terça-feira, 19 de abril de 2011

No Acre, meninas de 8 anos e mulheres de até 60 anos consomem oxi e fazem programas por R$ 2

Derivado de cocaína e mais letal que o crack, oxi destrói jovens e crianças no Acre


RIO BRANCO (AC) - Crianças na pista da BR 364, que liga Rio Branco, no Acre, a Porto Velho, em Rondônia, na BR 317 - a Estrada do Pacífico - e no bairro da Judia, na capital acreana, ficam horas e horas nas ruas, mas não estão brincando. Nas BRs, as meninas, com idades entre 8 e 14 anos, estão à espera de caminhoneiros, com quem vão fazer programas que custam entre R$ 2 e R$ 5. Na Judia, bairro de classe média baixa, elas ocupam as calçadas e são abordadas por homens de todas as idades. Além de se prostituírem, usam drogas como merla, cocaína e oxi - uma nova droga, subproduto da cocaína e pior que o crack, que surgiu no Acre e já se espalhou pela Região Norte, por estados do Nordeste e do Centro-Oeste e chegou a São Paulo, conforme O GLOBO mostrou no último domingo .

Na capital, as meninas são encontradas também perto do Mercado, na antiga rodoviária, no bairro 6 de Agosto, na Avenida Chico Mendes, na esquina da Rua 24 de Janeiro e perto das pontes que cortam a cidade. As menores vão para as ruas por ordem dos pais.

- As mais vulneráveis são as que moram perto das BRs e do bairro da Judia. Elas completam 8 anos e os pais as mandam para as ruas para conseguir dinheiro, dizem abertamente que devem se prostituir. Eles misturam cocaína com suco, elas tomam e saem. Começam praticando sexo oral e recebendo carícias. Daí, para o sexo é rápido - conta Z., que oferece ajuda para as prostitutas de Rio Branco desde 1987.

Segundo Z., na capital, cada bairro tem seu ponto de prostituição, divido entre as menores, as mulheres casadas, as que se vestem melhor, as mais pobres e os travestis. Em comum, a droga:

- Nas décadas de 80 e 90, elas não se drogavam. Hoje, a cada 50 profissionais do sexo, uma faz de cara limpa. Elas têm usado muito oxi e também bebem cada vez mais e mais cedo. A justificativa é: "Preciso chapar para encarar o programa".

Perto do Mercado, mulheres e crianças oferecem programas a partir das 9h. Elas usam um bar, na beira do Rio Acre, com pequenos quartos nos fundos para atender aos clientes. Funciona todos os dias da semana até as 22h e os preços variam de R$ 5 a R$ 20, dependendo do serviço a ser feito. Por lá, as drogas são vendidas a partir de R$ 5 e é possível encontrar oxi, merla e cocaína.

- Usei oxi pela primeira vez com um cliente. Ele trouxe, deu uma fissura legal. Peguei o dinheiro que ganhei dele e fui comprar pedra. Agora, uso todo dia e me sinto bem - conta H., de 23 anos, que têm três filhos e desde que começou a fumar, há pouco mais de um mês, não tem passado muito tempo com eles.

Essa sensação de bem-estar que as usuárias de oxi relatam - "minha viagem mais tranquila", "quem inventou oxi é abençoado", "tive momento de paz" - tem feito com que quem divide espaço com elas nos bares, prostíbulos e até nas ruas passe a usar a pedra. O interesse na droga é tanto que alguns traficantes dão as pedras para que usem durante os programas e viciem os clientes.

- O oxi faz com que esqueçam a camisinha, com que peguem HIV, hepatites e nem se importem de passar para os clientes, além de não se cuidarem e de terem muitos filhos. E, infelizmente, em Rio Branco, sexo e droga são experiências cada vez mais precoces - conta Alvaro Augusto Andrade Mendes, pesquisador da Associação de Redução de Danos do Acre (Aredacre).

Droga mais letal que crack, provoca epidemia de vício pelo país‎

Um derivado da cocaína está provocando uma epidemia de vício na capital do Acre, Rio Branco, e está se espalhando pelo país. De acordo com reportagem em cinco páginas publicada na edição deste domingo do jornal "O Globo", a droga chamada de oxi é consumida e procurada por jovens e crianças de todas as classes socioeconômicas do estado da Região Norte. É possível ver viciados perambulando em todas as regiões da cidade.

Especialistas ouvidos pelo jornal informam que o derivado tem o poder de dependência no primeiro uso, causando efeitos devastadores no organismo humano: doenças no sistema renal, emagrecimento, diarreia, vômitos e até perda de dentes, por conta do processo corrosivo provocado pela presença dos combustíveis na composição do oxi. A reportagem também ouviu depoimentos de viciados em luta pela recuperação em Rio Branco.


"Você usa oxi uma vez, e quer usar duas, cinco, dez, vinte vezes. Com a droga, fiquei viciado também em jogo", afirmou Irivan Lima do Nascimento, de 25 anos. Ele diz que chegou a traficar e perder quatro motos oferecidas pelo pai (que é fazendeiro), tudo por conta do vício.

O nome é uma abreviação de "oxidado": trata-se de uma mistura de base livre de cocaína e combustível (como querosene ou gasolina). É semelhante ao crack por ser uma pedra branca fumada em cachimbo, que custa mais barato e mata mais rápido. A droga veio da Bolívia e do Peru e entrou no Brasil pelo Acre. Há relatos de que o oxi já tenha deixado viciados nos outros estados da Região Norte e também em Goiás, Distrito Federal, em alguns estados do Nordeste e em São Paulo (nas regiões conhecidas como "cracolândia"). Existe a suspeita de que a pedra já pode ser localizada no Rio de Janeiro, mas a polícia não tem registro de apreensões.

Especialistas ouvidos pelo jornal informam que o derivado tem o poder de dependência no primeiro uso, causando efeitos devastadores no organismo humano: doenças no sistema renal, emagrecimento, diarreia, vômitos e até perda de dentes, por conta do processo corrosivo provocado pela presença dos combustíveis na composição do oxi. A reportagem também ouviu depoimentos de viciados em luta pela recuperação em Rio Branco.

"Você usa oxi uma vez, e quer usar duas, cinco, dez, vinte vezes. Com a droga, fiquei viciado também em jogo", afirmou Irivan Lima do Nascimento, de 25 anos. Ele diz que chegou a traficar e perder quatro motos oferecidas pelo pai (que é fazendeiro), tudo por conta do vício. [correiodoestado.com.br/]

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Fique a vontade para comentar, só lembramos que não podemos aceitar ofensas gratuitas, palavrões e expressões que possam configurar crime, ou seja, comentários que ataquem a honra, a moral ou imputem crimes sem comprovação a quem quer que seja. Comentários racistas, homofóbicos e caluniosos não podemos publicar.