segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Pastor briga para retormar a liderança da igreja Maranata.

Pastor briga para retormar a liderança da igreja Maranata
Gedelti Gueiros já obteve uma vitória na Justiça Federal para reassumir o comando da igreja, mas uma decisão estadual o mantém afastado


Uma briga na Justiça está sendo travada para garantir que Gedelti Victalino Gueiros reassuma o comando da Maranata. Ele e os demais diretores da igreja foram afastados de suas funções no final do ano passado por decisões da Justiça estadual e da federal. Todos tiveram seus bens bloqueados, sigilos bancário e fiscal quebrados e foram impedidos de entrar no Presbitério de Vila Velha, a sede de comando da instituição.
Ao todo 26 pessoas estão sendo investigadas pelo desvio do dinheiro doado pelos fiéis. Na edição deste domingo do Jornal A GAZETA foi revelado detalhes das investigações feitas pelos promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Entre eles está o possível enriquecimento ilícito dos pastores, cujo patrimônio chegou a crescer até seis vezes nos últimos cinco anos. E mais: a movimentação financeira desses pastores chega a ser até dez vezes superior ao rendimento declarado ao Imposto de Renda.

Comando
Na esfera federal a igreja conseguiu reverter o afastamento de Gedelti. No último mês, um habeas corpus assinado pelo desembargador do Tribunal Regional Federal (TRF da 2ª Região) Raldênio Bonifácio Costa, o autoriza a reassumir suas atividades junto à igreja e ao Conselho Presbiteral, bem como ter acesso à sede administrativa da instituição.

Mas ele continua impedido de retornar ao cargo ou mesmo entrar no Presbitério porque ainda está valendo a decisão da juíza Sayonara Couto Bittencourt Barbosa, da Vara de Inquéritos Criminais de Vitória, que determinou seu afastamento, assim como o dos demais diretores da igreja, no final do ano passado.
O advogado Sérgio Carlos de Souza, que faz a defesa da Maranata, garante que um recurso já foi entregue à Justiça Estadual. "Já apresentamos documentos e fatos que comprovam a lisura da administração da igreja, mas a nossa defesa ainda não foi apreciada", assinalou, acrescentando ainda que já conseguiram uma decisão que garantiu o desbloqueio dos bens.

Na última segunda-feira a Justiça homologou o nome de três pastores para a direção da igreja. A indicação foi feita pela própria Maranata, em documento assinado por sua advogada, Bárbara Valentim. Acatava assim uma decisão da juíza Sayonara Couto Bittencourt Barbosa, que determinou que novos membros assumissem o comando da instituição.

Novos líderes
Para a diretoria administrativa, de Recursos Humanos e Financeira foi apontado o nome de Carlos Manoel de Souza Moraes, assim como o de Elson Pedro dos Reis para o posto de diretor de Engenharia e Construção, e de Izaldino Athayde Lima para o a diretoria de patrimônio. Na mesma lista aparecia o nome do coronel carioca Sérgio Gomes Novo para representar o Conselho Presbiteral.

Na última segunda, porém, uma decisão do juiz Marcelo Menezes Loureiro, da Vara de Inquéritos Criminais de Vitória, homologou os nomes de três diretores. Um dos indicados, Sérgio Novo, foi eliminado. De acordo com o advogado Sérgio Cardoso, o coronel reside no Rio de Janeiro e enfrentaria dificuldades para vir ao Estado com a frequência que o cargo exige, por isso foi feita a retirada de seu nome da lista. Até o momento a igreja não indicou um nome para representar o Conselho Presbiteral, que comanda a Maranata e seus mais de cinco mil templos no Brasil e outros no exterior.

Por intermédio de nota a igreja reafirmou a sua posição de que as acusações serão todas esclarecidas. "A Maranata jamais se insurgiu contra qualquer tipo de investigação que esclareça os fatos. Pelo contrário, sempre mostrou interesse em dirimir todas as eventuais dúvidas e acusações", diz, em nota oficial.
Ao todo, 26 pessoas – a maioria pastores – estão sendo investigadas por sua participação num esquema de corrupção que, segundo as investigações, desviou recursos doados por fiéis, um rombo que pode ultrapassar os R$ 21 milhões, segundo estimativas da própria igreja.

Igreja nega enriquecimento de pastores
Em nota oficial, publicada na edição de A GAZETA deste domingo, a Maranata garante que não há enriquecimento ilícito dos seus pastores. Diz ainda que o pastor Gedelti Gueiros teve uma movimentação financeira atípica nos período de 2008/2011 porque vendeu imóveis e que ingressaram em seus rendimentos recursos de aluguéis e salários que recebe.

A nota oficial afirma ainda que o patrimônio de Gueiros é "fruto do trabalho de toda uma vida", anterior a fundação da igreja e que pode ser comprovado em sua evolução patrimonial e declaração de Imposto de Renda. "A movimentação é totalmente legal pois havia lastro para embasá-la".

A nota é concluída atribuindo as dificuldades às dissidências. A igreja "lamenta que tais leviandades construídas por uma dissidência da igreja atentem contra os pilares firmes que há 45 anos sustentam a instituição", diz o texto.

As investigações do Ministério Público apontam que a movimentação financeira de Gueiros foi sete vezes superior a seu rendimento e que o patrimônio dos pastores cresceu até seis vezes nos últimos cinco anos.
Para o advogado Sérgio Carlos de Souza, que faz a defesa da igreja, outra incoerência vem da citação, nas investigações do patrimônio e movimentação financeira de outros três pastores: Adaísio Fernandes, José de Anchieta Fraga e Alexandre Melo Brasil. "A investigação é de 2007 a 2011, mas eles só passaram a fazer parte da diretoria no final de 2011", argumenta.

Souza, que também é pastor, assinala que as investigações não afetaram a rotina da igreja. Garante que há normalidade, não só administrativa, mas também nos cultos e nas reuniões com os fiéis. "O que temos vivido é um aumento do seu número de fiéis e uma firmeza entre os seus membros, que conhecem a origem dos problemas", disse. Sérgio assinala que uma prova disso foi o ingresso de mais de mil pastores na igreja em 2012.


Fonte: A Gazeta

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