sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

HPV: Maioria dos jovens são infectados

O famoso papiloma vírus, ou HPV, causador de mais de 200 tipos de doenças cutâneas na área genital, está em foco por um grupo de cientistas. Um estudo de casais inovador descobriu que mais da metade (56%) de jovens adultos em um novo relacionamento com sexo foram infectados pelo pequeno vilão. Liderada pelo biólogo brasileiro Eduardo Franco, diretor da Cancer Epidemiology Unit da Universidade de McGill, no Canadá, em parceria com colegas da Universidade de Montreal e do Centro Hospitalar da Universidade de Montreal, no mesmo país, a pesquisa trouxe à tona também que quase a metade desses (44%) foi infectada por um tipo do HPV que causa câncer.
Com o objetivo de determinar a preponderância de infecções de HPV entre casais recém-formados, foi realizado o HITCH Cohort Study (Infecção e Transmissão do HPV em Casais por atividade Heterossexual, na sigla em inglês), o primeiro em larga escala entre novos casais formados de jovens adultos, que foi conduzido pela dra. Ann Burchell, coordenadora do projeto e colega do dr. Eduardo Franco na Cancer Epidemiology Unit.


Os resultados foram publicados na edição de janeiro do periódico científico Epidemiology and Sexually Transmitted Diseases e indicam também que há uma grande probabilidade de transmissão do HPV entre parceiros. Em 42% dos casais foi observado que, quando um era portador do vírus, o outro também tinha a infecção. Além disso, os cientistas identificaram que a incidência do mesmo tipo do vírus nos membros do mesmo casal é bastante comum. Assim, se um parceiro tem o HPV, a chance da outra pessoa ser infectada com o mesmo tipo do vírus aumenta mais de 50 vezes.


O público participante da pesquisa são jovens mulheres que frequentam universidade ou CEGEPs (um sistema de educação pós-Ensino Médio requerido para ingressar no Ensino Superior na província de Quebec, no Canadá) em Montreal e seus parceiros. Os “novos casais” foram definidos como aqueles que estavam juntos havia seis meses ou menos. Os “pesquisados” responderam um questionário envolvendo sua história sexual, além de fornecer amostras genitais para testes laboratoriais para identificar a presença de infecção por HPV. O recrutamento ainda vai continuar, para aumentar ainda mais a escala da pesquisa.


A dra. Burchell conta que os resultados obtidos realçam a importância de programas de prevenção contra doenças associadas ao HPV, como exames periódicos para detectar câncer do colo do útero e programas de vacinação contra o agente infeccioso. “Nossas estimativas a respeito da probabilidade de transmissão do HPV serão úteis para outros pesquisadores usarem como modelo para traçar a estratégia da saúde pública e o impacto econômico de planos de vacinação contra o vírus”, destacou a dra. Burchell.


O HPV é sexualmente transmissível e causa câncer do colo do útero, além de outros cânceres, inclusive de vulva, vagina, ânus e pênis. Embora as infecções por HPV sejam bastante comuns, a vasta maioria delas é assintomática e não dura mais do que um ou dois anos. Outro ponto é que menos de 1% das mulheres que têm HPV terão câncer do colo do útero.


Mesmo assim, a ordem é se cuidar. O estudo mostrou como é fácil a transmissão do vírus entre os casais, inclusive (e principalmente) os recém-formados, o que é um fator de preocupação, pois mostra que o vírus se espalha em pouco tempo. “Os resultados sugerem que muitas transmissões do HPV acontecem no início dos relacionamentos, o que reforça a necessidade de prevenção”, sentenciou o dr. François Coutlée, da Universidade de Montreal, que também auxiliou a equipe de cientistas. [Science Daily]


HPV - Perguntas e respostas mais freqüentes



O que é HPV? É a sigla em inglês para papiloma vírus humano. Os HPV são vírus da famíliaPapilomaviridae, capazes de provocar lesões de pele ou mucosa. Na maior parte dos casos, as lesões têm crescimento limitado e habitualmente regridem espontaneamente.

Qual a relação entre os HPV e o câncer do colo do útero?Existem mais de 200 tipos diferentes de HPV. Eles são classificados em de baixo risco de câncer e de alto risco de câncer. Somente os de alto risco estão relacionados a tumores malignos.

Quais são eles?Os vírus de alto risco, com maior probabilidade de provocar lesões persistentes e estar associados a lesões pré-cancerosas são os tipos 16, 18, 31, 33, 45, 58 e outros. Já os HPV de tipo 6 e 11, encontrados na maioria das verrugas genitais (ou condilomas genitais) e papilomas laríngeos, parecem não oferecer nenhum risco de progressão para malignidade, apesar de serem encontrados em pequena proporção em tumores malignos.


Os HPV são facilmente contraídos?Estudos no mundo comprovam que 50% a 80% das mulheres sexualmente ativas serão infectadas por um ou mais tipos de HPV (Figura 2) em algum momento de suas vidas. Porém, a maioria das infecções é transitória, sendo combatida espontaneamente pelo sistema imune, principalmente entre as mulheres mais jovens. Qualquer pessoa infectada com HPV desenvolve anticorpos (que poderão ser detectados no organismo), mas nem sempre estes são suficientemente competentes para eliminar os vírus.


Como os papilomavírus são transmitidos?A transmissão é por contato direto com a pele infectada. Os HPV genitais são transmitidos por meio das relações sexuais, podendo causar lesões na vagina, colo do útero, pênis e ânus. Também existem estudos que demonstram a presença rara dos vírus na pele, na laringe (cordas vocais) e no esôfago. Já as infecções subclínicas são encontradas no colo do útero. O desenvolvimento de qualquer tipo de lesão clínica ou subclínica em outras regiões do corpo é bastante raro.


Como são essas infecções? As infecções clínicas mais comuns na região genital são as verrugas genitais ou condilomas acuminados, popularmente conhecidas como "crista de galo" (Fig. 3). Já as lesões subclínicas não apresentam nenhum sintoma, podendo progredir para o câncer do colo do útero caso não sejam tratadas precocemente.

Como as pessoas podem se prevenir dos HPV? O uso de preservativo (camisinha) diminui a possibilidade de transmissão na relação sexual (apesar de não evitá-la totalmente). Por isso, sua utilização é recomendada em qualquer tipo de relação sexual, mesmo naquela entre casais estáveis.

Como os papilomavírus podem ser diagnosticados?As verrugas genitais encontradas no ânus, no pênis, na vulva ou em qualquer área da pele podem ser diagnosticadas pelos exames urológico (pênis), ginecológico (vulva) e dermatológico (pele). Já o diagnóstico subclínico das lesões precursoras do câncer do colo do útero, produzidas pelos papilomavírus, é feito através do exame citopatológico (exame preventivo de Papanicolaou). O diagnóstico é confirmado através de exames laboratoriais de diagnóstico molecular, como o teste de captura híbrida e o PCR.

Onde é possível fazer os exames preventivos do câncer do colo do útero?Postos de coleta de exames preventivos ginecológicos do Sistema Único de Saúde (SUS) estão disponíveis em todos os estados do país e os exames são gratuitos. Procure a Secretaria de Saúde de seu município para obter informações.

Quais os riscos da infecção por HPV em mulheres grávidas?A ocorrência de HPV durante a gravidez não implica obrigatoriamente numa má formação do feto nem impede o parto vaginal (parto normal). A via de parto (normal ou cesariana) deverá ser determinada pelo médico após análise individual de cada caso.


É necessário que o parceiro sexual também faça os exames preventivos?
O fato de ter mantido relação sexual com uma mulher infectada pelo papilomavírus não significa que obrigatoriamente ocorrerá transmissão da infecção. De qualquer forma, é recomendado procurar um urologista que será capaz - por meio de peniscopia (visualização do pênis através de lente de aumento) ou do teste de biologia molecular (exame de material colhido do pênis para pesquisar a presença do DNA do HPV), identificar a presença ou não de infecção por papilomavírus.
Qual o tratamento para erradicar a infecção pelo papilomavírus?A maioria das infecções é assintomática ou inaparente e de caráter transitório. As formas de apresentação são clínicas (lesões exofíticas ou verrugas) e subclínicas (sem lesão aparente). Diversos tipos de tratamento podem ser oferecidos (tópico, com laser, cirúrgico). Só o médico, após a avaliação de cada caso, pode recomendar a conduta mais adequada 


Qual é o risco de uma mulher infectada pelo HPV desenvolver câncer do colo do útero?
Embora estudos epidemiológicos mostrem que a infecção pelo papilomavírus é muito comum (de acordo com os últimos inquéritos de prevalência realizados em alguns grupos da população brasileira, estima-se que cerca de 25% das mulheres estejam infectadas pelo vírus), somente uma pequena fração (entre 3% a 10%) das mulheres infectadas com um tipo de HPV com alto risco de câncer desenvolverá câncer do colo do útero.


Há algum fator que aumente o risco de a mulher desenvolver câncer do colo do útero?Há fatores que aumentam o potencial de desenvolvimento do câncer de colo do útero em mulheres infectadas pelo papilomavírus: número elevado de gestações, uso de contraceptivos orais (pílula anticoncepcional), tabagismo, pacientes tratadas com imunosupressores (transplantadas), infecção pelo HIV e outras doenças sexualmente transmitidas (como herpes e clamídia).

As Vacinas contra o HPV


O que é a vacina contra o HPV?
É a vacina criada com o objetivo de prevenir a infecção por HPV e, dessa forma, reduzir o número de pacientes que venham a desenvolver câncer de colo de útero. Apesar das grandes expectativas e resultados promissores nos estudos clínicos, ainda não há evidência suficiente da eficácia da vacina contra o câncer de colo do útero. Foram desenvolvidas duas vacinas contra os tipos mais presentes no câncer de colo do útero (HPV-16 e HPV-18). Mas o real impacto da vacinação contra o câncer de colo de útero só poderá ser observado após décadas. Há duas vacinas comercializadas no Brasil. Uma delas é quadrivalente, ou seja, previne contra os tipos 16 e 18, presentes em 70% dos casos de câncer de colo do útero e contra os tipos 6 e 11, presentes em 90% dos casos de verrugas genitais. A outra é específica para os subtipos 16 e 18.

Qual o impacto desta nova tecnologia para a política de atenção oncológica e para o SUS?
É fundamental deixar claro que a adoção da vacina não substituirá a realização regular do exame Papanicolaou (preventivo). Trata-se de mais uma estratégia possível para o enfrentamento do problema. Ainda há muitas perguntas relativas à vacina sem respostas:
- Ela só previne contra as lesões pré-cancerosas ou também contra o desenvolvimento do câncer de colo de útero?
- Qual o tempo de proteção conferido pela vacina?
- Levando-se em conta que a maioria das infecções por HPV é facilmente debeladas pelo sistema imunológico, como a vacinação afeta a imunidade natural contra o HPV?
- Como a vacina afeta outros tipos de HPV associados ao câncer de colo de útero?
- Se os tipos 16 e 18 forem efetivamente suprimidos, outros tipos podem emergir como potencialmente associados ao câncer de colo do útero?
Todas essas perguntas precisam ser respondidas antes de a vacinação ser recomendada como política de atenção oncológica.
Um comitê de Acompanhamento da Vacina, formado por representantes de diversas instituições ligadas à Saúde e liderado pelo INCA, avalia, periodicamente, se é oportuno recomendar a vacinação em larga escala no país. Até o momento, o comitê decidiu pela não incorporação da vacina contra o HPV no Programa Nacional de Imunizações (PNI).

Como a vacina funciona?Estimulando a produção de anticorpos específicos para cada tipo de HPV. A proteção contra a infecção vai depender da quantidade de anticorpos produzidos pelo indivíduo vacinado, a presença destes anticorpos no local da infecção e a sua persistência durante um longo período de tempo.



Existe risco de infecção pela vacina?
Não. No desenvolvimento da vacina conseguiu-se identificar a parte principal do DNA do HPV. Depois, usando-se um fungo (Sacaromices cerevisiae), obteve-se apenas a “capa” do vírus, que mostrou induzir fortemente a produção de anticorpos quando administrada em humanos.

Qual o tempo de proteção após a vacinação?
A duração da imunidade conferida pela vacina ainda não foi determinada, visto que só começou a ser comercializada no mundo há cerca de dois anos. Até o momento, só se tem convicção de cinco anos de proteção. Na verdade, embora se trate da mais importante novidade surgida na prevenção à infecção pelo HPV, ainda é preciso delimitar qual seu alcance sobre a incidência e a mortalidade do câncer de colo do útero.



A forma como as informações sobre o uso e a eficácia da vacina têm chegado à população brasileira é adequada?
Não. É preciso que fabricantes, imprensa, profissionais e autoridades de saúde estejam conscientes de sua responsabilidade. É imprescindível esclarecer sob que condições a vacina pode se tornar um mecanismo eficaz de prevenção para não gerar uma expectativa irreal de solução do problema e desmobilizar a sociedade e seus agentes com relação às políticas de promoção e prevenção que vêm sendo realizadas. Deve-se informar que, segundo as pesquisas, as principais beneficiadas serão as meninas antes da fase sexualmente ativa, que as mulheres deverão manter a rotina de realização do exame Papanicolaou e que, mesmo comprovada a eficácia da vacina e sua aplicação ocorra em larga escala, uma redução significativa dos indicadores da doença pode demorar algumas décadas.
Em caso de dúvida, envie sua pergunta para o contato@inca.gov.br




Infecção por HPV na gravidez

O que se deve saber sobre HPV, verrugas genitais e gestação?



Devido às alterações hormonais que ocorrem durante a gestação, as verrugas podem aumentar em tamanho e número. Somente se as lesões forem muito grandes a ponto de interferir na passagem do bebê pelo canal de parto, é que a cesariana poderá ser indicada. Caso contrário, lesões pequenas, microscópicas ou latentes não contra-indicam o parto vaginal.


Quanto aos bêbes de mães que possuem verrugas genitais, na grande maioria estes nascem saudáveis, existindo risco mínimo de desenvolverem verrugas no futuro.


É muito importante que a gestante informe ao seu médico, durante o pré-natal, se ela ou seu parceiro sexual já tiveram ou têm HPV.


- QUEM TEM INFECÇÃO PELO HPV PODE ENGRAVIDAR?

A infecção genital por HPV por si só não contra-indica uma gravidez, se existirem lesões induzidas pelo HPV (tanto verrugas genitais como lesões em vagina e colo) o ideal é tratar primeiro e depois engravidar. 


Se ocorrer a gravidez na presença destas lesões não existe grandes problemas, porém as verrugas podem se tornar maiores em tamanho e quantidade devido ao estímulo hormonal característico da gestação e existir maiores dificuldades no tratamento.


Existe a possibilidade do HPV ser transmitido para o feto ou recém-nascido e causar verrugas na laringe do recém-nascido e/ou verrugas na genitália. O risco parece ser maior nos casos de lesões como as verrugas genitais, mesmo nestes casos o risco de ocorrer este tipo de transmissão é baixo. 


- QUEM TEM INFECÇÃO PELO HPV, VERRUGAS GENITAIS OU NIC(NEOPLASIA INTRA-EPITELIAL CERVICAL) PODE AMAMENTAR?


Para que ocorra a transmissão do HPV são necessários o contato pele-a-pele e algum tipo de ferida para que o vírus penetre na pele (a situação ideal é a relação sexual, além do contato pele-a-pele, existe a fricção do pênis na vagina que acaba fazendo microtraumatismos - imperceptíveis a olho nu - que permitem a entrada do vírus na pele). 


Assim, se os seios da mãe não têm lesão por HPV não existe risco de transmissão do HPV durante o aleitamento materno.


Fonte: Bayer Schering

Um comentário:

  1. preciso tirar uma duvida , sou casada ha 10 anos , sempre tive relaçao so com meu marido quando engravidei tambem a 8 anos atras nao foi detectado nada, a acabo de fazer uma conizaçao , estava com nic 3 e agora , como ele se instalou em mim? qual sera o proximmo passo , eu estou curada? o virus ainda existe?
    brasilia df

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