sábado, 19 de maio de 2012

Nem sexo, nem beijo: eles esperam o amor

Nem sexo, nem beijo: eles esperam o amor
Jovens do movimento "Eu Decidi Esperar" são felizes com a escolha

Eles não fazem sexo antes do casamento. Não beijam na boca durante o namoro. Não saem para boates. E acreditam em casamento eterno. Nada disso, porém, tem sido empecilho para a expansão do movimento "Eu Decidi Esperar", que prega o sexo só depois do casamento e é liderado pelo pastor Nelson Júnior, 35 anos.
foto: Carlos Alberto Silva
Liderados pelo pastor Nelson Júnior (de branco), jovens fazem parte de movimento que reúne milhares de seguidores

Ao contrário, em cultos super animados, o capixaba tem levado uma multidão de jovens no mesmo propósito. Recentemente em Manaus, foram 10 mil pessoas. Neste sábado, em Vitória, mais um enorme grupo se reuniu. Nas redes sociais, onde o movimento se propagou como vírus, são 320 mil seguidores no Facebook e 13 mil no Twitter. Com um sorriso o pastor diz: "Eu sou um homem de uma mulher só. Por isso passei ileso por todo sofrimento. Saber esperar é uma forma de amar".

Mobilização

"Eu Decidi Esperar" é muito maior que um movimento de pró-sexualidade. O propósito é ter uma vida sexualmente correta e uma vida emocionalmente saudável. Não adianta guardar o corpo e esquecer o coração.

Campanha

A área sentimental é a que mais aflige o solteiro, gerando sofrimento. A campanha é para conscientização de como viver a liberdade sem avançar. É uma forma de viver de forma não-leviana.

Preconceito

Principalmente os mais jovens têm preconceito contra o movimento, principalmente através de chacotas pela internet. Eles acreditam que somos assexuados ou que temos problemas nessa área. As pessoas não acreditam na opção.

Sexo

Pregamos que o sexo deve ser feito só após o casamento. É esperar para que as experiências sejam realizadas no casamento em sua plenitude. Mas o foco maior é uma vida emocionalmente saudável.

Camisinha


Como pregamos o sexo só após o casamento e a fidelidade entre o casal, não vemos necessidade do uso da camisinha. O sexo seguro é se guardar para o casamento.

Escolha

O objetivo é que o jovem escolha ser homem de uma mulher só. E vice-versa.

Não-virgens

Cerca de 60% dos jovens que nos seguem não são mais virgens e são orientados a se guardarem. Chamamos eles para assumirem o compromisso de se guardarem para o casamento. Nunca é tarde para recomeçar.

Princesas e príncipes

A pastora Sarah Sheeva (filha de Baby do Brasil e Pepeu Gomes) é uma parceira e trabalhamos juntos. Ela vai fazer o "culto das princesas" e eu o "culto dos homens de verdade". Tem que se comportar como príncipe ou princesa. Quem gosta de periguete é cafajeste.

"Camisinha vira autorização para pecar", diz líder católico

A corrente pelo sexo só após o casamento também se propaga entre os jovens da Igreja Católica, que tem o movimento intitulado "Namoro Santo". "O namoro é tempo de espera pelo outro. A castidade educa para o auto conhecimento, respeito e doação ao outro", explica Carlos Maximiliano, coordenador estadual do ministério Jovem da Renovação Carismática

Segundo ele, os jovens católicos estão se propondo a seguir as doutrinas, apesar das dificuldades enfrentadas com o mundo atual. "O jovem tem que se conhecer e buscar seguir a doutrina", diz.

O coordenador é taxativo em dizer que "namoro que não é santo não é namoro de verdade". Sexo, também só após o casamento. Beijo na boca, abraços e carinhos moderados também são permitidos. "É uma decisão própria, mas procuramos evitar carícias maliciosas", conta. Sobre o uso da camisinha, o membro da Igreja Católica é direto. "Se não vou fazer sexo, não preciso carregá-la comigo. A camisinha acaba se tornando uma autorização para pecar".

Análise
"Jovens estão cansados do liberalismo sexual"

Vitor Nunes Rosa, teólogo e filósofo

A questão dos jovens que têm optado pelo sexo após o casamento é um propósito do cristianismo. As igrejas têm valorizado a castidade como valor da vida cristã. Ser casto não significa abster do sexo, mas é um estado de vida pura. A castidade significa fidelidade entre o casal.

No caso dos jovens é a opção por não ter uma vida sexual antes do casamento. Hoje as pessoas têm visto que vivemos em uma sociedade moderna e que tem outros valores. Os jovens perceberam que estão se tornando "mercadoria" e, por isso, a grande busca deles é não se manifestar como "objeto de consumo".

Todo esse movimento é um cansaço do liberalismo sexual, onde tudo ficou banalizado. Não se trata de moralismo, eles estão dando um sentido maior à vivência da realidade. A escolha pela castidade é uma comunhão entre as pessoas e as igrejas têm exercido um papel fundamental nesse processo.



Fonte: A Gazeta
Autor: Guilherme Sillva

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