sexta-feira, 25 de maio de 2012

Para seguir os ensinamentos cristãos, dizem especialistas, é preciso superar o medo e a distância


Para seguir os ensinamentos cristãos, dizem especialistas, é preciso superar o medo e a distância



Um mundo marcado pelo crescimento do individualismo, do consumismo e dos relacionamentos virtuais - onde o próximo está cada vez mais distante -, os ensinamentos que deram origem ao cristianismo parecem desatualizados. Mas há quem garanta que mais de dois mil anos depois, ainda é possível viver como Jesus: amando, perdoando, sendo solidário.

O desafio, como pontua Vitor Nunes Rosa, teólogo e professor da Faesa, é romper com os obstáculos da modernidade: a distância, o medo, a competição, a valorização do ter. "Houve um afastamento dos propósitos iniciais cristãos e é preciso recuperá-los", destaca.

Em qualquer época nunca foi fácil ser uma pessoa como Jesus, com propostas de mudanças contrárias aos interesses da maioria. A dificuldade hoje, pondera Júlio Zabatiero, doutor em Teologia e professor da Faculdade Unida, é que poucos aceitam trabalhar para o bem-estar do outro. "Mas é preciso reconhecer que não há um abismo entre a sua felicidade e a do outro. É possivel compatibilizar essas realidades", assinala.

Legítima

Zabatiero acrescenta que a mensagem pregada há mais de dois mil anos e transmitida pelos evangelhos ainda é legítima. E embora nem sempre sejam praticados, alguns valores - como solidariedade e fraternidade - acabaram sendo incorporados pela democracia.

O problema, como pondera Valdeci Auer, especialista em Psicologia do Comportamento e professor da Faesa, é que as pessoas esperam grandes ações. Mas o trabalho de Jesus também foi de formiguinha, com mudanças individuais e que não estão distantes da realidade. "Esquecemos do básico que afeta as nossas relações", pondera.

Ele se refere a pequenas ações, como ceder um lugar no ônibus, dar vez a um idoso, ser solidário com quem nos rodeia, dar a vez no trânsito. Esse ainda é o caminho, acrescenta Auer, para se obter uma sociedade mais justa e mais humana.

A diarista que perdoou os assassinos dos seus filhos

Nas mãos, ela traz o versículo bíblico que resume a sua transformação: a fé. Foi ela que ajudou a diarista Rosângela Machado, 49 anos, a conseguir o que parecia impossível: perdoar os assassinos de dois, dos três filhos que perdeu antes que completassem 19 anos. "Vivia aterrorizada, com dor, desprezo e ódio no coração", conta. Foram necessários anos de oração e a compreensão de que é humana e de que também pode cometer erros. "Não foi fácil, mas me considero uma vitoriosa", assinala. Seu objetivo agora é mostrar aos que mataram um novo caminho, longe da vida de crimes. "Não vou trazer meus filhos de volta, mas posso ajudar a mudar a vida de alguém", ensina Rosângela, fiel seguidora dos ensinamentos de Yeshua, como chama Jesus, em hebraico.

Vilmara Fernandes (A Gazeta)

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