NOVA YORK - Na Hollywood de hoje, tudo se move em trilogias e continuações. Não é surpresa que "Planeta dos Macacos: a origem", que estreia na sexta-feira nos EUA e chega ao Brasil no dia 26, já traga desenhada a sequência, que o levará mais próximo à fonte do "Planeta dos Macacos" original, de 1968, num mundo dominado pelos primatas.
O filme estrelado por Charlton Heston deu início à saga, que passou por um seriado de TV nos anos 1970, e diversas continuações, a última delas, mal-sucedida, sob a direção de Tim Burton, em 2001. Agora, "Planeta dos Macacos: a origem" faz uma revolução tecnológica no gênero, utilizando a técnica de motion capture desenvolvida em "Avatar".
O novo longa, orçado em US$ 94 milhões, é dirigido pelo britânico Ruppert Wyatt, catapultado pelo sucesso do thriller "The escapist". Mas o próprio Wyatt reconhece que o responsável pelo impacto do filme é o supervisor de efeitos especiais Joe Letteri, vencedor de quatro Oscars por "Avatar", "O Senhor dos Anéis" (dois) e "King Kong", e hoje ocupado com o "Tintim" de Steven Spielberg, que estreia no fim do ano nos EUA.
- O trabalho dele é a base que nos permite desenvolver os personagens. Todos éramos contra o uso de macacos no filme, e não podíamos ter atores disfarçados, porque a anatomia é diferente, não haveria efeito realista - diz Wyatt.
"Planeta dos Macacos: a origem" é passado nos dias atuais, em São Francisco. Diferentemente do filme original, no qual o astronauta vivido por Heston só encontrava o primeiro macaco após 32 minutos, os primatas dominam a cena o tempo todo. Com destaque para o chimpanzé Caesar, vivido por Andy Serkis.
Nos corpos dos atores, são colocados marcadores para entender como os movimentos são feitos e, assim, reproduzi-los nos chimpanzés. Letteri e equipe transpõem esses movimentos e expressões que dão vida aos macacos por meio de animação em computadores.
- Tentamos captar a emoção de uma performance, em vez de usar um processo mecânico. Quadro a quadro, captamos, checamos, descartamos, refinamos o processo até chegar ao ponto certo. Quando acertamos, passamos para o próximo. Você faz isso mil vezes e aí está pronto - brinca Letteri.
Foram 57 dias de filmagem e incontáveis horas para fazer a fusão entre imagens filmadas e imagens geradas em computador.
Charles Darwin teria apreciado o uso da Teoria da Evolução e o estudo da expressão dos primatas por trás do filme. No longa, os macacos são cobaias em testes de drogas para restabelecer conexões neuronais e curar o Mal de Alzheimer. Will Rodman (James Franco) é o cientista que comanda a pesquisa, movido pelo interesse em curar o pai (John Lithgow), que sofre da doença. Os macacos acabam desenvolvendo inteligência extraordinária, o que os leva a se rebelar contra os maus-tratos e a desejar a liberdade.
- Este filme não deve ser lido como uma história sobre macacos, mas como uma história sobre como os homens interagem com o outro, quem quer que seja o outro. Os macacos representam um grupo que é reprimido e se rebela devido aos maus-tratos que recebe - diz James Franco.
Will acaba adotando um filhote de chimpanzé, Caesar, e, no processo de criá-lo, se envolve com uma veterinária, Caroline (Freida Pinto, de "Quem quer ser um milionário?"), que instiga sua consciência ética.
- Havia muito ceticismo sobre o filme - diz Ruppert Wyatt. - Queríamos fazer uma coisa séria, que respeitasse a mitologia do "Planeta dos Macacos" e fosse plausível.
A tecnologia de ponta foi um imperativo não só moral - o diretor diz ser contra o uso de animais nessas circunstâncias - mas também para conseguir o impacto desejado. A cena culminante, a tomada da Golden Gate pelos macacos, foi feita em grande parte digitalmente, a partir de um cenário que reproduzia a ponte mais famosa de São Francisco no >ita
Andy Serkis, que vive o protagonista Caesar, explica que, antes, a tecnologia de motion capture só permitia filmar dentro de pequenos volumes, e que este filme marca um grande passo na evolução.
- O que mudou agora é que estamos filmando direto no set, a ação e a motion capture acontecem ao mesmo tempo. Há dois grupos de câmeras. Parece complicado, mas é só uma nova forma de registrar a performance de um ator. Grandes cabeças criaram uma tecnologia sensacional para fazer a coisa mais simples - diz Andy Serkis.
Para interpretar King Kong e depois Caesar, o ator passou temporadas na África e visitou zoológicos da Inglaterra e da Nova Zelândia, para estudar o comportamento dos primatas e aprender a reproduzir seus movimentos, que lhe deixaram uma herança de dor no nervo ciático, combatida com ioga e escaladas.
Para saciar a curiosidade dos espectadores sobre o que está sendo preparado para a sequência, Ruppert Wyatt dá uma série de dicas:
- No final deste filme, chegamos à ideia de que, enquanto "Planeta dos Macacos: a origem" é sobre os primatas encontrando liberdade, algo está se passando entre os humanos que poderá mudar o equilíbrio de forças entre as espécies. No próximo, os humanos teriam sido dizimados por uma pandemia, com focos de resistência. Seria um drama shakespeariano, mas também teria aspectos de "O poderoso chefão", em relação ao papel de Caesar como líder - conta Wyatt.
Fernanda Godoy (oglobo.com.br)
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