Desde as 2h46 (hora de Brasília) do dia 11, os dias foram encurtados em 1,8 microssegundo — unidade que equivale a um segundo dividido por um milhão. O Instituto Nacional de Geofísica e Vulcanologia da Itália (INGV) assegura que o eixo de rotação do planeta deslocou-se quase 10 centímetros. “O impacto desse fato sobre o planeta foi muito maior que o do grande terremoto de Sumatra, em 2004, e provavelmente é o segundo maior, atrás apenas do terremoto do Chile de 1960”, explicou o órgão, por meio de comunicado.
Apesar de curiosa sob o ponto de vista científico, a mudança na duração dos dias é imperceptível. A cada ano, a duração de um dia (86,4 mil segundos) varia cerca de 1 milissegundo. “A rotação da Terra se modifica com frequência, principalmente em resposta às alterações na força e na direção dos ventos atmosféricos e das correntes oceânicas”, explicou o especialista da Nasa. Segundo Gross, as modificações provocadas por esses fenômenos são até 500 vezes maiores que as causadas por grandes terremotos. “As transformações induzidas por abalos sísmicos são bem pequenas e não podem ser sentidas”, observou.
Gross compara o efeito do terremoto ao comportamento de um pneu mal balanceado. “O planeta gira em torno de seu eixo de rotação, mas sua massa é balanceada pelo eixo-figura, algo como o centro de gravidade. Como a Terra não está rodando em volta do eixo-figura, ela balança”, acrescentou. No caso da Terra, os eixos de rotação e de figura são tão diferentes um do outro que a Terra não gira suavemente, mas, literalmente, sacode.
“O eixo-figura da Terra se moveu depois que o tremor rearranjou a massa do planeta”, explicou o cientista. Segundo as análises de pesquisadores, o eixo-figura se movimentou 17cm e 133 graus rumo à longitude Leste. O eixo Norte-Sul, que a cada dia gira a 1.604km/h, não sofre qualquer interferência de abalos sísmicos e está sujeito a ações apenas de forças externas, como a atração gravitacional do Sol, da Lua e de outros planetas.
Deformação O geofísico norte-americano Kenneth Hudnut, do instituto US Geological Survey (USGS), afirmou ao EM que o terremoto também provocou uma importante deformação na parte Norte de Honshu — a maior e mais populosa ilha do arquipélago japonês. “A área costeira foi deslocada para baixo antes da chegada do tsunami, de tal forma que a parte superior das barreiras de contenção do mar baixou levemente. Esse fator ajuda a entender por que o tsunami conseguiu superar as muralhas de proteção”, comentou. Ainda segundo Hudnut, a ilha se moveu cerca de 2,4m para frente.
A Autoridade de Informação Geoespacial do Japão detectou que o maior deslocamento para baixo (vertical) na costa Norte de Honshu foi de 70cm, a partir da cidade de Choshi, na província de Chiba. A mesma instituição descobriu uma ruptura de 400 quilômetros de comprimento por 10 quilômetros de profundidade na falha geológica responsável pelo terremoto. [Estado de Minas]
Entenda: Terremoto moveu costa do Japão, alterou equilíbrio da Terra e reduziu duração dos dias A costa do Japão pode ter se movido cerca de quatro metros para leste após o terremoto de magnitude 8,9 que atingiu o país na última sexta-feira, afirmaram especialistas. Dados da rede japonesa Geonet - recolhidos de cerca de 1,2 mil estações de monitoramento por satélite - sugerem que houve um deslocamento em grande escala após o terremoto. Roger Musson, da agência geológica britânica (BGS, na sigla em inglês), disse à BBC que o movimento é "compatível com o que acontece quando há um terremoto deste porte". O terremoto provavelmente mudou também o equilíbrio do planeta, movendo a Terra em relação a seu eixo em cerca de 16,5 cm. O tremor também aumentou a velocidade da rotação da Terra, diminuindo a duração dos dias em cerca de 1,8 milionésimos de segundo. A agência meteorológica do Japão propôs aumentar a magnitude do terremoto para 9.0. Isso faria do tremor o quinto maior da história desde que tremores começaram a ser registrados. Outras agências, no entanto, ainda não atenderam ao chamado. Brian Baptie, também da BGS, explicou que o tremor ocorreu na Zona de Subducção, como é chamada a região onde duas placas tectônicas se unem - no caso do Japão, a Placa do Pacífico, a leste, e outra placa a oeste, que muitos geólogos acreditam ser uma continuação da Placa Norte-americana. A Placa do Pacífico está se movendo para oeste sob o Japão. E, à medida que isso acontece, arrasta com ela a Placa Norte-americana para baixo e para oeste. Quando o terremoto ocorreu, a placa que estava por cima deu uma guinada para cima e para leste, liberando a energia acumulada enquanto as duas placas estavam em atrito. Isso mexeu com o leito do oceano, deslocando uma enorme quantidade de água - o que levou a um tsunami. Ken Hudnut, um geofísico da agência de geologia dos EUA, em Pasadena, na Califórnia, disse à rede MSNBC que informações que dependem de dados de GPS como mapas, navegadores por satélite usados em carros e registros de propriedade terão que ser mudados no Japão após o terremoto. "A rede nacional (japonesa) que define limites de propriedades foi mudada", disse ele. "Cartas náuticas terão que ser revisadas por conta da mudança da profundidade da água", afirmou. [BBC Brasil] |
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