"Há quatros no Milan eu descobri que sofria de um distúrbio que se chama hipotireoidismo, um distúrbio que desacelera o metabolismo e que para controlar esse distúrbio eu teria que tomar remédios que no futebol são considerados doping".
Essa foi uma das frases na despedida de futebol de Ronaldo Fenômemo. Três endocrinologistas e um médico do esporte para opinarem sobre o caso. Os médicos contestam que o hipotireoidismo pode ter sido um dos motivos para a aposentadoria do jogador.
Essa foi uma das frases na despedida de futebol de Ronaldo Fenômemo. Três endocrinologistas e um médico do esporte para opinarem sobre o caso. Os médicos contestam que o hipotireoidismo pode ter sido um dos motivos para a aposentadoria do jogador.
De acordo com o endocrinologista Albermar Roberts, o hipotireoidismo é uma doença crônica e incurável, onde a glândula tireoidiana produz os hormônios responsáveis por todas as transformações do nosso organismo, que chamamos de metabolismo.
"Quem tem a doença vai ter prejuízo nessas transformações. Pode ter sonolência aumentada, as atividades metabólicas são retardadas. Mas o diagnóstico é fácil, feito com exame de sangue. A medicação é o próprio hormônio tireoidiano. A má noticia é que o indivíduo vai tomar isso pelo resto da vida. Mas ninguém engorda mais por isso. A vida é absolutamente normal", reforça Albermar Roberts.
Enquanto a doença não é diagnosticada, a pessoa pode reter líquidos. "O paciente pode se sentir cansado, indisposto, pode ter aumento de peso não por gordura, mas por retenção de líquidos. Mas, na maioria dos casos, o diagnóstico é precoce. Basta fazer uma dosagem de TSH, que é um procedimento quase de rotina", explica o professor aposentado da Ufes e endocrinologista Perseu Seixas de Carvalho.
Seixas salienta que isso não justifica a saída de Ronaldo. "Deve ser algo a mais que ele está levando em consideração. Mas, do ponto de vista médico, não justifica. É uma doença completamente tratável. Ela pode aparecer em qualquer idade. Na maioria das vezes a pessoa adquire na vida adulta", diz.
A endocrinologista Rachel Torres ressalta que o medicamento para tratar a doença não é considerado doping. "Quem tem deficiência comprovada, é vital que use hormônio. É igual quem é diabetes e não tem insulina e precisa usar insulina. Agora quem não é diabético, e usar insulina, aí sim é considerado doping porque é um hormônio anabólico. O hormônio da tireoide aumenta o metabolismo. Ele pode até ser pego no doping, mas para quem não tem deficiência. Quem tem a doença é garantido poder usar o medicamento e não será considerado doping. É vital para a vida dele porque ele pode desencadear outros problemas, como pressão alta e colesterol alto".
O médico da Medicina Esportiva José Carlos Gomes diz ser papo furado de Ronaldo. "É só avisar ao Comitê Antidoping! O medicamento pode ser usado desde que não signifique vantagem para ele em relação aos outros jogadores. Ele falou bastante besteira. Temos o Washinton do Fluminese que é cardioapata, diabético. Tem que avisar previamente e comprovar com atestado médico", orienta.
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