terça-feira, 14 de agosto de 2012

Abuso em festa na praia vira humilhação na internet


Abuso em festa na praia vira humilhação na internet
Vídeo com adolescente embriagada fazendo sexo é lançado no Facebook

O vídeo de uma adolescente embriagada simulando (ou fazendo) sexo oral durante uma festa na Praia de Camburi, em Vitória, ganhou a internet e expôs a jovem a uma série de humilhações nas redes sociais.

As cenas foram registradas no último sábado, durante a realização do Psycos Proges (PVT) – evento de música eletrônica –, no segundo píer da orla. A festa foi organizado por jovens no Facebook e tinha a classificação livre. Cada um levou sua bebida. Segundo um dos frequentadores, 70% do público eram formados por menores de idade.

Também foi no Facebook que a jovem, aluna do 1º ano do ensino médio de uma escola da rede estadual, se viu ainda mais exposta. Uma página falsa foi criada com sua foto e com a seguinte definição: “Quem tava na pvt de sábado vai entender”.  Até o fim da noite de ontem, 1.855 pessoas já haviam “curtido”.

No perfil, uma série de publicações ridicularizava o gesto da adolescente. A resposta veio em sua página pessoal, onde ela se defendeu: alegou que estava bêbada e chegou a dizer que o vídeo iria destruir sua vida. “A esta pessoa que divulgou o vídeo espero que Deus dê um belo castigo. Minhas lágrimas são muito preciosas para chorar por pouca coisa”.

Menores
Nas últimas duas semanas, festas abertas têm se tornado comuns na orla de Camburi. Apesar de os organizadores prometerem não haver violência, o funcionário de um posto de gasolina que fica próximo ao local aponta que brigas, discussões e muita bebida marcam os eventos. “O tempo todo é adolescente tentando comprar bebida. A gente pede identidade, e poucos têm”, diz uma vendedora.

Frequentador do calçadão e morador de Jardim Camburi, Jurandir Almeida, 79, conta que, na manhã de domingo, o cenário na praia, próximo ao local onde a festa foi realizado, era de caos: “Muita sujeira, garrafas jogadas e cheiro ruim”. As associações de moradores de Jardim Camburi e Mata da Praia apontaram que nunca receberam reclamações sobre a festa. “Mas é melhor prevenir antes que os problemas ganhem proporções gigantescas”, diz Anael Rodrigues, representante de Jardim Camburi.

Juizados só vão atuar em parceria com a Polícia Militar
Ao tomar conhecimento das festas com a participação de menores no Píer de Camburi, a coordenadora das Varas da Infância e Juventude, juíza Janete Pantaleão, enviou uma notificação para que a Vara de Vitória faça uma averiguação no local. “Se houver adultos aliciando menores nessas festas, a polícia será acionada de imediato. Se forem todos menores, eles serão recolhidos e seus pais serão responsabilizados”, afirma a juíza.

Depois de receber a notificação, o juiz da Vara da Infância e Juventude de Vitória, Paulo Roberto Luppi, afirmou apenas ser possível a Vara atuar em parceria com outros órgãos como Polícia Militar e a Abordagem da Assistência Social da Capital. “A princípio, seria uma fiscalização em conjunto porque é uma festa sem espaço definido, em via pública, portanto é um problema da área pública”, resume.

Por sua vez, a secretária da Assistência Social da prefeitura, Ana Maria Petronetto, diz que vai analisar a situação com o Conselho Tutelar. “Eu não tinha conhecimento dessas festas, mas com certeza é um fenômeno novo e que nos surpreende”, diz. O capitão da PM, André Luís Moreira Lopes, também anunciou um reforço no policiamento nos próximos eventos. “Pelo fato de estar afetando a segurança pública, estamos monitorando tudo na internet e queremos impedir, inclusive, que novas festas ocorram”, afirma.

Dono de perfil falso pode ser autuado
O titular da Delegacia de Repressão aos Crimes Eletrônicos (DRCE), Jeremias dos Santos, diz que a pessoa responsável por criar o perfil falso da adolescente no Facebook pode ser acusada de falsa identidade, crime cuja punição varia de três meses a um ano de prisão.

“Se o perfil é de uma pessoa real, na qual é identificada inclusive com fotografia, o responsável está cometendo o crime de falsa identidade, pois se faz passar por ela. Quem produziu e divulgou as imagens da adolescente fazendo ou simulando sexo também pode ser enquadrado pelo crime de pornografia. A pena pode chegar a seis anos de reclusão”, afirma o delegado.

A criação de perfil falso em redes sociais já somam  46 casos na DRCE, de janeiro a junho deste ano. Isso corresponde a 13,8% das denúncias que a polícia recebeu neste primeiro semestre. “Os perfis falsos são criados por pessoas conhecidas e motivados por vingança. Surgem de relacionamentos terminados, colegas de escola ou mesmo vizinhos”, diz Jeremias.

Organizadores colocam a culpa no  funk
Em sua página no Facebook, a organização da Psycos Proges (PVT) atribuiu ao funk a culpa pela confusão e decidiu cancelar a próxima edição do evento, que estava marcada para o próximo sábado.

Segundo Lucas Mofati, um dos organizadores do evento, “estava ocorrendo tudo bem até um certo ponto da noite, quando começou o funk”. Ele prossegue afirmando que quando “os carros de funk chegaram, começaram as baixarias e brigas”. A divulgação da festa do último sábado prometia que não haveria esse ritmo.

Lucas sinalizou aos membros da comunidade que da próxima vez será diferente: “Vamos criar eventos fechados, que provavelmente serão realizados em outubro”.

O outro organizador do evento, Pablo Milãnez, também se manifestou na página do grupo. Coube a ele dizer que o  Psycos Proges não será mais realizado na praia. “Agora só em local fechado e com maiores de idade”, garantiu.

A próxima edição foi remarcada para o dia  8 de setembro.  Será cobrado R$ 20 de entrada para homens e R$ 15 para as mulheres. [A Gazeta]



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