Baixarias jogam Mel Gibson no inferno

A sucessão de baixarias que jogou Mel Gibson no inferno – como o próprio demônio

O então casal Mel Gibson e Oksana Grigorieva (Getty Images)

A obra de um artista pode ser iluminada por sua vida, mas, em geral, recomenda-se uma análise isolada da produção para que ela não seja impregnada dos preconceitos – ideológicos ou sociais – de quem a perscruta. Num mundo cada vez mais dominado pelo culto às celebridades, no entanto, as regras são outras. O exame da biografia domina todas as atenções e é capaz de nortear a carreira do artista. Nas últimas semanas, o escandaloso rompimento entre o ator americano Mel Gibson e sua mulher, a cantora russa Oksana Grigorieva, tem jogado o astro hollywoodiano em um inferno do qual o próprio é o guardião e de onde poderá ser difícil emergir para futuros trabalhos.

Diante de ofensas impronunciáveis feitas por Gibson em áudios vazados na internet, uma angélica Oksana – ela sabia que estava sendo gravada – surge falando baixo e ponderadamente, aparentemente disposta a legar a Gibson toda a vilania da história. Embora, pelo que se pode ver, esta não pareça uma história com algum inocente. 

Após trocas de acusações nada gentis – Oksana dizia que Gibson havia batido nela, ele respondia que ela tentava extorquir seu dinheiro – e o vazamento de gravações em que um desequilibrado Gibson grita e cospe sobre a namorada palavrões impossíveis de reproduzir aqui, a agência que representava o ator, a William Morris Endeavor, apagou-o da sua lista. Foi um declive considerável numa carreira feita de grandes sucessos, como os filmes Coração Valente e Paixão de Cristo, ambos dirigidos por ele.

Esta não é a primeira vez que o Gibson tem sua imagem arranhada. Em 2006, ao proferir ofensas anti-semitas a policiais que o flagraram bêbado ao volante, o ator chegou perto de perder o apoio da William Morris Endeavor. Foi protegido por seu agente à época, o poderoso Ed Limano. Morto há pouco mais de uma semana, porém, Limano já não pode socorrê-lo. E nunca Gibson precisou tanto de Limano quanto agora. Nas gravações que sua ex-namorada tem disponibilizado na internet, ele vomita doses de racismo e machismo que dificilmente serão esquecidas – até porque o Youtube já se encarregou de replicá-las aos montes.

Diante de ofensas impronunciáveis, uma angélica Oksana – ela sabia que estava sendo gravada – surge falando baixo e ponderadamente, aparentemente disposta a legar a Gibson toda a vilania da história. Embora, pelo que se pode ver, esta não pareça uma história com algum inocente. No segundo dos cinco áudios publicados na web, ela chama o ator de desequilibrado e diz que ele precisa de remédios. Gibson, que já estava nitidamente nervoso, se transtorna, e responde que ela precisa de “alma”.

É difícil dizer, no momento, quanto tempo vai durar o inferno de Gibson e que consequências terá. Afinal, não se sabe que outras armas Oksana guarda consigo, e mesmo se as armas já empunhadas são de total confiança: anexadas ao processo de divórcio, as gravações têm por ora suspeitas de adulteração. Mas, se não está perto de acabar, o calvário público do ator ganhou pelo menos um alívio nesta sexta-feira. Sua ex-mulher, Robyn Moore, com quem foi casado por 28 anos, passou a defendê-lo, afirmando que ele nunca agrediu a ela ou aos sete filhos que tiveram.

Além disso, vale lembrar que, em se tratando de sociedade americana, sempre há uma cura possível para as celebridades que erram. Como o incontrolável Tiger Woods, que foi à lama com a eclosão de suas centenas de casos extra-conjugais, Gibson ainda pode vir a público se desculpar, se internar numa clínica para um tratamento de luxo e retomar suas atividades como quem pagou sua pena. Porque, no mundo das celebridades, todos têm de prestar contas. Ainda que por puro marketing.

Abaixo, a segunda das cinco gravações feitas por Oksana. Cuidado: ela está cheia de palavras de baixo calão. Aqui, além de dizer a Gibson que ele precisa tomar remédios, a cantora russa o acusa de tê-la agredido duas vezes no rosto, enquanto segurava no colo a filha de ambos.

Fonte: ABRIL NOTÍCIAS