Técnicos da Defesa Civil de Jaboatão dos Guararapes (PE) concluíram às 12h50 desta quarta-feira a retirada dos 16 corpos
Foto: Matheus Britto/Futura Press
O representante comercial Plínio Cezar Viegas, 59 anos, recebeu mais de 80 telefonemas logo depois que um avião L-410 da Noar Linhas Aéreas caiu em um terreno baldio próximo à praia de Boa Viagem, no Recife, na manhã desta quarta-feira, e causou 16 mortes. Por sorte ou precaução, ele desistiu de viajar e escapou da morte. Seus amigos e familiares, porém, ficaram angustiados quando souberam do acidente. "A companhia me ligou, disse que a aeronave estava em manutenção e o voo foi adiado. Era para eu viajar ontem, mas por causa disso o avião saiu hoje e eu desisti. Pensei que poderia haver algum problema e por isso troquei de companhia", disse ele.
A aeronave PR-NOB caiu quatro minutos depois de decolar no Recife em direção a Natal e Mossoró (RN). Segundo a companhia, o avião passou por manutenção no fim de semana, ficou três dias parado e realizou a troca de algumas peças. "Como viajo muito, acabo conhecendo bastante gente. Logo que aconteceu o acidente, todo mundo começou a me ligar, mas graças a Deus eu não estava lá. Sinto muito pelas famílias dos que morreram", afirmou Viegas.
Depois do susto, o representante comercial disse que não viajará mais em aviões de pequeno porte. "Eu tenho família e não posso brincar com isso. Os aviões grandes oferecem mais segurança. Mas, de qualquer forma, acho que não era a minha hora. Meu sentimento depois dessa tragédia é que a nossa vida só pertence a Deus", acredita ele.
Diretor defende empresa
O diretor para assuntos corporativos e comerciais da Noar, Giovanne Faria, garantiu que a manutenção na aeronave foi realizada com a participação de representantes da GE, fabricante do motor, e gerenciada pelo fabricante do avião de origem Tcheca. Questionado sobre a segurança, ele lembrou que se trata de um aparelho atestado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e pela agência de aviação europeia.
Faria rebateu as declarações do empresário Jairo Gonçalves, irmão do copiloto Roberto Gonçalves, de que havia relatos de perda de potência durante a decolagem do avião. A ausência de relatos foi repetida pelo comandante Marco Sendin, diretor de operações da Noar e instrutor dos pilotos. "As aeronaves são seguras e por mais de uma vez viajei com minha família e meus netos rumo a Natal", disse Sendin.
Os voos da companhia foram suspensos hoje como forma de direcionar todos os funcionários e esforços da empresa para duas missões: atender e confortar os familiares e gerir a crise. A companhia volta a operar na quinta-feira, depois de redefinir sua malha viária. A Noar possuía dois L-410, com capacidade para 19 passageiros e dois tripulantes.
Dilma lamenta mortes
A presidente Dilma Rousseff (PT) divulgou uma nota nesta quarta-feira lamentando o acidente aéreo. "Foi com tristeza que recebi a notícia. Quero transmitir minha solidariedade aos familiares e amigos dos passageiros e tripulantes neste momento de dor", afirmou a presidente.
O Comando da Aeronáutica informou também por meio de uma nota que a equipe de investigação do Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa 2) localizou e retirou os gravadores (caixas-pretas) de dados e de voz da aeronave PR-NOB.
A leitura dos dados será realizada no Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), desde que os equipamentos não tenham sofrido danos que impossibilitem o trabalho. Os motores da aeronave, também retirados, serão encaminhados para o Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), em São José dos Campos (SP), para análise.
A empresa começou a operar em junho de 2010 e se especializou em pequenos percursos a preços reduzidos. As linhas da Noar ligam capitais e cidades nordestinas, como Recife, Maceió, Aracaju, João Pessoa, Natal, Caruaru e Mossoró.
Veja no mapa abaixo o local do acidente
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