Ana Cristina Pimentel, mãe de Eloá, chega para o julgamento do acusado pela morte de sua filha, Lindemberg Alves. Foto: Reinaldo Marques/Terra
A mãe de Eloá Pimentel - assassinada em 2008 após mais de 100 horas de cárcere privado em Santo André -, Ana Cristina Pimentel, afirmou na manhã desta segunda-feira, minutos antes do julgamento de Lindemberg Alves, acusado pela morte da filha, que a justiça só será feita com a condenação do réu.
Emocionada, ela disse que será muito difícil acompanhar o julgamento e que espera que o caso se resolva, pelo menos, na esfera criminal. "O que se espera é que haja uma definição e que ele seja condenado." Ana Cristina afirmou não ter conseguido dormir nesta noite e que a sua única expectativa é que seja feita justiça, mais de três anos depois da morte da filha.
Lindemberg senta no banco dos réus |
O advogado que representa a família da estudante, José Beraldo, disse que os parentes de Eloá esperam que Lindemberg seja condenado a, pelo menos, 50 anos de prisão. "Ele foi agressivo e violento, não deu chances para a vítima. Esperamos pelo menos 50 anos", disse Beraldo.
O julgamento que irá decidir o destino de Lindemberg começa hoje, no Fórum de Santo André, na Grande São Paulo, onde o crime ocorreu. Na última sexta-feira, a promotoria disse que esperava que ele pegasse entre 50 a 100 anos de prisão. Até o dia do julgamento, o acusado estava preso na penitenciária de Tremembé (SP).
Ao todo, foram convocadas 19 testemunhas e, por isso, a expectativa é que o julgamento dure até três dias.
[MARINA NOVAES, VAGNER MAGALHÃES. Direto de Santo André]
Estudantes que foram reféns com Eloá relembram crime
Jovens faziam trabalho com a jovem quando Lindemberg chegou.
Acusado da morte de adolescente será julgado nesta segunda.
Dois amigos de Eloá Pimentel, a adolescente morta após ser mantida mais de 100 horas refém pelo ex-namorado, Lindemberg Alves Fernandes, em 2008, também foram rendidos pelo jovem que será julgado a partir desta segunda-feira (13). Eles foram liberados por Lindemberg ainda no primeiro dia de sequestro, mas carregam até hoje as marcas da tragédia.
Os dois jovens e Nayara Rodrigues, amiga de Eloá, foram até o apartamento da adolescente no dia 13 de outubro de 2008 para fazer um trabalho de escola. No início da tarde, foram surpreendidos por Lindemberg.
“A gente ouviu a porta fechando bem forte, um barulho forte. Até pensamos que era o irmão dela. Mas aí, quando a gente foi ver ele já estava passando com o revólver na mão no corredor, eu e o Iago já estávamos no quarto, aí ele trouxe as meninas, e ficou todo mundo lá preso”, contou Victor de Campos, um dos adolescentes,
Victor foi o primeiro a ser liberado por Lindemberg. Agora, ele acompanhará o julgamento. “Com toda sinceridade do mundo, eu espero que ele pegue uma pena bem alta, porque não tem cabimento um ser humano fazer o que ele fez.”
O jovem precisou de acompanhamento psicológico depois do episódio. Iago Vilera, que também foi libertado por Lindemberg, conversou com a reportagem do Bom Dia São Paulo, e disse que ainda fica abalado quando lembra do caso.
“Terrível, uma coisa que não desejo nem para o meu pior inimigo. Particularmente eu não gosto de ficar falando não, são más recordações”, afirmou.
O caso
Lindemberg, que na época tinha 22 anos, invadiu o apartamento em que morava a ex-namorada Eloá, então com 15 anos, em um conjunto habitacional na periferia de Santo André, no dia 13 de outubro de 2008. Além dela, Nayara e dois amigos das garotas que faziam trabalhos escolares foram mantidos reféns.
Após várias horas de negociações com o Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) da Polícia Militar, Lindemberg concordou em libertar os garotos e Nayara. Mas ele não cedeu em deixar Eloá sair.
O sequestro terminou no dia 17 de outubro. Nayara voltou ao apartamento, após ser chamada para para ajudar na negociação, sendo mantida novamente refém. Quando a polícia invadiu o local, tanto a garota quanto Eloá foram alvo de disparos. Eloá foi atingida duas vezes.
Por decisão da Justiça, Lindemberg foi preso preventivamente desde o término do sequestro das vítimas. Ele segue detido na Penitenciária de Tremembé, no interior do estado. O jovem será interrogado durante o júri e, caso queira, poderá ficar em silêncio. A linha de defesa do réu no julgamento poderá ser a de que a invasão da PM ao apartamento provocou a morte de Eloá. A advogada não foi localizada. Na sexta (10), ela estava com Lindemberg na prisão. (G1)
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