A UnB deve montar uma comissão de sindicância para apurar o trote, informou o reitor José Geraldo de Sousa Junior. 'A comissão não terá um caráter demonizador, mas educador', disse ele, observando que será investigado se houve lesão corporal ou atentado ao pudor. Os alunos que participaram serão ouvidos e estão sujeitos a penalidades como suspensão e expulsão.
A secretaria foi informada do episódio por denúncia feita à ouvidoria. Um ofício foi encaminhado à UnB e ao Ministério Público Federal, solicitando providências a respeito do caso.
Para a estudante Luísa Wirthmann, caloura de Agronomia, a 'brincadeira' da qual participou foi 'inofensiva'. 'Não me senti humilhada, não entendo essa repercussão. Não faz sentido o argumento de que tentamos denegrir a imagem da mulher numa brincadeira fechada de um curso. Colocar mulheres rebolando na TV todo sábado é bem pior.'
O trote com a linguiça já ocorreu outras vezes, segundo o presidente do Centro Acadêmico de Agronomia, Caio Batista. 'O pessoal dentro do curso fez e não se sentiu agredido. Aí vem gente de fora e faz interpretação negativa, vendo humilhação onde não tem.' Questionado se teve de lamber linguiça e leite condensado ao entrar na UnB, o estudante respondeu que, quando calouro, participou de uma 'briga de bode' numa lona de sabão.
Secretaria de Políticas para Mulheres pede explicações sobre trote na UnB Alunas teriam participado de brincadeira com linguiça e leite condensado.
Diretor repudia ato e Centro Acadêmico diz que prática é tradição.
aulo Guilherme
Do G1, em São Paulo
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Alunos de agronomia da UnB participam do trote (Foto: Luiz Filipe Barcelos/UnB Agência/Divulgação) |
Para a secretária Nacional de Enfrentamento à Violência Contra as Mulheres, Aparecida Gonçalves, o trote incita o preconceito contra a mulher. “Recebemos uma foto de uma menina ajoelhada lambendo o salsichão com leite condensado em cima, dando a entender que era um sexo oral. Não é um trote e educativo e leva à questão da violência, da submissão da mulher, da subordinação. É um trote que efetivamente não ajuda a construir uma nova relação entre homens e mulheres”, afirmou.
Aparecida Gonçalves disse esperar que a UnB estabeleça regras para a prática do trote que inibam atos de agressão e humilhação. “Estamos aguardando a resposta. Espero que seja apurado, que a universidade tenha uma postura de discutir com seus alunos e apurar. A reitoria pode dizer o que não deve ser feito no trote, para evitar discriminação e violência. Pode determinar normas e regras do que é aceitável nos trotes”, disse.
Reitor diz que situação não é tolerável
O reitor da UnB José Geraldo de Sousa Junior declarou, em despacho, que “as fotos traduzem atos de violência e discriminação contra as mulheres. Elas mostram a diminuição da dignidade e violam a ética da convivência comunitária”.
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Sousa Junior disse ao G1 que vai propor uma reorganização de conduta dos supostos estudantes envolvidos, pois a situação não é algo que se tolere. "No limite estes alunos podem ser expulsos. Espero que isso não aconteça porque a função da universidade é incluir, não excluir." Segundo o reitor, a intenção é de que os "trotes sujos" - que reduzem a dignidade humana e usam violência - sejam susbtituídos pelo trote cidadão.
"Estes são configurados por plantios de árvores, doação de sangue e medula e recolhimento de roupas e alimentos para doações. Estas ações já são predominantes na UnB. A mobilização é para que esta seja uma prática generalizada e haja uma mudança no eixo de acolhimento [dos calouros]", afirmou Sousa Junior.
O trote envolveu alunos que entraram na faculdade no meio do ano passado. Em entrevista ao G1, o diretor da FAV, Cícero Lopes da Silva, disse que em setembro a direção da faculdade reuniu os estudantes para pedir a não realização dos trotes e alertar os calouros a não participarem de brincadeiras a contragosto.
Trote de alunos de agronomia (Foto: Luiz Filipe Barcelos/UnB Agência/Divulgação) |
Caio Batista, presidente do Centro Acadêmico de Agronomia, disse ter ficado surpreso com a repercussão do caso e desconhece quem pode ter feito denúncia. “Querem criar uma situação de fora para dentro. Este negócio com a linguiça é antigo, todo mundo conhece e ninguém é obrigado a participar”, afirma, alertando que o Centro Acadêmico não é responsável pela organização do trote. “Já tivemos alunos que não puderam participar do trote em semestres anteriores e vieram aqui participar.” Segundo ele, dos 80 calouros, apenas metade participou da brincadeira.sexo oral
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