terça-feira, 12 de outubro de 2010

A infância mudou e é melhor do que a sua. Quando adultas, essas crianças vão saber lidar melhor com o mundo"

"Pegamos o telefone que o menino fez com duas caixas de papelão e pedimos uma ligação com a infância".
Millôr Fernandes

 Acredite: a infância do seu filho é melhor do que a sua 
(A GAZETA Elaine Vieira)
Olhando assim, de longe, nossa infância parece bem mais colorida do que a dos nossos filhos. Os pequenos não brincam mais na rua, só conversam pela internet, estão com as agendas lotadas. Mas pode esquecer o clichê "no meu tempo era melhor": para as crianças, o mundo nunca foi tão bom quanto hoje.

"As crianças de hoje são muito mais inteligentes, espertas, foram incentivadas desde cedo a desenvolver a linguagem e o raciocínio, o que é uma preocupação recente. Isso sem falar na farta vantagem que elas têm em relação à saúde, se comparado com as outras gerações. Eles ficam menos doentes, morrem menos", destaca o neurologista e chefe do setor de Neurologia Infantil da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Luiz Celso Vilanova.

Para ele, a mudança da infância tem muito a ver com a evolução da sociedade. "Se antes as crianças exploravam mais as habilidades motoras, elas eram praticamente abandonadas no sentido intelectual. As crianças de hoje têm muito mais acesso a informação e recebem estímulos desde cedo, que se refletem na forma de raciocinar delas, já que, na primeira infância, cada estímulo significa uma nova sinapse, a ligação entre os neurônios", frisa Vilanova.

Para ele, o fato de as crianças viverem mais sozinhas e fazerem menos atividades físicas não compromete a clara vantagem delas em relação às gerações anteriores. "É fato que a infância mudou, mas não necessariamente para pior. O produto final é bem melhor. Quando adultas, essas crianças vão saber lidar melhor com o mundo", opina.

Novo papel
Boa parte dessa vantagem é explicada também pelo novo papel que as crianças passaram a ter dentro de casa. "Antes, criança não era vista como sujeito. Essa obrigação de ter os pais dentro de casa, cuidando do filho, estimulando sentidos e linguagem desde cedo, também é uma novidade, pois mesmo quando as mães não trabalhavam, havia muito menos preocupação com isso", explica o neurologista.

Mas o fato de terem esse lado lógico tão desenvolvido não impede que as crianças também sejam estimuladas a se mexer e conviver mais com outras crianças. "Como são extremamente ligadas a aparelhos eletrônicos, essas crianças têm um novo processamento cerebral. Elas conseguem ser mais dinâmicas e têm mais agilidade na percepção. Porém, a cada geração, aumenta o empobrecimento de habilidades sociais. É difícil para essa nova geração conviver harmoniosamente, respeitando os direitos alheios e tolerando as diferenças. Os pais precisam ficar atentos para suprir essas lacunas", pondera a psicóloga especialista em psicoterapia infanto-juvenil, Fernanda Rizo.

Eles nunca brincaram na rua, mas se divertem
Com idades variando entre 8 e 10 anos, essa turma fala com propriedade sobre segurança, poluição e diferença de gerações, entre outros assuntos que nem constavam no dicionário de seus pais quando eles tinham a mesma idade.

Mesmo com tanta consciência, não se engane, eles querem mesmo é brincar e ainda reclamam que adulto não sabe de nada. "Eles brincam errado. Não acham graça das coisas que a gente gosta. A gente inventa mais", destacam Mariana Costa, 10 anos, e Amanda Kill, 9.

As duas e os colegas André Tcherniacovski, 8, Antonio Albino, 9, e Daniel Basílio, 10, garantem que sabem tudo de tecnologia. "Bem mais que meus pais. Lá em casa sou eu que ajudo a escolher celular, televisão, tudo. E ainda ensino eles a mexer", diverte-se Antonio. Quando o assunto é celular, surgem ainda mais diferenças entre pais e filhos. "É muito mais divertido tirar foto, jogar e mandar torpedo do que só falar no celular, como os adultos fazem", ensina Amanda.

Para André, as brincadeiras das crianças de antigamente eram bem mais chatas. "A gente gosta de fazer o que é novidade", simplifica. Mas apesar de passar a maior parte do tempo livre com brinquedos eletrônicos eles também gostariam de ter mais liberdade. "Sinto falta de me machucar. Os adultos não deixam a gente fazer as coisas divertidas porque é perigoso", reclama André, acompanhado por Mariana: "Mesmo morando numa casa, eu nunca soube o que é brincar na rua. Mas a minha mãe fala que era muito legal", comenta.

"
É melhor ser criança hoje, porque a gente tem mais coisas para fazer. Mas antigamente as crianças eram mais livres para brincar"
André Tcherniacovski
8 anos


"Queria que os adultos entrassem na nossa mente, para eles entenderem como a gente pensa, do que a gente gosta"
Mariana Costa
10 anos


Como surgiu o Dia da Criança

O Dia das Crianças no Brasil foi "inventado" por um político. O deputado federal Galdino do Valle Filho teve a idéia de criar um dia em homenagem às crianças na década de 1920.

O Dia das Crianças deve ser especial para você. Abrir presentes, passear e, principalmente, curtir a família num dia tão especial faz bem a qualquer pessoa. Há 80 anos tem sido assim. Foi quando o deputado federal Galdino do Valle Filho criou a data, mais precisamente no dia 5 de novembro de 1924. Médico por formação, o político nasceu em 24 de setembro de 1879 e, por algum tempo, exerceu a profissão numa clínica do interior de Minas Gerais. Em 1911, foi eleito vereador e presidente da Câmara de Nova Fiburgo (RJ), para onde se mudou. . Os deputados aprovaram e o dia 12 de outubro foi oficializado como Dia da Criança pelo presidente Arthur Bernardes, por meio do decreto nº 4867, de 5 de novembro de 1924.

Mas somente em 1960, quando a Fábrica de Brinquedos Estrela fez uma promoção conjunta com a Johnson & Johnson para lançar a "Semana do Bebê Robusto" e aumentar suas vendas, é que a data passou a ser comemorada. A estratégia deu certo, pois desde então o dia das Crianças é comemorado com muitos presentes!

Logo depois, outras empresas decidiram criar a Semana da Criança, para aumentar as vendas. No ano seguinte, os fabricantes de brinquedos decidiram escolher um único dia para a promoção e fizeram ressurgir o antigo decreto.
A partir daí, o dia 12 de outubro se tornou uma data importante para o setor de brinquedos.

Em outros países

Alguns países comemoram o dia das Crianças em datas diferentes do Brasil. Na Índia, por exemplo, a data é comemorada em 15 de novembro. Em Portugal e Moçambique, a comemoração acontece no dia 1º de junho. Em 5 de maio, é a vez das crianças da China e do Japão comemorarem!

Dia Universal da Criança

Em 14 de dezembro de 1954, a Assembléia Geral da ONU recomendou que todos os países  criasses um evento anual a partir de 1956 conhecido como Dia Universal das Crianças para incentivar a fraternidade e compreensão entre as crianças de todo o mundo e promover o bem-estar das crianças. Foi recomendado que cada país devesse escolher uma data apropriada para esta ocasião.

Na época, a Assembléia Geral da ONU recomendou que todos os países devem estabelecer um Dia da Criança em uma data "apropriado". Muitos dos países respeitaram esta recomendação e o Dia Universal da Criança desde então tem sido observada anualmente em 20 de novembro. Há, no entanto, alguns países, como Austrália e Índia, que ainda optam por várias datas diferentes durante o ano para celebrar este dia.

Em 20 de novembro de 1959, a Assembléia Geral da ONU aprovou a Declaração dos Direitos da Criança e 20 de novembro de 1989, aprovou a Convenção sobre os Direitos da Criança. Desde 1990, o Dia Universal da Criança também marca o aniversário da data que a Assembléia Geral da ONU aprovou tanto a declaração e da convenção sobre os direitos das crianças.

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