sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Depois da lingerie de Gisele Bündchen e do Zorra, ministra agora quer mudar novela

Brasília

foto: Divulgação

Iriny quer que Celeste denuncie o marido que a agride e que ele seja punido
Após pedir a suspensão de um comercial de lingerie com a modelo Gisele Bündchen por considerar a propaganda agressiva à mulher, a ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Iriny Lopes (PT), se envolveu em mais duas polêmicas.

Ela enviou um ofício à TV Globo sugerindo que uma personagem violentada pelo marido na novela "Fina Estampa" procure o Serviço de Atendimento à Mulher (180), e que o agressor seja encaminhado aos centros de educação e de reabilitação para agressores, previstos na Lei Maria da Penha.

Em outro caso, a secretaria enviou uma carta de apoio ao Sindicato dos Metroviários de São Paulo, que pediu à TV Globo para tirar do ar o quadro "Metrô Zorra Brasil". Para o sindicato, o quadro incentiva o assédio sexual nos vagões.

A ministra garante que agiu dentro do que prevê a legislação e com base na boa parceria da secretaria com a TV Globo nas questões sociais, sem nenhuma tentativa de controle do Estado sobre a produção audiovisual e sobre a liberdade de expressão. Argumenta, sobre as críticas recebidas, que os pedidos da secretaria não foram debatidos no mérito, mas com desvio de foco.

Na quarta-feira, a pasta de Iriny enviou um ofício à emissora e ao autor da novela, Aguinaldo Silva, mostrando preocupação com o personagem Baltazar. Na trama, ele humilha e bate na mulher, Celeste. Em ofício enviado à emissora, a ministra Iriny Lopes sugere que Celeste, que resiste em denunciar o parceiro dizendo que o ama, procure a Rede de Atendimento à Mulher, por meio do telefone 180.

foto: Agência Câmara

Entrevista - "É muito barulho. Podem concordar
ou discordar"


Ao opinar na novela, há intenção de interferir na produção audiovisual?
Temos tido com a Globo uma boa relação. A emissora é uma parceira. A Globo tem liberdade de expressão e o que nós fizemos foi sugestão.

A repercussão negativa dos casos da propaganda de lingerie, de opinar na novela e da carta aos metroviários surpreendeu?
Não é que me surpreenda, mas não vejo justificativa. O governo pode expressar uma opinião amparada na regulamentação, como no caso do Conar.

A senhora teme ser vista como controladora?
Não é nada de censura ou controle. As ações estão amparadas dentro dos instrumentos legais. Compete ao Conar decidir e, no caso da novela, fiz uma sugestão porque tenho liberdade pela relação com a emissora. Não há nada que atente contra qualquer impedimento da liberdade de expressão. É muito barulho, podem concordar ou discordar de mim porque somos uma democracia. Mas, sobre o mérito das ações, ninguém discutiu. 

Iriny Lopes (PT), Ministra da Secretaria das Mulheres
Segundo a ministra, o alerta na telenovela, como em outras que já trataram do tema da violência à mulher, se faz importante em um país com um índice de quatro mulheres agredidas a cada dois minutos. "Não é nada de censura ou controle. Conheço a legislação, sou deputada".

Quanto à carta de apoio ao metroviários, o documento foi expedido pela secretaria de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher. "Foi um ato de solidariedade aos movimentos sociais, que têm autonomia", disse ela.

Autor reclama de intromissão

Aguinaldo Silva, autor da novela Fina Estampa, reagiu com humor ao ser informado pelo site da Veja sobre o ofício elaborado por Iriny Lopes. "Mas ela chegou atrasada, porque a cena da prisão do Baltazar já está escrita há três semanas", comentou, aos risos. "A ministra pode ficar tranquila porque, antes de o oficio dela chegar, a situação da Lei Maria da Penha já estava contemplada".

Aguinaldo disse à Veja que o personagem vivido por Alexandre Neto (Baltazar) vai "dar uma surra monumental" na mulher e, só aí, vai ser finalmente denunciado por Celeste (Dira Paes). "Evidentemente que a gente quer denunciar o problema. Mas a trama tem 180 capítulos, precisa de um processo", destaca.

O autor preferiu não comentar as intromissões anteriores da ministra, mas não gostou dos palpites de Iriny. "Ela está fazendo o papel dela com uma certa impaciência. Procurar saber o que vai acontecer na novela é uma interferência no trabalho criativo que não lhe cabe".

Aguinaldo avisa: "Ela pode confiar em mim, sou um feminista, até mais do que ela, que só chegou ao front agora".

PT quer marco regulatório


O PT decidiu que vai realizar seminários para discutir o marco regulatório dos meios de comunicação. Com o discurso de que não se trata de controle de mídia, o secretário de Comunicação do PT, André Vargas (PR), disse que o partido está apenas abrindo o debate.

Rondinelli TomazelliA Gazeta

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