sábado, 11 de fevereiro de 2012

Julgamento de Lindemberg. 'Quero paz', diz mãe de Eloá sobre júri

‘Eu quero paz, eu quero que isso tudo acabe’, diz mãe de Eloá sobre júri
Lindemberg Alves será julgado em Santo André a partir de segunda-feira.
Jovem feito refém disse que não deseja isso nem para 'pior inimigo’.

A poucos dias do início do julgamento do acusado de matar Eloá Cristina Pimentel, Lindemberg Alves, a mãe da adolescente diz não ver a hora de o veredicto ser dado. A adolescente foi feita refém no apartamento onde morava, em Santo André, no ABC, em 13 de outubro de 2008.

“Eu quero paz, eu quero que isso tudo acabe para eu ter paz com os meus filhos e ficar só lembrando dos momentos bons com a minha filha”, disse em entrevista ao SPTV Ana Cristina Pimentel.

Quatro dias depois da invasão, a PM decidiu invadir a residência. Antes de ser rendido pelos policiais, Lindemberg atirou em Eloá e em sua amiga, Nayara Silva, que também era mantida refém, matando a ex-namorada e ferindo a colega dela.


Advogada de Lindemberg diz que não recorrerá de decisão que o leva a júri
Depois da morte da filha, dona Ana Cristina nunca mais voltou ao conjunto habitacional no Jardim Santo André. “Nem para ver os meus vizinhos não consigo, porque eu lembro de tudo. É muito triste para mim”, afirmou. “Muita saudade e cada dia parece que fica pior.”

Outros dois adolescentes amigos de Eloá foram mantidos em cárcere privado por Lindemberg, mas liberados rapidamente. Iago Vilera era um deles. O jovem ficou sob a mira do revólver por 9 horas. Até hoje ele tenta o impossível: esquecer daqueles dias. “Terrível, coisa que não desejo nem para o meu pior inimigo. Particularmente eu não gosto de ficar falando não, traz má recordação.”

Iago parou de estudar ainda com 15 anos, meses depois da morte de Eloá. Hoje ele tem 18, é auxiliar administrativo numa clínica médica. Por dois anos e meio fez tratamento psicológico. Mas nada voltou a ser o que era para ele e para a família.
“Desde que a gente ficou sabendo do julgamento, tudo, aí começa vir tudo de novo. Ele fica apreensivo, mas fazer o quê? É a vida, né?”, disse a mãe dele, Maria Aparecida Vilera

Julgamento
Na segunda-feira (13), Lindemberg finalmente sentará no banco dos réus. Em uma sala do Fórum de Santo André deverão ser ouvidas 14 testemunhas de defesa e cinco de acusação. Dos 25 jurados presentes, sete serão escolhidos e irão decidir, com base nos testemunhos, o destino do jovem.

A previsão é que o júri dure dois dias. Lindemberg será julgado por disparo de arma de fogo, cárcere privado, tentativa de homicídio e homicídio duplamente qualificado. Segundo a promotora do caso, Daniela Hashimoto, as balas que mataram Eloá saíram da arma do ex-namorado. “Da explosão da porta até ele atirar contra a cabeça das meninas houve tempo suficiente para que ele se rendesse e não atirasse.”

A advogada de Lindemberg, Ana Lúcia Assad, foi procurada pela produção do SPTV para falar sobre o julgamento. Segundo uma assistente dela, a advogada passou o dia com o réu numa penitenciária em Tremembé, no Vale do Paraíba, interior de São Paulo, onde ele está preso. (G1)



Promotora dirá que Lindemberg era violento e sempre quis matar Eloá
Veja a lista das testemunhas de acusação e defesa.
Réu poderá pegar pena de 50 a 100 anos se condenado, diz promotora.

Eloá, namorada e vítima; Lindemberg assassino
Um homem possessivo, violento e que invadiu o apartamento da ex-namorada decidido a matá-la. Essa é a tese de acusação da promotora Daniela Hashimoto para convencer os sete jurados de que Lindemberg Alves Fernandes é culpado pela morte de Eloá Pimentel em 2008. O julgamento está previsto para começar às 9h de segunda-feira (13), no Fórum de Santo André, no ABC. O réu responde ainda por tentativas de assassinato, cárcere privado e disparo de arma de fogo.

Lindemberg Alves invadiu a casa de Eloá Cristina Pimentel no dia 13 de outubro de 2008, manteve, além dela, três outros jovens reféns (Nayara Rodrigues e outros dois colegas de escola da menina) e, quatro dias depois, atirou em Eloá e Nayara, assassinando a ex-namorada. A colega dela sobreviveu.
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"Ele foi para lá com a intenção de matar. Toda a história começou há 30 dias [do assassinato], quando ele já estava ameaçando, importunando, ia rondar a porta da escola [em que Eloá estudava]. Há 15 dias abordou a Eloá, a agrediu fisicamente, sempre com essa intenção, de que 'se não for minha, não vai ser demais ninguém'", afirmou a promotora na manhã desta sexta-feira (10).
Se for considerado culpado em todos os crimes, Lindemberg pode pegar uma pena, segundo a promotoria, que vai desde os 50 anos até passar dos cem anos.

"Ele foi para lá [o apartamento da ex-namorada, no dia 13 de outubro] não só armado, mas também munido de farta munição extra, preocupou-se em ir ao local acreditando que a Eloá estaria sozinha, acabou sendo surpreendido pelo fato de a Eloá estar com colegas fazendo o trabalho de escola", conta Daniela.

Segundo a promotora, será usado como prova dessa premeditação, o fato de Lindemberg preocupar-se em retirar do apartamento Douglas, irmão mais novo de Eloá e amigo de Lindemberg. "Ele, inclusive, levou o Douglas até o parque e pegou o celular do amigo para que ele não tivesse contato com a irmã", afirma Hashimoto.

Lindemberg será acusado por 12 crimes, que vai desde o homicídio de Eloá, manter quatro pessoas em cárcere privado, duas tentativas de homicídio e, até, o disparo de quatro tiros a esmo.
Por parte da acusão, além das quatro vítimas de Lindemberg, apenas uma testemunha será convocada ao tribunal. Será o irmão mais velho de Eloá, Ronickson Pimentel dos Santos. Para Daniela Hashimoto, ele é peça-chave na construção do perfil de réu.
"Ele testemunhou momentos de agressividade de Linbemberg. Foram momentos antes da invasão da casa de Eloá e momentos durante a invasão, quando ele tentava conversar por telefone com o réu", afirma.

Julgamento longo
Quanto à defesa, que convocou um alto número de testemunhas (são 14, sendo que seis deles jornalistas que cobriram o caso), a acusação diz não ter ideia da estratégia a ser adotada. "Ela tem o direito de chamar as testemunhas que quiser. A linha de defesa só vamos descobrir no dia", afirma a promotora, que aguarda por um julgamento longo, embora prefira não estimar um prazo.
"Tudo vai depender das testemunhas. A defesa preparou um longo material com reportagens sobre o caso e vai mostrá-lo no julgamento. São 16 horas com entrevistas, debates e notícias", diz.

Veja a lista de testemunhas convocadas para o julgamento de Lindemberg Alves.

Testemunhas arroladas pela acusação
- Nayara Rodrigues da Silva - mantida refém por Lindemberg e também atingida por um tiro.
- Victor Lopes de Campos -  mantido refém por Lindemberg.
- Iago Vilera de Oliveira - mantido refém por Lindemberg.
- Atos Antonio Valeriano -  sargento da PM que iniciou as negociações assim que Lindemberg invadiu a casa de Eloá e foi alvo de um disparo de arma de foto do suspeito, disparado em direção a sua cabeça, segundo a promotoria.
- Ronickson Pimentel dos Santos - irmão mais velho de Eloá, testemunhou, segundo a promotoria, momentos de agressividade do réu.

Testemunhas arroladas pela defesa
- Alves Nelson Gonçalves - perito criminal, trabalha no Instituto de Criminalística (IC) e atuou no caso.
- Ana Paula Neves - jornalista.
- Marcos Assumpção Cabello - foi a advogado chamando num primeiro momento pela família de Lindemberg Alves e, dessa forma, participou das negociações.
- Ricardo Mollina - o perito fez uma análise independente do áudio em que se verifica o instante da entrada da polícia no apartamento de Eloá e a série de tiros na sequência.
- Sonia Abrão - jornalista.
- Roberto Cabrini -  jornalista.
- Rodrigo Hidalgo: jornalista.
- Márcio Campos: jornalista.
- Reinaldo Gottino: jornalista.
- Dairse Aparecida Pereira Lopes: perito criminal, trabalha no Instituto de Criminalística (IC) e atuou no caso.
- Helio Rodrigues Ramacciotti: perito criminal, trabalha no Instituto de criminalística (IC) e atuou no caso.
- Sergio Luditza: delegado de polícia que presidiu o inquérito.
- Adriano Giovanini: capitação da PM, foi negociador pelo Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate).
- Paulo Sérgio Squiavano: tenente da Polícia Militar, atuou no caso pelo Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate).

Renato Jakitas
Do G1 SP

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