“Faroeste caboclo” é inspirado na música homônima do Legião Urbana. “Somos tão jovens” revela a juventude do líder do grupo e mostra como se formou o mito Renato Russo.
Um mito da música brasileira nas telas do cinema. Dois filmes diferentes, que estão sendo rodados agora em Brasília, tem como tema a vida e os personagens criados por Renato Russo.
Renato Russo foi um dos criadores do chamado Rock Brasil, que nasceu nos anos 80. Fez sucesso com a banda Legião Urbana, virou ícone da rebeldia juvenil e morreu, em consequência da Aids, aos 36 anos de idade. Uma história conhecida, mas que ainda rende.
“O mais interessante é que eu estou fazendo a parte desconhecida de uma história conhecida. No fundo, esse filme é uma revelação para o público, porque o Renato que o público conhece é o Renato ícone, o Renato do Legião Urbana, o Renato das plateias de 200 mil pessoas”, diz o diretor Antonio Carlos da Fontoura.
O filme “Somos tão jovens” vai mostrar uma fase anterior. “É a juventude do Renato, do Manfredini Junior, do Junior. Vai dos 15 aos 23 anos, Na verdade, é a formação do mito que todo mundo conhece”, conta o ator Thiago Mendonça.
Começa com o período em que uma doença nos ossos deixou Renato de cama por mais de um ano. “E isso fez com que, em cima dessa cama, ele ouvisse muita coisa, lesse muito – de poesia a filosofia – e tudo mais”, conta Thiago.
“Quando ele ficou no quarto, tinha que sonhar. E ele sonhava que seria o maior roqueiro do Brasil. Ele imaginava um roqueiro para ele tão lindo quanto David Bowie, coisa que ele não conseguia. Ele dizia que era um orangotango”, conta Antonio Carlos da Fontoura. “Mas, quando aparecem os punks, eles acha que pode ser um deles. E ele se torna um punk”.
Aí vem um show, justamente aquele que estava sendo recriado quando o Fantástico chegou ao local das filmagens. “É o concerto da ciclovia que teve no Lago Norte”, lembra Thiago Mendonça.
O público ficou chocado e vaiou. Esperava um Renato punk e encontrou o embrião do mito em que se transformou. “Foi o primeiro show em que ele se apresentou com apenas voz e violão, com essas músicas grandes que contavam uma história. Uma delas agora virou roteiro de filme, de tão bela e rica que era a história cantada até então”, diz Thiago Mendonça.
Enquanto isso, em outro local, não muito distante, também em Brasília, essa história cantada vai virar outro filme. É a saga de João de Santo Cristo, que "deixou pra trás todo o marasmo da fazenda, só pra sentir no seu sangue o ódio que Jesus lhe deu". Uma vida difícil. Virou bandido, mas conheceu uma menina. Maria Lúcia era uma menina linda, e o coração dele para ela, João prometeu.
A música “Faroeste caboclo”, que tem quase 15 minutos, conta a epopeia do moço pobre que vira bandido e se apaixona pela moça rica. Mas não conta tudo.
“Ninguém sabe o que aconteceu no meio. Ele voltou para casa e, com Jeremias, Maria Lúcia se casou e ponto. Por quê? A música não explica o que passou na cabeça dessa mulher para que tomasse essa decisão”, comenta a atriz Isis Valverde.
“É até legal, porque não ficamos tão preocupados com isso”, acrescenta o ator Fabrício Boliveira.
Os dois filmes têm Brasília não só como cenário, mas também como tema. Em “Faroeste caboclo”, a cidade é o pano de fundo.
“É a história de Brasília da década de 1980, da UnB, do movimento punk, do movimento rock n’ roll, de como isso forma as pessoas hoje”, destaca Fabrício.
“É uma época pós-ditadura militar, em que o jovem tinha tudo. E ele não tinha nada”, diz Isis Valverde.
“É o tédio da cidade você não ter o que fazer, principalmente em Brasília, faltam opções
“O que eles puderam fazer foi música, zoar, ser punk”, diz Antonio Carlos da Fontoura.
Philippe Seabra, vocalista e guitarrista da banda Plebe Rude, viveu aquilo tudo e confirma: antes do rock, era chato. “Fomos forçados a criar nossa própria cultura. O que começamos do nada virou história e estão fazendo filme a respeito”, comemora Philippe, que dá uma espécie de consultoria de época para “Somos tão jovens”.
O filme conta também com alguns palpites familiares. “Era muito verdadeiro. Todos tocavam porque gostavam, queriam passar uma mensagem para todo mundo”, comenta Nicolau Villa-Lobos, que interpreta o próprio pai, Dado Villa-Lobos, guitarrista do Legião Urbana. “Muitos dizem que eu tenho um pouco do jeito dele, falo um pouco parecido com ele. Acho que não está sendo muito difícil”.
No filme “Faroeste caboclo”, a participação é do filho de Renato Russo, Giuliano Manfredini. “É pouca coisa, eu apareço em uma ou outra cena”, diz.
Para ele, “Faroeste caboclo” é um filme e um presente. “Eu passei toda minha pré-adolescência e adolescência ouvindo falar desse filme. Ver um projeto que durou quase metade da sua vida concretizado é uma emoção forte. Meu pai queria fazer, e eles tão fazendo. Que bom!”, comemora Giuliano.
Fonte: Fantástico
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