Certas áreas do cérebro são reduzidas em psicopatas, diz especialista |
Para Nathalie Fontaine, professora assistente de justiça criminal da Universidade de Indiana, “crianças com altos níveis de traços de falta de empatia (callous-unemotional) e problemas de conduta entre 7 e 12 anos tendem a desenvolver hiperatividade e a viver em um ambiente caótico”. Isso, diz ela, é um risco potencial para a psicopatia em adultos.
“Se identificarmos essas crianças cedo, podemos ajudar a elas e a suas famílias” a prevenir comportamentos severamente antissociais, declarou Fontaine na conferência, segundo apresentação obtida pela BBC Brasil.
O jornal The Daily Telegraph cita estudos do professor e criminoligista britânico Adrian Raine que apontam que criminosos e psicopatas têm áreas do cérebro – como a amídala e o córtex pré-frontal – reduzidas.
Essas áreas controlam nossos impulsos, nossa cooperação social e nossas noções de moral.
Raine disse na conferência em Washington, segundo o Telegraph, que a ausência do medo da punição, que pode ser medida em bebês, também seria um indicativo de futuros comportamentos antissociais, e defende a importância de medições que identifiquem isso.
Riscos e ética
Fontaine, no entanto, enfatizou que suas descobertas não significam que algumas crianças com falta de empatia necessariamente se tornarão delinquentes, mas que a identificação precoce desses traços pode ajudá-las a lidar com o risco de comportamento antissocial.
Para ela, punições podem não ser eficazes para lidar com o problema. Uma possível solução é reforçar o comportamento positivo dessas crianças, em vez de castigar o negativo.
A pesquisadora examinou dados de mais de 9 mil gêmeos nascidos na Grã-Bretanha entre 1994 e 96, e cerca de um quarto deles apresentou níveis altos ou oscilantes de empatia.
De acordo com a apresentação de Fontaine, níveis ascendentes de falta de empatia estão associados a mais problemas comportamentais ao longo do crescimento.
Os dados analisados por ela indicam que os traços de falta de empatia derivam, na maioria das vezes, de influências genéticas, principalmente em meninos. Mas, no caso das meninas, fatores ambientais parecem exercer influência significativa.
Por isso, ela faz a ressalva de que suas conclusões se beneficiariam de avaliações desses fatores ambientais ou de risco, como negligência ou abuso infantil.
Segundo o Telegraph, a conferência abordou também as implicações éticas de se tratar crianças antes que elas tenham de fato feito algo errado, mas, para Raine, as causas biológicas do comportamento não podem ser ignoradas.
“Temos que buscar as causas do crime tanto nos níveis biológicos e genéticos como nos sociais”, disse o especialista.
BBC Brasil
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