ÍNDIOS ISOLADOS NO BRASIL
Eles existem como gente invisível, e vivem em fuga a vida na floresta. Se escondem nas sombras, e podem, por exemplo, passar anos em uma caverna praticamente sem sair dela – como aconteceu com uma família de índios ava-canoeiro, a 200 km de Brasília, nos anos 1980. Nas áreas mais remotas da selva amazônica vivem índios que, de forma heróica, se afastam do contato e do convívio com a população que se instalou no Brasil. São os índios isolados – também chamados, pelos antropólogos, de comunidades “autônomas”.
Últimos índios akunt'su, Corumbiara, em Rondônia Araquém Alcântara
Até hoje, os dois homens akunt’su carregam pedaços de chumbo no corpo – a marca que ficou dos massacres que extinguiram o povoPerto dessas duas tribos, também na região de Corumbiara, embaixo da fumaça das queimadas e no meio de imensos pastos e uma multidão de bois brancos, há uma bola de mato que é um verdadeiro portal para outras eras da humanidade. Em oito mil hectares de mata nativa, na Terra Indígena Tanaru, vive o povo de um homem só. Esse homem é chamado de “índio do buraco”, e ele não quer saber nada de entrar em contato com gente de outros povos – inclusive já flechou sertanistas da Funai quando se aproximaram dele. O “Índio do buraco” é o que lhe sobrou de um povo isolado que foi massacrado nos anos 1980 e 1990, assassinado e envenenado por arsênico misturado a brindes de açúcar e farinha ganho das mãos de fazendeiros. Último representante de uma tribo totalmente desconhecida, com hábitos e costumes próprios (como o buraco místico que faz dentro de sua oca), ele é, também, o retrato da desumana destruição da floresta.
Não é só no Brasil que existem índios isolados, apesar de provavelmente ser aqui que exista a maior quantidade de povos nessa condição no mundo inteiro. Criado por Sidney Possuelo, em 1989, o departamento, mesmo capenga em recursos, é uma referência mundial. Ao menos no que toca a ideologia de se tentar proteger essas tribos. No Paraguai, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela, Guianas, Suriname, todas as fronteiras do bioma amazônico, ainda existem índios isolados. Ao contrario do que ocorre no Brasil, por lá eles vivem ser terras protegidas. Para tentar expandir essa política, a ONU criou o Comitê Indígena Internacional para a Proteção de Povos em Isolamento Voluntário e em Contato Inicial (Cipaci). Antes tarde, ao menos na lei começa-se a tentar proteger essas pessoas da floresta. (Fonte: Revista Trip)
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