quinta-feira, 3 de maio de 2012

Garotos de programa. Sigilo numa pulada de cerca


Sigilo e prazer, nessa ordem, é o que exigem as mulheres que procuram garotos de programa.  No lucrativo mercado do sexo, a maioria dos acompanhantes heterossexuais está na faixa dos 20 aos 30 anos e tem o corpo atlético. Nos grandes centros, arrecadam pelo menos R$ 5 mil mensais, mas não são raros os casos em que o faturamento bate nos R$ 20 mil. A elite do mercado não está nas ruas. É contratada por meio de classificados virtuais, atende chamados por celular ou na base do boca-a-boca entre amigas, que se reúnem em festinhas privês para assistir a shows de strip-tease e, quem sabe, esticar a noite com algum bonitão. Rob de Luka, 21 anos, é um dos que ganham a vida dançando e seduzindo grupos de mulheres. “Às vezes me assusto quando chego a uma festa com 30, 40 mulheres enlouquecidas.”

Os tops da categoria nem precisam divulgar o trabalho. A clientela feminina costuma ser fiel. Se gostam, tornam-se clientes fixas e dão muitos presentes a seus amantes. Em geral, elas querem parceiros experientes para satisfação sexual garantida. Mas também podem pagar por uma companhia no supermercado e até por um “namorado” para ir ao cinema e apresentar às amigas. “Cheguei na casa de uma cliente no meio de um chá da tarde. Quando entrei, ela gritou para as amigas: ‘Meu namorado chegou!’ Dei um beijo na boca e posei de namoradinho”, diz Rodrigo Dantas, 23 anos, na atividade há quatro. Ele foi casado com uma garota de programa e garante amar o que faz.

O perfil das clientes é amplo. A maioria é casada e prefere um amante pago pela garantia de sigilo na pulada de cerca. “Elas sabem que, se a gente encontrá-las, vai fingir que não viu”, explica Mike Alves, 32 anos, personal trainer, dançarino e garoto de programa. A idade das clientes varia de 25 a 50 anos, mas também aparecem algumas com 60 e até 70. São profissionais bem-sucedidas, casadas ou herdeiras de homens abonados. “São executivas, advogadas, médicas, professoras e muitas garotas de programa”, contam. Todos admitem: neste ramo, a mistura de trabalho e emoção é comum. Quando isso ocorre, eles oferecem desconto ou deixam de cobrar e elas não aceitam. As moças exigem muito galanteio, carinho e preliminares. Nada de ir direto ao assunto. Profissional que não sabe disso não sobrevive no mercado.

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