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Chery Cielo foi assinado pela Pininfarina, famosa por desenhar Ferraris |
Para isso, algumas marcas recorrem à tradição italiana. O resultado dessa parceria é o 'italinês': carro baseado no consagrado design europeu, mas com detalhes bem orientais.
"Para serem aceitos inicialmente nesse mercado global, os chineses não podem nem exagerar na dose, nem pecar pela falta de atrativos, por isso o design italiano cai como uma luva, aliando a elegância e sensualidade dos países ocidentais, com sutis inserções de aspectos da cultura estética chinesa", afirma o professor Carlos Armando Castilho, do curso de Extensão em Design da Mobilidade da Fundação Armando Alvares Penteado (Faap).
Como já fizeram outras montadoras europeias e até americanas, as chinesas têm delegado a assinatura de vários de seus modelos aos mais renomados estúdios de design, como Pininfarina, Bertone e Torino, que viraram referência por desenhar as formas das marcas mais cobiçadas do mundo, entre elas Ferrari, Maserati e Lamborghini.
"Desde a antiguidade, os italianos cultuam o belo e buscam a perfeição da forma e da função. Por isso, sempre foram e continuam sendo os melhores quando o assunto é design de automóvel", diz o professor de Engenharia Mecânica da FEI, Ricardo Bock. "É muito difícil produzir um carro que agrade a todos os mercados e uma saída clássica é apelar para o design italiano, que tem traços mais harmônicos".
Estúdio que criou Ferraris
A Chery, que estreou no Brasil em 2009, lançou em território nacional, no ano passado, as versões hatch e sedã do Cielo, que são assinadas pela Pininfarina, famosa criadora de Ferraris, e o hatch médio Face, produzido pela Bertone, que tem no currículo uma extensa lista de carros da Alfa Romeo e Lamborghini.
Entre seus clientes chineses, o estúdio reúne, além da Chery, a JAC Motors, a Brilliance e a Hafei. De acordo com o professor Castilho, a Pininfarina já detém 30% do mercado chinês de engenharia e design.
"Design agrega muito valor ao produto e é um exportador de cultura, uma divulgação comercial do país", diz ele. "No caso dos chineses, o investimento no desenho da carroceria serve ainda como um aval de confiança do produto".
A JAC, que começa a vender seus veículos no Brasil neste ano, foi ainda mais longe e investiu em um centro de design em Turim, na Itália, em cooperação com o estúdio Pininfarina, e outro em Tóquio, no Japão, que se dedica ao interior dos carros.
"O centro em Turim conta com tecnologia de primeiro mundo e quase 60 designers de mais de 20 nacionalidades, todas coordenadas pela equipe da Pininfarina", conta Sérgio Habib, presidente do grupo SHC, importadora oficial da marca chinesa no Brasil.
O hatch do J3, que foi apresentado no Salão do Automóvel de São Paulo, é o primeiro modelo a desembarcar por aqui com a assinatura do centro de design italiano.
"Os chineses veem esse investimento como primordial para expandirem o mercado em todo mundo", diz Habib. "Isso mostra que eles não estão para brincadeira e pretendem conquistar a confiança e credibilidade em muito menos tempo do que os japoneses e sul-coreanos".
Gosto do consumidor chinês pesa
Assim como os japoneses, que introduziram no mercado os faróis que remetem ao olhar de um samurai, a China também quer impor a sua cultura para o mundo.
"Até pouco tempo, a maioria dos carros vendidos no mercado chinês era para o transporte de executivos, por isso eles têm a tendência de um padrão mais executivo, com grade dianteira mais imponente e faróis chamativos, claramente inspirados nos olhos de gueixa", afirma Castilho. "Se você olhar um Audi no mercado chinês, por exemplo, ele tem a dianteira muito mais robusta".
O interior também traz algumas particularidades. Nos modelos mais luxuosos, peças que imitam madeira são quase uma obrigatoriedade.
"Eles gostam muito da madeira por causa do requinte do material que geralmente é utilizado com metal", conta o professor da Faap. "A cabine dos chineses também é bastante clara e luminosa, independentemente do segmento, com peças claras contrastando com escuras, como é comum nos lares chineses".
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