terça-feira, 12 de abril de 2011

Massacre na escola: "Fingi que estava morto", conta menino sobrevivente

"Fingi que estava morto", conta sobrevivente

Carlos Matheus, que levou três tiros do atirador Wellington Menezes de Oliveira, conta como escapou da morte na escola Tasso da Silveira


Carlos Matheus com a família: para sobreviver, ele figiu que estava morto
(Cecília Ritto)
A história do menino Carlos Matheus Vilhena de Souza, de 13 anos, se encaixa com a do colega Mateus Moraes, da mesma idade. O segundo é o aluno que ficou conhecido por ter sido poupado pelo assassino Wellington Menezes de Oliveira: “Relaxa, gordinho, não vou te matar”, disse o maníaco, pedindo passagem para abrir fogo contra outros alunos.

Carlos Matheus era quem estava logo atrás de Mateus, “o gordinho”. Ele foi baleado três vezes e foi operado às pressas no Hospital Albert Schweitzer, com outras vítimas do atirador. Na tarde desta segunda-feira, com o braço esquerdo ainda enfaixado, ele contou como escapou do matador.

“Eu fingi que estava morto. Caí no chão do lado da Laryssa (uma das meninas mortas). Depois ouvi a polícia gritando e percebi que tinha chegado ajuda. Depois, ouvi três tiros do lado de fora. Mais alguns minutos, um vizinho chegou e me levou para a ambulância", lembra Carlos Matheus.

Ele estava na segunda sala atacada por Wellington, onde estava a professora Patrícia. O assassino primeiro foi à sala da professora Leila. “A minha professora, quando viu o que era, se mandou. As meninas foram para trás da mesa da professora, por isso foram alvos fáceis. Depois de atingir as meninas, ele atirou em mim. Eu tinha ido para trás da carteira. Do aluno da frente, o gordinho, ele gostou e disse que não ia matar. Eu estava logo atrás dele. Ele mandou o Mateus sair, e deixar a frente livre para atirar em mim”, lembra o menino, ainda assustado.

"As meninas fora para trás da mesa da professora, por isso foram alvos fáceis. Depois de atingir as meninas, ele atirou em mim. Eu tinha ido para trás da carteira. Do aluno da frente, o gordinho, ele gostou e disse que não ia matar. Eu estava logo atrás dele”, conta Carlos Matheus


Wellington deu três tiros em Carlos Matheus. Um o acertou de raspão no peito. Outro no antebraço e outro no braço esquerdos. Acompanhado do pai, o motorista Carlos Alberto Vilhena de Souza, 35 anos, do irmão, Carlos Alberto, de 14, e da mãe, Carla, de 31, o pequeno sobrevivente tenta se livrar o trauma. Carlos Matheus não quer mais voltar para a Tasso da Silveira. Nem o irmão, que estuda no horário da tarde. O pai entende o pedido. “A gente queria que tudo isso fosse fácil, mas não é”, comenta.

Carla foi a primeira mãe a chegar ao Albert Schweitzer. Assim que soube da confusão na escola, ela correu para o portão da Tasso da Silveira. Lá, foi informada de que Carlos Matheus “já tinha ido”.

“Vim para casa, achando que ele tinha sido liberado. Meu cunhado avisou que ele estava no hospital. Ele estava subindo para a cirurgia. Peguei na mão dele, ele começou a chorar. Estava todo ensanguentado. Falei para ele ficar tranquilo, que não o largaria”, lembra Carla. A primeira noite foi a mais difícil. Carlos Matheus acordava gritando, com medo de o assassino voltar. “Ele queria saber quem eram os colegas que tinham morrido”, lembra a mãe.

Em casa, Carlos Matheus começa a tentar retomar a vida. Psicólogos orientaram a família a deixar que ele fale sobre o problema quando se sentir à vontade. É certo que as lembranças daquela quinta-feira talvez nunca mais o abandonem. Por enquanto, ele já tem um objetivo. “Prefiro mudar de escola e não quero ver mais aquela sala. Mas não quero perder esse ano. Repetir não dá”, diz, determinado.

Fonte: VEJA

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