sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Vídeo mostra furadeira sendo usada em cirurgia de Hospital da Paraíba


Sindicato divulga vídeo sobre uso de furadeira em cirurgia na Paraíba
Presidente diz que caso ocorreu no Hospital de Emergência e Trauma.
No começo do mês, em outro caso, estado disse ter equipamento próprio.


O Sindicato dos Médicos da Paraíba (Simed) divulgou nesta sexta-feira (16) imagens que diz comprovar o uso de furadeira doméstica em cirurgia ortopédica realizada no Hospital de Emergência e Trauma Humberto Lucena, em João Pessoa.  No começo do mês, um médico denunciou o uso do instrumento em um procedimento no crânio.

O governo da Paraíba foi procurado pelo G1 e informou que se pronunciaria somente após o vídeo ser analisado. No começo da manhã a reportagem havia entrado em contato com a  Secretaria de Saúde. À tarde, o pedido de esclarecimentos foi reforçado junto à Secretaria de Comunicação do Governo do Estado.

O presidente do Simed, Tarcísio Campos, afirmou que o uso desse tipo de furadeira é proibido por uma portaria da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mas, mesmo assim, o equipamento ainda é utilizado em procedimentos cirúrgicos do hospital.

No começo do mês, um médico denunciou o uso de furadeira para cirurgia de crânio no mesmo hospital. Na época, os gestores do Trauma disseram que o equipamento médico específico, o craniótomo, não funcionava há um ano. O governo afirmou apenas que o Trauma tinha dois equipamentos do tipo. Nesta tarde, o Conselho Regional de Medicina informou que já conduz uma sindicância sobre o caso e que a nova denúncia não vai exigir outra investigação.


Cirurgia no pé
Segundo Tarcísio Campos, o vídeo foi registrado no fim de semana, durante uma cirurgia de fratura exposta no pé direito de um paciente. O presidente do Simed justificou o uso da máquina explicando que, caso os médicos não a utilizem, podem “piorar o prognóstico do paciente".

Tarcísio disse que neste caso filmado, o paciente apresentava uma fratura exposta e precisava da implantação de um pino que prendesse o osso. “Se fosse usado equipamento adequado, com broca que gira em dois sentidos, o procedimento seria mais simples. Com esta furadeira, o médico precisa ficar ampliando o furo indo e voltando”, explicou.
O presidente do Simed explicou que a furadeira comum só pode ser esterilizada com álcool e possui apenas um tipo de rotação, o que, segundo ele, pode causar riscos nas cirurgias.

Ele explica que a furadeira específica é blindada, pode ser esterilizada com outros produtos e ainda possui dois tipos de rotação (horário e anti-horário).

O uso de furadeiras comuns em cirurgias no hospital público foi denunciado pela primeira vez no início de setembro, após uma reclamação do médico Ronald Farias. Ele foi à Câmara Municipal e afirmou que no Hospital de Emergência e Trauma a máquina era utilizada em procedimentos no crânio - isso porque o aparelho específico para este tipo de procedimento, o craniótomo, estaria quebrado.

Na época a Cruz Vermelha, responsável por gerenciar o hospital, revelou que esse aparelho médico específico não funcionava há mais de um ano. O secretário de Saúde da Paraíba, Waldson de Souza, no entanto, negou o uso de furadeiras no hospital e informou que o hospital conta com dois craniótomos.

A Anvisa considera a furadeira doméstica como um dispositivo "impróprio". A norma também alerta para os riscos de sua utilização em cirurgias: "a furadeira pode contaminar o campo cirúrgico com o óleo usado na lubrificação; apresenta riscos de descargas elétricas; não tem controle de rotação; e não pode ser esterilizada", consta no documento.

CRM
O diretor de fiscalização do Conselho Regional de Medicina da Paraíba, Eurípedes Mendonça, explicou que já foi instaurada uma sindicância que vai investigar o uso de furadeiras convencionais em cirurgias do Trauma. O médico disse ainda que não deve ser aberta uma nova investigação. “Como o fato é o mesmo, cirurgias com furadeiras, é possível que a documentação seja anexada a outra sindicância”, disse.


G1

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