Como explicar esse e outros casos, de pessoas que desabam de alturas de 30, 300, e até 3 mil metros, e sobrevivem?
“É o ‘wing suit’, o macacão com asas. Ele tem asas nos braços e nas pernas. O atleta veste para voar de uma maneira diferente. O base jump é um esporte onde o atleta paraquedista salta não de aviões, mas salta de objetos fixos como prédios, antenas, pontes e montanhas. Mas no caso esse salto foi infeliz pelo tempo que ele levou para acionar o paraquedas”, explica o cinegrafista aéreo Luiz Henrique “Sabiá”.
Ao saltar da ponte, o paraquedista pode atingir uma velocidade de quase 200 quilômetros por hora. O certo seria abrir o paraquedas aos 60 metros de queda, mas isso não aconteceu.
O empresário André Ewald sabe bem o que é passar um susto desses. Paraquedista profissional, ele já estava acostumado a pular de alturas de até cinco mil metros. “Saltava cinco vezes por dia”, lembra. Mas um dia aconteceu com ele o pesadelo mais temido pelos paraquedistas.
“Na hora de comandar o paraquedas, o principal não abriu bem por uma falha minha. E o reserva também não abriu bem, não sei por quê. Aí caí rodando rápido, sem controle”, conta o empresário.
André despencou de cinco mil metros e foi parar no telhado de uma casa. “Fiquei 20 dias em coma. Falaram para meu pai que eu não ia voltar a andar nem falar. Hoje eu voltei a trabalhar totalmente. Faço esporte constantemente, pedalo, corro, nado, dou uns treininhos, arrisco um futebol”, comemora.
Como explicar isso? “No caso do André, o próprio paraquedas tinha aberto parcialmente, e isso com certeza diminuiu a velocidade com que ele chegou ao chão”, explica o professor de física Welles Morgado, que admite: “Tem que contar um pouco com a sorte”.
Quem teve muita sorte foi a faxineira Daiane Maciel. Na última quinta-feira (27), ela chegou a um prédio em Florianópolis para mais um dia de trabalho. Ela limpava as janelas no 10º andar, totalmente debruçada e sem qualquer equipamento de segurança, o que é proibido por lei.
Daiane se desequilibrou e caiu de uma altura de 30 metros. Por sorte, havia uma árvore em seu caminho. Daiane não quebrou nada. E tem mais um detalhe: ela está grávida de dois meses. “Eu fiz ultrassom e deu tudo certo. Não caiu a ficha ainda”, diz a faxineira. O médico Felipe Barbieri, que a atendeu, só tem uma explicação: “É praticamente como se fosse um milagre”.
Em Goiânia, a história de Muniki Goulart é ainda mais surpreendente. Vinte dias atrás, um incêndio tomou conta do apartamento onde ela morava. Desesperada para escapar das chamas que chegavam a seis metros, Muniki pulou do 12º andar, a mais de 40 metros de altura.
“Foi um milagre. Não foi a hora dela”, comenta a aposentada Maria do Socorro Silva.
“Quando eu pulei, só fechei o olho e caí no telhado com o pensamento em Deus, só pensando em Deus. Fechei os olhos e pensei em Deus”, disse Muniki Goulart.
Quando Muniki entrou no hospital, os médicos passaram 12 horas seguidas investigando possíveis fraturas provocadas pela queda, mas identificaram lesões em apenas dois locais: na região do tórax e na bacia. Todas foram consideradas de nível leve. Em duas semanas, ela recebeu alta.
“Se a gente analisar a queda, a paciente deveria ter chegado aqui extremamente grave, mas ela não chegou. É inacreditável que isso possa ter acontecido”, surpreende-se o médico Alexandre Amaral. “Nasci de novo”, finaliza Muniki. [Fantástico ]
Médico acredita que grávida que caiu do 10º andar não terá sequelas
Segundo cirurgião, Daiani Beatriz Maciel está evoluindo bem.
Hospital ainda não tem previsão de quando ela receberá alta.
“Eu acredito que ela não terá sequelas”, afirmou ao G1 o cirurgião Felipe Barbieri, do Hospital Governador Celso Ramos, onde a jovem está internada.
“Por algum tempo, ela terá que se recuperar das dores musculares. E vamos precisar acompanhá-la ambulatorialmente, pois ela teve um trauma renal leve. Mas são coisas muito pequenas e fáceis de manusear se tratando de uma paciente que caiu do 10º andar”, completou.
Mulher é socorrida após sobreviver a queda de 30 metros (Foto: Thiago da Silva Bogut/Agência RBS)
Barbieri ainda não tem previsão de quando Daiani receberá alta, mas como seu quadro está gradativamente melhor, ela deve ser liberada em breve. “Quanto mais o tempo passa, ficamos mais tranquilos e temos mais garantia de que ela está evoluindo bem. Porém, ainda temos receio de liberar uma paciente assim”, disse.
Daiani está internada no setor semi-intensivo do hospital, onde ficam os pacientes que precisam ser monitorados de forma mais precisa. No entanto, a jovem nunca chegou a ir para a Unidade de Tratamento Intensivo (UTI).
“Como ela está se mantendo bem e estável, vamos afastando a chance de uma cirurgia, que seria feita para coibir algum sangramento dentro do abdômen”. Conforme o médico, o sangramento da jovem parece ter parado e não deve voltar.
Daiani não teve fraturas e nem sofreu traumatismo craniano. Ela teve apenas uma pequena lesão renal, trauma que poderia afetar sua gravidez. Como isso não aconteceu, o útero continuou íntegro e a gestação segue seu curso normalmente, conforme Barbieri.
A queda do 10º andar na última quinta-feira (27) foi amortecida porque Daiani caiu sobre a copa de uma árvore e, em seguida, em um terreno onde haviam quatro cães da raça rottweiler.
Do G1, em São Paulo
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