sexta-feira, 22 de março de 2013

Vídeo mostra início de incêndio que matou 241 em boate do Rio Grande do Sul

Vídeo mostra início de incêndio que matou 241 pessoa em boate do Rio Grande do Sul. 
Inquérito foi apresentado pela Polícia Civil nesta sexta. Nove pessoas vão responder por homicídio qualificado, entre sócios da boate e músicos da banda que soltaram sinalizadores em local fechado

Um vídeo que mostra o início do incêndio que matou 241 pessoas e deixou outras 623 feridas na boate Kiss foi apresentado nesta sexta-feira pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul. A incêndio ocorreu na madrugada do dia 27 de janeiro,  no município de Santa Maria. As imagens mostram que o fogo se espalhou pelo local rapidamente e que, em poucos segundos, a fumaça tomou conta de todo o ambiente.

Veja o vídeo:   
No dia do incêndio acontecia uma festa universitária. A maioria das vítimas não tinha mais de 30 anos. No vídeo, é possível acompanhar a correria do público quando o teto começa a pegar fogo.

Durante entrevista coletiva, o delegado Marcelo Arigony, responsável pelo inquérito, criticou o fato dos músicos não anunciarem o incêndio pelo microfone. A Polícia Civil relacionou 35 pessoas como culpadas diretas ou indiretas pela tragédia, sendo que nove delas devem responder por homicídio qualificado, incluindo músicos da banda Gurizada Fandangueira, que soltaram o sinalizador responsável pelo incêndio, e sócios da boate.

Entre os citados também estão o secretário municipal de Meio Ambiente, Luiz Alberto Carvalho Junior, e o chefe de Fiscalização da Secretaria de Mobilidade Urbana, Beloyannes Orengo de Pietro Júnior, que vão responder por homicídio culposo. Além disso, a polícia enviou indicativo ao Tribunal de Justiça para que o prefeito de Santa Maria, César Schirmer, seja julgado por improbidade administrativa, uma vez que a falta de fiscalização municipal também é considerada uma das causas para a tragédia. A polícia não descarta incluir o prefeito como indiciado por homicídio culposo.

Da mesma forma, nove bombeiros responsáveis pela liberação de alvarás de funcionamento serão investigados pela Justiça Militar.

Inquérito

Os delegados Marcelo Arigony e Sandro Meinerz entregaram o inquérito que investigou a tragédia à 1ª Vara Criminal, no Fórum de Santa Maria, no início da tarde desta sexta-feira, 22. A peça tem cerca de dez mil páginas e aponta as causas e nomes dos responsáveis pelo incêndio.

Foto: Deivid Dutra/AE
 O incêndio ocorreu em janeiro, quando ocorria uma
festa universitária na boate Kiss
Depois de ser recebido pela Justiça, o inquérito será encaminhado ao Ministério Público (MP) do Rio Grande do Sul. A expectativa é que os documentos cheguem às mãos dos promotores na segunda-feira (25). De acordo com a assessoria de imprensa do MP gaúcho, três promotores analisarão o inquérito sob as óticas criminal e cível. Um deles, o promotor Joel Dutra, informou que deve denunciar os responsáveis pelo incêndio por homicídio doloso qualificado – em que a pessoa assume o risco por sua atitude, mesmo sabendo que a conduta pode resultar em morte.

De acordo com o delegado, a Justiça deve priorizar, em um primeiro momento, o processo contra as  quatro pessoas que foram presas: os proprietários da boate, Elissandro Callegaro Spohr e Mauro Hoffman, o vocalista da banda Gurizada Fandangueira, Marcelo de Jesus dos Santos, e o produtor Luciano Augusto Bonilha Leão. Na avaliação de Dutra, os proprietários e os dois músicos agiram sem se importar com a segurança do público. Segundo ele, em outra fase, agentes públicos, a prefeitura e o estado também poderão ser denunciados.

As conclusões da investigação

 O fogo teve início por volta das 3 horas da madrugada do dia 27/01, no canto superior esquerdo do palco (na visão dos frequentadores), deflagrado por uma faísca de fogo de artifício (chuva de prata) empunhado por um integrante da banda Gurizada Fandangueira.
 O extintor de incêndio, localizado ao lado do palco da Boate, não funcionou no momento do início do fogo.
 A boate Kiss apresentava uma série das irregularidades quanto aos alvarás.
 Havia superlotação: no mínimo 864 pessoas estavam no interior da boate.
 A espuma utilizada para isolamento acústico era inadequada e irregular, feita de poliuretano.
As grades de contenção (guarda-corpos) existentes na boate atrapalharam e obstruíram a saída de vítimas.
A boate tinha apenas uma porta de entrada e saída.
Não havia rotas adequadas e sinalizadas para a saída em casos de emergência.
As portas apresentavam unidades de passagem em número inferior ao necessário.
Não havia exaustão de ar adequada, pois as janelas estavam obstruídas.


(Com informações da Agência Brasil)

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