sábado, 11 de fevereiro de 2012

Câncer de pele. Saiba o seu grau de risco

De todos os tipos de câncer, o de pele é mais comum no Brasil, com 25% dos casos. Felizmente também é um dos mais previsíveis. Segundo a dermatologista Ana Maria Pinheiro, professora da Universidade de Brasília (UnB), suas vítimas preferenciais são indivíduos de pele e olhos claros, sardentos, que ficam vermelhos rápido e se bronzeiam com dificuldade, com mais de 40 ou 50 anos. Quer dizer, esse costumava ser o perfil. Os dermatologistas notam um aumento das ocorrências em pacientes jovens. “Tornou-se comum receber no consultório caras de 30 anos com uma pinta no rosto que não desaparece”, conta o dermatologista Roger Ceilley, professor da Universidade de Iowa (EUA). E, quanto mais clara a pele, maior o risco. Em 2006, no Brasil, 61,8% dos pacientes eram brancos e apenas 6,8% eram negros. Estes levam uma vantagem natural, já que a melanina, pigmento que dá cor à pele, ajuda a protegê-la também.

Você está na zona de risco?

A resposta é sempre “sim”. Mas, para descobrir seu grau de risco, responda a estas dez perguntas

1. Você é do sexo masculino?


A pergunta é válida, meu caro, porque mulheres nunca tiram a camisa no parque ou durante o jogo de futebol, como homens costumamos fazer.

2. Você é branco?

O câncer de pele faz discriminação racial. Os brancos têm dez vezes maior probabilidade de desenvolver câncer de pele do que os negros, porque a pigmentação escura funciona como uma proteção solar natural.

3. Você é ruivo?

Caras com apelido de Ferrugem correm até quatro vezes mais risco. O pigmento do cabelo ruivo está presente em toda a pele e fornece menos proteção natural às radiações ultravioleta A e B do que o pigmento que produz cabelo escuro.

4. Você tem histórico familiar de câncer de pele?

Como em outros tipos de tumores, a propensão ao câncer de pele pode passar de geração para geração. Um gene defeituoso é capaz de tornar galhos da árvore genealógica mais sensíveis ao sol.

5. Você sofreu queimadura de sol grave quando era criança?

Se você se lembra de ter ficado alguma vez muito ardido, provavelmente foi uma queimadura grave. E somente uma queimadura na infância pode dobrar seu risco.

6. Você já fez bronzeamento artificial?

Caso você já tenha pago uma única vez para ficar moreno, aumentou duas vezes e meia seu risco de desenvolver um carcinoma espinocelular e uma vez e meia de desenvolver um carcinoma basocelular.

7. Você é fumante ou ex-fumante?

Não só seus pulmões saem perdendo. Fumar entre 11 e 20 cigarros por dia mais do que triplica o risco de desenvolver carcinoma de célula escamosa, segundo um estudo de 12 anos realizado com quase mil pessoas.

8. Você vive no alto da montanha?

Quem mora em cidades altas têm 34% mais risco de sofrer uma queimadura solar. É fácil de entender: a grandes altitudes, o ar é mais rarefeito e, conseqüentemente, a radiação UV que você recebe é mais intensa.

9. Você tem sardas ou muitas pintas?

Sardas raramente se tornam cancerosas, mas são sinal de um defeito de pigmentação que aumenta sua suscetibilidade ao sol. As verrugas, porém, podem sofrer mutação e se tornar melanomas.

10. Você fica muito tempo ao ar livre no trabalho?

Quando seu corpo é bombardeado por radiação ultravioleta 40 horas por semana, 52 semanas por ano, existe um potencial incrível para danos à sua pele e ao seu DNA.

RESULTADO

Se você respondeu “não” da primeira à última pergunta, seu risco é BAIXO.

Se você respondeu “sim” a uma ou duas perguntas, seu risco é MÉDIO.

Se você respondeu “sim” a três ou mais perguntas, seu risco é ALTO. Examine com cuidado sua pele uma vez ao mês.


A prova do espelho

Existe um instrumento fantástico para detectar câncer de pele no estágio inicial – e você tem um no banheiro. “De todos os tipos de câncer, esse é o único que se enxerga. Ao fazer a barba, os homens podem notar manchas e pintas no rosto”, diz o dermatologista Randall Roenigk.

Aqui, começo a descrever minha história, pois graças ao espelho notei uma pinta estranha. Tive sorte de ter sido vítima do tipo menos agressivo, o carcinoma basal, e o tumor foi removido sem problemas. Uns dez anos depois, uma amiga, ex-fã do sol, não teve essa sorte. Vendo um programa feminino na TV, ela achou um melanoma parecido com uma pinta que tinha nas costas. Procurou um médico, mas já havia ocorrido metástase e o câncer matou-a em poucos meses. É bom frisar que minha geração (a mesma dela) foi durante décadas à praia sem protetor solar. Pior: as pessoas passavam óleo de coco ou uma mistura de Coca-Cola e urucum para se bronzear ao máximo.

Comecei a reparar numa pinta rosada na região do maxilar, que eu agredia diariamente fazendo a barba. Meu relacionamento desconfiado com ela durou meses, até que um dia percebi uma mudança de cor e forma. Procurei meu pai, que era médico, e ele sugeriu que eu procurasse um especialista. A consulta foi rápida e o diagnóstico, lacônico: “Vamos retirar”. Meu pai fez a cirurgia e a biópsia acusou o câncer, ainda pequeno. Durante um tempo fiquei traumatizado: bastava descobrir uma pinta ou mancha e eu corria para o consultório. Hoje a neura passou.

Atualmente, além da cirurgia, outros métodos de cura proporcionam bons resultados, como a crioterapia e a terapia fotodinâmica, nos tumores superficiais. A crioterapia consiste em congelar a lesão com um jato de nitrogênio líquido a 40 graus negativos. A terapia fotodinâmica, antiga técnica criada em 1904, foi agora reabilitada e aperfeiçoada: aplica-se um creme e depois uma luz: o princípio ativo sensibiliza o tumor e a luz o destrói.

Mas o que vale é prevenir. Esperamos que você esteja careca de saber como. Expondo-se gradualmente ao sol, com protetor solar com fator no mínimo 15 das orelhas aos pés, e se enfiando sob o guarda-sol o máximo de tempo possível no horário crítico das 10 às 15 horas. “Mas esses cuidados não significam um passaporte livre para o sol”, observa o dermatologista Luis Tovo. Então, abra os olhos.





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