RIO - Quase todas as mulheres querem mais beleza no dia a dia. E não há nada melhor do que a mãozinha que ciência dá, aperfeiçoando os procedimentos estéticos e trazendo mais segurança aos tratamentos. Ainda assim, há muitos mitos quando o tema é rejuvenescimento facial. Para esclarecê-los, consultamos duas dermatologistas, Bhertha Tamura, de São Paulo, e Juliana Neiva, do Rio, que falam sobre o uso cada vez mais comum da toxina botulínica, o botox, para as técnicas de preenchimento facial de rugas estáticas, para a reposição de volume e para a atenuação das rugas dinâmicas.
1 - A toxina botulínica tipo A pode ser utilizada para aumentar o volume dos lábios?
Segundo a dermatologista Bhertha Tamura, não, porque ela não tem a capacidade de aumentar o volume dos lábios. Ela serve para relaxar a musculatura onde é injetada, tratando as rugas de expressão, como as que se formam ao redor da boca. O tratamento indicado para aumento de volume dos lábios é o preenchimento labial que, além do volume, também pode ser utilizado para a redefinição de contorno.
A dermatologista Juliana Neiva destaca que nesta região dos lábios, a aplicação deve ser muito cautelosa e em pouca quantidade, para evitar efeitos colaterais desagradáveis, como a dificuldade em sugar um alimento líquido.
2 - A toxina botulínica tipo A pode paralisar o músculo, deixando o paciente sem expressão?
A questão é controversa. Bhertha garante que não, porque ela é aplicada diretamente no músculo responsável pela formação da ruga e atua relaxando a musculatura. Este relaxamento pode ser mais ou menos intenso, dependendo da dosagem e da técnica de aplicação. Atualmente, o tratamento é individualizado e considera as características e as expectativas de cada caso. Mas Juliana Neiva adverte que pode deixar, sim, a pessoa com menos expressão, o que não é um efeito desejável. Segundo ela, o ideal é levar a um relaxamento que deixe um aspecto mais natural.
3 - A toxina botulínica tipo A vicia?
Neste caso, as duas dermatologistas pensam igual: não existe nenhuma evidência científica de que a aplicação da toxina botulínica tipo A cause dependência ou vício. Juliana Neiva explica que o que pode ocorrer é uma dependência psicológica, daí a importância do dermatologista em adequar a dose e o tempo certo de reaplicação.
4 - Os cremes anti-rugas oferecem resultados similares ao tratamento com a toxina botulínica tipo A?
Bhertha diz que não
- Apesar de muitos cremes prometerem resultados iguais aos obtidos com a aplicação de toxina botulínica tipo A, este é mais um mito. Primeiramente é importante reforçar que não existe nenhum creme com toxina botulínica tipo A em sua formulação. Além disso, os cremes agem superficialmente na pele, melhorando a hidratação e atenuando as rugas mais finas. Já a toxina atua diretamente no músculo responsável pela formação das rugas de expressão. Portanto, os cremes atuam de forma diferente e não são capazes de reproduzir resultados comparáveis à toxina botulínica tipo A - explica a dermatologista paulista.
5 - A toxina botulínica tipo A pode substituir uma cirurgia plástica?
Não. Mas segundo Juliana Neiva, a toxina tipo A pode complementar a cirurgia plástica, tornando-a menos invasiva. E para Bhertha, as aplicações podem postergar a necessidade de uma intervenção cirúrgica, pois além de atenuarem as rugas de expressão, podem prevenir o surgimento de novas rugas pela reeducação da mímica facial.
6 - Qual a diferença entre as rugas estáticas e dinâmicas?
Ruga dinâmica é a ruga que aparece na face quando contraímos os músculos da expressão do rosto (por exemplo, quando ficamos bravos, contraímos os músculos da região entre as sobrancelhas - a glabela) ou os pés de galinha, quando sorrimos. As estáticas são aquelas que aparecem na fronte, pés de galinha ou outras regiões quando estamos em repouso, sem contrair nenhum músculo, explica Bhertha. Para Juliana Neiva, as estáticas representam um grau maior de envelhecimento.
7 - Por que o rosto perde volume ao longo dos anos?
Devido à degradação do ácido hialurônico, uma substância produzida naturalmente pelo organismo, presente na pele humana e que cumpre a função de reter água, além de deixar a pele mais hidratada e volumosa. Com o envelhecimento, o ácido hialurônico natural presente na pele se degrada e, por outro lado, o organismo humano diminui sua capacidade de repor esta substância, explica Bhertha. Juliana diz que há também uma redistribuição da gordura do rosto além da reabsorção óssea.
8- Os efeitos da toxina botulínica são imediatos?
Não. Os primeiros efeitos poderão ser observados entre de 48 a 72 horas imediatamente após o procedimento, garante Bhertha.
- Mas serão observados de forma mais completa em aproximadamente duas semanas. A duração total do efeito é de aproximadamente de quatro a seis meses, dependendo da resposta individual do paciente, da técnica de aplicação e da dosagem aplicada - explica a dermatologista.
9- O procedimento é realizado em todo tipo de clínica?
Não, enfatiza Bhertha. Este é um procedimento médico que requer conhecimento, técnica e habilidade por parte do especialista. O paciente deve procurar um médico experiente e capacitado na técnica de aplicação
10- Qual o intervalo recomendado entre cada aplicação?
- Os efeitos duram de 4 a 6 meses. Depois, o médico pode recomendar uma nova aplicação e a continuidade do tratamento. Ou, muitas vezes, o próprio paciente procura o seu médico antes deste prazo solicitando um novo tratamento. Se isso for possível, ele pode ser antecipado - diz Bhertha.
11- A aplicação é dolorida?
As dermatologistas garantem que a aplicação é praticamente indolor e normalmente feita com agulhas bem finas (tipo de insulina). Para pacientes mais sensíveis, pode ser utilizado um anestésico tópico local. Juliana Neiva explica que em sua clínica há um aparelho que refresca a pele, proporcionando o efeito anestésico.
12 - Existe toxina botulínica em creme?
Bhertha garante que não existe nenhum creme que apresente toxina botulínica tipo A em sua formulação. Os cremes atuam superficialmente sob a pele, melhorando sua hidratação e atenuando aquelas rugas bem fininhas. Mas Juliana Neiva explica que foi lançado nos EUA um produto com essa promessa, entretanto seus efeitos não se comparam aos do produto injetável e ainda não tem comprovações científicas.
13 - Qual a idade mínima para fazer esse tipo de tratamento pela primeira vez?
Não existe uma idade mínima para o início do tratamento. O mais importante é ter a indicação apropriada para o tratamento.
O Globo
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