Hambúrguer de resina de Hiromasa Sugamori custa US$ 100 e é feito em 7 dias; veja fotos de "pratos de mentira"
Ao contrário das fotos publicitárias, que tentam vender a imagem mais bonita e menos realista da comida, a ideia das réplicas é mostrar fielmente o que será servido.
As chamadas múmias ou "mock-ups" são imitações detalhadas usadas desde o pós-guerra, quando eram produzidas com parafina.
Fazer essas réplicas é uma arte que pode levar de algumas horas a muitos meses de trabalho dos artesãos.
Esse é o caso de Hiromasa Sugamori, 53, professor da Universidade de Artes Plásticas de Nagoya que veio ao Brasil para dar palestras sobre o assunto em São Paulo, Manaus, Belém e Recife, a convite da Fundação Japão.
Hiromasa Sugamori é professor da Universidade de Artes Plásticas de Nagoya, no Japão, e veio ao Brasil para dar palestras sobre réplicas de alimentos
Em 1992, Hiromasa era um feliz funcionário da Toyota que nem pensava em cuidar dos negócios da família: um ateliê de réplicas de comida.
Quando o pai adoeceu, no entanto, a devoção filial japonesa falou mais alto.
"Se eu não tomasse conta do negócio, meu pai ficaria sem legado. Hoje, trabalho por prazer, mas também por orgulho de não deixar o que a minha família construiu sem cuidado", diz.
Quando Hiromasa aprendeu as técnicas de modelagem, o material mais utilizado era a cera, o que deixava a comida com um brilho pouco verossímil. Ele foi um dos responsáveis pelos primeiros testes com silicone.
CÓPIA FIEL
Hoje, os moldes são capazes de produzir cópias fieis de vários tipos de comida. Para isso, o artesão despeja silicone derretido em cada item. Quando o material fica firme, ele retira o alimento real de dentro da crosta e despeja um tipo de plástico dissolvido e colorido, o plastissol.
Para finalizar, as peças são levadas a um forno a vácuo e ganham detalhes feitos com estilete e pincel.
Um combo de sushis e sashimis leva duas semanas para ser feito e custa US$ 300 (cerca de R$ 488).
A feijoada é feita em dois dias, mesmo tempo de trabalho necessário para preparar uma única lagosta, que precisa ser montada parte a parte, antena por antena.
Pouco antes de vir para o Brasil, Hiromasa passou dois meses trabalhando em um prato de frutos do mar.
"É complicado atingir a cor original de comidas cruas sem parecer artificial", diz.
Os pratos mais fáceis de reproduzir são os que levam fritura. No caso de comidas que se desintegram por causa da temperatura do plástico, é preciso fazer moldes de argila ou uretano.
Nas palestras ministradas no Brasil, Hiromassa apresentou os materiais que usa, alguns passos do processo e o resultado final. Quanto ao pulo do gato, ele sempre desconversa quando a plateia pergunta demais e jura que nem as empresas do ramo ensinam a técnica para funcionários com menos de três anos de casa.
Sorvete criado em resina, silicone e plastissol
Leticia Moreira/Folhapress
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