Julio Viana foi flagrado com equipamentos sem nota fiscal
A pessoa que intermediava a compra de equipamentos de videoconferência para a Igreja Cristã Maranata foi presa em janeiro de 2010 pela Polícia Federal. O autônomo Julio Cesar Viana foi flagrado transportando rádios e projetores estrangeiros sem nota fiscal, dentro da mala. Foi detido pelos agentes federais quando desembarcou no Aeroporto de Vitória.
O material que estava com o autônomo e foi apreendido pela polícia – 19 projetores e dois rádios – é semelhante ao usado nos equipamentos de videoconferência da igreja. Na hora da prisão, Julio alegou que o material seria revendido na Grande Vitória e que teria comprado em Curitiba, Paraná, por R$ 20 mil.
A explicação não convenceu o Ministério Público Federal, que o denunciou. "Não é crível (...) que um vendedor autônomo de pisos de madeira despenderia o montante de R$ 20 mil com a compra de equipamentos eletroeletrônicos com a finalidade de revendê-los em outro Estado, sem ao menos ter um destinatário certo", diz o texto da denúncia.
O nome de Viana aparece na descrição de documentos de caixa da Maranata, com saída de recursos depositados na conta corrente dele ou de seus parentes. O dinheiro era destinado à compra de equipamentos ou de passagens aéreas.
foto: Fábio Vicentini
Igreja pediu à Receita Federal que apure as possíveis irregularidades
Um desses documentos é o adiantamento de R$ 70 mil para compra de 300 projetores do sistema de videoconferência. A transação foi aprovada por intermédio de uma "visão", que para os maranatas têm um significado especial por ser uma manifestação divina.
Segundo relatos presentes na investigação feita pela igreja, parte dos equipamentos era comprada no Paraguai e levada a Curitiba. De lá, seguiam para Vitória. A capital do Paraná é a terra natal de Viana e era de lá que ele vinha ao ser detido em Vitória.
Por nota, a Maranata informou que já havia recebido informações sobre esse tipo de irregularidade praticada por ex-membros, afastados pela direção. A igreja fez um requerimento à Receita Federal para que apure as possíveis irregularidades cometidas por essas pessoas. O advogado de Viana – Stênio Sant’Anna Sales – preferiu não se manifestar sobre o assunto e não informou o telefone do cliente.
Surpresa, decepção e revolta entre fiéis
Surpresa, decepção, tristeza, revolta. Esses foram alguns dos sentimentos dos fiéis da Maranata no último fim de semana. Muitos souberam da fraude milionária praticada por membros da diretoria por intermédio de amigos ou familiares. "Fiquei muito decepcionada após ler a matéria no jornal", relata a aposentada E., 60 anos.
Ela frequenta a Maranata desde os 17 anos. Lá casou e educou seus filhos. Afirma que há idosos da igreja que choram ao falar sobre o assunto. "É difícil descobrir que isso está acontecendo dentro da nossa igreja", assinala.
Na avaliação dela, daqui para frente os fiéis terão que ficar mais atentos. "Temos que ser mais prudentes, não confiar tanto. É o que a Bíblia orienta", pondera E.
A aposentada avalia que o presidente da igreja, Gedelti Gueiros, teria que ter acompanhado mais as finanças da Maranata. "A igreja cresceu, ele viaja muito e entregou tudo na mão de uma pessoa que não era de confiança", opina ela.
Entenda o caso
Fraude milionária
Um esquema de corrupção foi montado na cúpula da Maranata com a participação pastores, diáconos e fornecedores para desviar recursos do dízimo doado pelos fiéis
Rombo
Estimativas iniciais apontam para um rombo de pelo menos R$ 21 milhões. A Maranata recorreu à Justiça para pedir o ressarcimento de R$ 2,1 milhões
Acusados
Na Justiça, a igreja aponta como cabeças da fraude o seu vice-presidente, Antônio Ângelo Pereira dos Santos, e o contador Leonardo Meirelles de Alvarenga, também diácono. Os dois foram afastados – assim como outros dois pastores – das funções administrativas e religiosas
Golpe
O golpe era viabilizado por notas fiscais frias, que permitiam a retirada de valores do caixa da igreja. Há indícios de que até empresas foram criadas em nome de laranjas. Os envolvidos alegavam que o dinheiro serviria para “ajudar irmãos no exterior”
Uso
Parte dos recursos desviados era usada na compra de carros e imóveis e no pagamento de contas pessoais. Outra parte era investida na compra de dólares, que eram enviados para o exterior na mala dos fiéis
Irregular
O dinheiro da igreja também foi usado para comprar – fora do país, de forma irregular – equipamentos para videoconferência no valor de R$ 3 milhões
Sem rastros
Funcionários teriam sido orientados a destruir recibos e a formatar computadores
Letícia Cardoso
Vilmara Fernandes
A GAZETA (gazetaonline.globo.com)
acredito que isso td é uma permissão de Deus para revelar a face dos lobos...
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