à "rápida recuperação" do ex-presidente Lula.




Câncer de Laringe

O câncer de laringe ocorre predominantemente em homens e é um dos mais comuns entre os que atingem a região da cabeça e pescoço. Representa cerca de 25% dos tumores malignos que acometem essa área e 2% de todas as doenças malignas. A ocorrência pode se dar em uma das três porções em que se divide o órgão: laringe supraglótica, glote e subglote. Aproximadamente 2/3 dos tumores surgem na corda vocal verdadeira, localizada na glote, e 1/3 acomete a laringe supraglótica (acima das cordas vocais). O tipo histológico mais prevalente, em mais de 90% dos pacientes, é o carcinoma epidermoide.

Sintomas

Os sintomas estão diretamente ligados à localização da lesão. Assim, a dor de garganta sugere tumor supraglótico, e rouquidão indica tumor glótico ou subglótico. O câncer supraglótico geralmente é acompanhado de outros sinais, como alteração na qualidade da voz, disfagia leve (dificuldade de engolir) e sensação de "caroço" na garganta. Nas lesões avançadas das cordas vocais, além da rouquidão, podem ocorrer dor na garganta, disfagia e dispnéia (dificuldade para respirar ou falta de ar).

Prevenção

O álcool e o tabaco são os maiores inimigos da laringe. Fumantes têm 10 vezes mais chances de desenvolver câncer de laringe. Em pessoas que associam o fumo a bebidas alcoólicas, esse número sobe para 43. Má alimentação, estresse e mau uso da voz também são prejudiciais. A alimentação precisa conter proteína (frango ou peixe, preferencialmente), associada a legumes, verduras e frutas ricas em vitaminas (em especial A, B2, C e E) e sais minerais. Deve-se evitar alimentos muito temperados ou gordurosos e líquidos muito quentes ou muito frios. Falar muito alto e sem pausas causa os chamados calos vocais. Pacientes com câncer de laringe que continuam a fumar e a beber têm probabilidade de cura reduzida e aumento do risco de aparecimento de um segundo tumor na área de cabeça e pescoço.

Estimativa de novos casos: 9.320 (2009)

Orientações para os pacientes laringectomizados

Fonte: INCA 

sábado, 2 de julho de 2011

Itamar Franco, ex- presidente do Brasil, morre aos 81 anos

Morre o senador e ex-presidente da República Itamar Franco
Aos 81 anos, ex-presidente estava com pneumonia aguda.
Ele estava internado desde o dia 21 de maio para tratar de leucemia.


O senador e ex-presidente da República Itamar Franco (PPS-MG) morreu aos 81 anos neste sábado (2), em São Paulo.

Segundo nota divulgada pelo Hospital Albert Einstein, o presidente sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) na UTI, onde estava sendo tratado de uma pneumonia decorrente de uma leucemia aguda, e morreu às 10h15 da manhã.

O corpo será transferido às 7h30 do domingo (3) para a cidade de Juiz de Fora, onde será velado na Câmara Municipal. Na segunda (4), segue para Belo Horizonte onde, por desejo do ex-presidente, o corpo será cremado, após receber homenagens no Palácio da Liberdade, sede do governo mineiro.

Itamar estava internado no hospital, na capital paulista, desde o dia 21 de maio para tratar da leucemia. De acordo com os médicos, o ex-presidente reagiu bem ao tratamento, mas desenvolveu uma pneumonia grave. Por conta disso, acabou sendo transferido para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Ele passou o aniversário de 81 anos, completados em 28 de junho, na UTI do hospital.
O senador e ex-presidente Itamar Franco durante
discurso no plenário do Senado (Foto: Ag. Senado)

Biografia
Itamar Franco foi presidente da República entre 1992 e 1994, depois do impeachment do ex-presidente e atual senador Fernando Collor de Mello. Itamar foi também governador de Minas Gerais, senador durante 16 anos, prefeito de Juiz de Fora por dois mandatos e embaixador do Brasil na Organização dos Estados Americanos (OEA), em Portugal e na Itália.

Como presidente, implantou o Plano Real – o também ex-presidente Fernando Henrique Cardoso era o ministro da Fazenda –, que estabilizou a moeda e acabou com a inflação, assinou a Lei dos Genéricos e a Lei Orgânica da Assistência Social (Loas), que abriu caminho para a criação de programas de transferência de renda.

A doença
Leucemia é um tipo de câncer que atinge os glóbulos brancos, parte do sistema de defesa do organismo, na medula óssea. A doença impede ou prejudica a formação de glóbulos vermelhos e brancos e de plaquetas, causando anemia e abrindo espaço para infecções e hemorragias.

O governo
Eleito vice-presidente nas eleições de 1989, Itamar Franco tomou posse em 15 de março de 1990 junto com Fernando Collor de Mello, então governador de Alagoas. A chapa foi eleita com 42% dos votos em um segundo turno disputado contra o petista Luiz Inácio Lula da Silva.

Após denúncias de corrupção e com a popularidade fragilizada por conta da situação caótica da economia, em função dos sucessivos planos econômicos frustrados e a hiperinflação, em setembro de 1992 Collor sofreu impeachment em votação na Câmara dos Deputados.

Itamar Franco, então, assumiu a presidência, aos 62 anos, primeiro interinamente, entre outubro e dezembro de 1992. Em 29 de dezembro de 1992, o político mineiro se tornou, efetivamente, presidente da República.
Entre os ministros escolhidos por Itamar estava Fernando Henrique Cardoso, que acabaria por sucedê-lo na Presidência. FHC ainda foi escolhido para o Ministério da Fazenda, de onde comandou a implementação do Plano Real.

Polêmicas
Itamar Franco teve problemas em sua gestão. Em 1993, suspeitas de fraude no Orçamento derrubaram Henrique Hargreaves da Casa Civil. O ministro, inocentado, voltou ao cargo três meses depois.

Outra polêmica aconteceu durante o carnaval de 1994. O então presidente foi um dos convidados de honra para assistir o desfile das escolas de samba no Rio. Itamar acabou flagrado por fotógrafos de mãos dadas com a modelo Lílian Ramos, que estava sem calcinha. As fotos e relatos repercutiram em jornais e televisões do mundo todo.

Um episódio marcante foi registrado em 23 de agosto de 1993, quando Itamar Franco desfilou por Brasília em uma versão conversível do carro popular. Com a intenção de oferecer um carro mais barato ao consumidor brasileiro, Itamar pediu ao presidente da Autolatina - consórcio das montadoras Volkswagen e Ford-, Pierre-Alain de Smedt, que voltasse a fabricar o Fusca no Brasil. O carro havia saído de linha sete anos antes.


Conheça a trajetória do ex-presidente Itamar Franco
Ex-presidente Itamar Franco morreu neste sábado (2), em São Paulo.
Ele nasceu em 1930 a bordo de um navio que fazia a rota Salvador-Rio.


Itamar Augusto Cautieiro Franco nasceu a bordo de um navio que fazia a rota Salvador-Rio de Janeiro, tendo sido registrado na capital baiana no dia 28 de junho de 1930, segundo dados do Arquivo Nacional. O senador e ex-presidente Itamar Franco morreu neste sábado (2), aos 81 anos.

Itamar estava internado no Hospital Albert Einstein, na capital paulista, desde o dia 21 de maio para tratar de uma leucemia. De acordo com os médicos, o ex-presidente reagiu bem ao tratamento da leucemia, mas desenvolveu uma pneumonia grave. Por conta disso, acabou sendo transferido para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e respirava com ajuda de aparelhos. Ele passou o aniversário de 81 anos, completados em 28 de junho, na UTI do hospital.

Com poucos meses de vida, Itamar mudou-se com a mãe, Itália Cautieiro Franco, para Juiz de Fora (MG). Na cidade mineira, Itamar se formou no ano de 1954 em engenharia civil e eletrotécnica pela Universidade Federal de Juiz de Fora, onde atuou no movimento estudantil. Filiado ao Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), se candidatou a vereador, em 1958, mas não foi eleito.

Início na política
Em 1967, assumiu o primeiro cargo eletivo como prefeito de Juiz de Fora pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB) - partido para o qual migrou depois do início do Regime Militar. Um ano depois casou-se com Ana Elisa Surerus e teve duas filhas.

Em 1972, acabou reeleito na prefeitura. Dois anos depois, renunciou ao mandato para concorrer ao Senado. Eleito senador, atuou como vice-líder do partido entre 1976 e 1977.

No ano de 1979 foi designado presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre o acordo nuclear entre o Brasil e a Alemanha Ocidental. Se opôs à construção das usinas nucleares no Rio de Janeiro.
Em 1982, foi reeleito para mais um mandato de senador, agora já pelo PMDB. Em 1985, Itamar pretendia candidatar-se ao governo de Minas Gerais pelo PMDB, partido que ajudou a fundar em 1980. No entanto, o PMDB preferiu indicar o nome de Newton Cardoso, o que fez Itamar se desligar do partido e fundar o Partido Liberal (PL).

Vice-presidente
Na eleição direta para Presidência de 1989, a primeira após a ditadura militar, Itamar foi eleito vice-presidente da República pelo Partido da Reconstrução Nacional (PRN), com Fernando Collor de Mello como presidente.

Depois de abertura de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar denúncias de corrupção contra Collor, ministros do governo e o tesoureiro de sua campanha, Paulo César Farias, o então presidente sofreu impeachment em 2 de outubro de 1992.

Itamar então assumiu como chefe interino de governo de outubro até dezembro de 1992. Em 29 de dezembro de 1992 tomou posse definitivamente como presidente da República.

Ao receber a faixa presidencial do primeiro-secretário do Senado à época, Dirceu Carneiro, prometeu combater a corrupção. "A nação pode estar certa de que não haverá corruptos nesse governo", declarou.
No governo, implantou o Plano Real e indicou o tucano Fernando Henrique Cardoso para o Ministério da Fazenda. FHC, que havia sido, primeiro, ministro das Relações Exteriores, acabou como sucessor de Itamar na Presidência.

Embaixador
O político mineiro foi então indicado por FHC ao cargo de embaixador do Brasil em Portugal e depois assumiu a função de embaixador brasileiro na Organização dos Estados Americanos (OEA).

Eleito governador de Minas Gerais, em 1998, se tornou oposição ao governo de FHC. Contrário à privatização de Furnas, que era responsável pela geração de 40% da energia elétrica no país, ordenou exercícios de guerra da Polícia Militar em Capitólio, município do interior mineiro. "Vamos tentar reverter a privatização na Justiça, mas, se preciso for, a PM tem minha autorização para reagir", disse na ocasião.

Já em 2003 foi encaminhado pelo ex- presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao cargo de embaixador brasileiro em Roma. Em julho de 2009, filiou-se ao PPS, atuando como defensor de uma candidatura do então governador mineiro Aécio Neves (PSDB) à Presidência da República.

Em 2010, foi eleito novamente senador por Minas Gerais, mas atuou pouco tempo no Senado, pois se licenciou meses após assumir para tratar de uma leucemia.


Do G1, em Brasília

terça-feira, 29 de março de 2011

José Alencar: a trajetória do empresário e político de sucesso que enfrentou o câncer sem perder o humor

Alencar, crítico da política de juros do Banco Central e empresário de sucesso



RIO - Político que não se importava em tecer críticas à política de juros praticada pelo Banco Central durante o governo do qual fez parte e empresário de sucesso, José Alencar Gomes da Silva nasceu no lugarejo de Itamuri, município de Muriaé, na Zona da Mata mineira, no dia 17 de outubro de 1931. Ele morreu aos 79 anos às 14h41m desta terça-feira de falência múltipla de órgãos em decorrência do câncer.

Era casado com Mariza Campos Gomes da Silva e deixa três filhos: Josué Christiano, Maria da Graça e Patrícia.

Filho de Antônio Gomes da Silva e Dolores Peres Gomes da Silva, já aos sete anos Alencar começou a trabalhar para ajudar o pai em sua loja. Quando fez 14 anos, foi trabalhar como balconista na loja de tecidos "A Sedutora". Pouco tempo depois, tendo recebido proposta mais vantajosa, transferiu-se para Caratinga, onde continuou a trabalhar de balconista.

Aos 18 anos, emancipado pelo pai, estabeleceu-se como comerciante, com a lojinha "A Queimadeira", cujo nome foi sugerido por um viajante português, o senhor Lopes, sob o curioso argumento de que "se fosse um bar, seria Bar Cristal; mas não é um bar, então é "A Queimadeira", porque vai vender barato...". Ali se vendia de tudo um pouco: tecidos, calçados, chapéus, guarda-chuvas, sombrinhas, etc. Alencar notabilizou-se como um grande vendedor, tanto neste último emprego, quanto no anterior.

Sempre contando com o apoio dos irmãos, José Alencar manteve sua loja até 1953, quando decidiu vendê-la e mudar de ramo. Teve negócio na área de cereais por atacado e participou de uma sociedade em uma fábrica de macarrão.

Ao fim de 1959, morre Geraldo, seu irmão. José Alencar assume, então, os negócios deixados por Geraldo na empresa União dos Cometas.

Fundada por Alencar, Coteminas tem 16 mil funcionários e exporta para vários países
Em 1963, construiu a Companhia Industrial de Roupas União dos Cometas, que mais tarde passaria a se chamar, Wembley Roupas S.A. Em 1967, em parceria com o empresário e deputado Luiz de Paula Ferreira, Alencar fundou, em Montes Claros, a Companhia de Tecidos Norte de Minas, Coteminas. Em 1975, inaugurava a mais moderna fábrica de fiação e tecidos que o país já conheceu.

A Coteminas cresceu e hoje são 16 mil funcionários divididos em onze unidades que fabricam e distribuem os produtos. São fios, tecidos, malhas, camisetas, meias, toalhas de banho e de rosto, roupões e lençóis para o mercado interno, para os Estados Unidos, Europa e Mercosul.

Alencar ajudou a quebrar a resistência do empresariado contra Lula

José Alencar foi ainda presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), do Sesi, do Senai, e vice-presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Candidatou-se às eleições para o governo de Minas em 1994 e, em 1998, disputou uma vaga no Senado, elegendo-se com quase três milhões de votos.

Seu excelente trânsito entre o empresariado foi fator fundamental para que, em 2002, filiado ao então PL, fosse escolhido candidato a vice-presidente da República na chapa do petista Luiz Inácio Lula da Silva, que já havia sido derrotado em três eleições presidenciais e procurava quebrar resistências a seu nome no meio empresarial. A chapa Lula-Alencar saiu vitoriosa.

Ao contrário da discrição de seu antecessor, Marco Maciel, José Alencar deu diversas declarações polêmicas nos anos em que exerceu a vice-presidência da República, principalmente quando pedia a queda da taxa de juros e mudanças na política econômica empreendida pelo então ministro da Fazenda Antonio Palocci.

"O nosso discurso de campanha (da coligação PT-PL) não assumiu o poder. Nós seguimos a política econômica que estava aí e da qual éramos contra", dizia ele.

Em setembro de 2005, após esgotar seus esforços para tentar a fusão do PL com o PP e o PTB, anunciou a saída do Partido Liberal, legenda que esteve envolvida no escândalo do mensalão. Semanas depois, após fincar um pé no PMDB e receber sondagens de mais cinco partidos, tomou uma decisão surpreendente ao aderir ao Partido Republicano Brasileiro (PRB), nova nomenclatura do Partido Municipalista Renovador (PMR), criado por evangélicos, notadamente da Igreja Universal do Reino de Deus, do bispo Edir Macedo. Com ele, entrou no partido o filósofo Roberto Mangabeira Unger, que depois chefiaria durante dois anos a Secretaria de Assuntos Estratégicos do governo Lula.

Alencar acumulou as funções de vice-presidente e de ministro da Defesa
A partir de 2004, passou a acumular a vice-presidência com o cargo de ministro da Defesa. Por diversas oportunidades demonstrou-se reticente quanto à sua permanência em um cargo tão distinto de seus conhecimentos empresariais. Mas, a pedido do presidente Lula, exerceu a função até março de 2006, quando precisou renunciar para cumprir as determinações legais com o intuito de poder participar das eleições presidenciais daquele ano.

Mas por muito pouco não foi retirado da chapa de Lula à reeleição. O petista chegou a negociar a vaga com partidos aliados, principalmente o PMDB, mas como não houve consenso entre os aliados acabou optando pelo velho companheiro, que foi obrigado a passar por constrangimentos meses a fio com as articulações que pipocavam nos jornais sobre a vaga de candidato a vice-presidente. Disposto a colaborar, Alencar acabou aceitando a missão, apesar de sua saúde já dar sinais de maior debilidade.

No segundo ano do governo, Alencar defendeu publicamente a atuação da então ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que na época era pressionada a conceder licenças ambientais para obras de infraestrutura, classificadas como prioritárias para o novo governo Lula. Marina seria substituída por Carlos Minc no ministério em 2008.

- Ela é uma grande brasileira e tem condições excepcionais de ajudar o Brasil na preservação do meio ambiente sem prejuízo para o crescimento - disse Alencar

O político também dispensou uma postura corporativa quando criticou, ainda em 2006, os gastos da administração pública. Ele citou como exemplo as viagens de autoridades e disse que poderiam ser mais baratas para os cofres públicos, assim como as suas.

Luta contra o câncer, mas sem perder o humor
Alencar esteve à frente do Planalto durante as constantes viagens diplomáticas de Lula. Mesmo com a saúde frágil, o então vice-presidente sempre mostrou disposição tanto para assumir a presidência, como para enfrentar a doença com bom humor. Após uma das cirurgias a que foi submetido , o político brincou com a alcunha que Lula ganhou do presidente americano Barack Obama:

- Quando eu cheguei, o presidente disse assim: você é o cara. E eu disse: não, eu sou o vice-cara.

Ao final do governo Lula, já bastante desgastado fisicamente depois de passar por 17 intervenções cirúrgicas - a última delas às vésperas do Natal -, Alencar foi impedido pela equipe médica do Hospital Sírio-Libanês de comparecer à posse da presidente Dilma Rousseff, no dia 1º de janeiro . Seu desejo era descer a rampa do Palácio do Planalto ao lado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Chegou a se vestir para a ocasião, mas foi convencido pela mulher Mariza a não desafiar as orientações dos médicos.

- É um dever cívico descer a rampa ao lado de Lula - disse aos jornalistas.

Depois de permanecer três meses internado no hospital, Alencar resolveu continuar o tratamento em casa, acompanhado por enfermeiros. A decisão foi tomada na noite do dia em que foi homenageado com a Medalha 25 de Janeiro , no aniversário de 457 anos de São Paulo.

Na cerimônia, Alencar contou que, embora seu estado de saúde fosse um pouco melhor, ele considerava que passava por um dos momentos mais críticos desde que fora internado pela última vez, 90 dias antes.

- Nós estamos tentando vencer as dificuldades, ainda que elas não sejam brincadeira. Mas Deus sabe o que faz e aceitaremos a sua decisão de bom grado. Se eu morrer agora, tenho até que me sentir um privilegiado, pois está todo mundo rezando e torcendo por mim. Não posso me queixar se eu morrer, mas estou lutando para não morrer - disse o ex-vice-presidente, lembrando das dificuldades do tratamento contra o câncer na região abdominal.

O Globo