domingo, 17 de junho de 2012

Decapitação e esquartejamento. Elize Matsunaga cometeu crime movida por vingança, diz promotor

Elize Matsunaga cometeu crime movida por vingança, diz promotor
Ministério Público vai pedir prisão preventiva de mulher de diretor da Yoki.
Marcos Matsunaga foi baleado e esquartejado; Elize confessou o crime.


Presa na Cadeia de Itapevi, na Grande São Paulo, Elize Matsunaga ocupa uma cela sozinha na penitenciária. Sua rotina é solitária e não inclui televisão, segundo seus advogados. Ela passa o tempo lendo livros e revistas, levados pelos defensores. "[Ela fica] muito chorosa, sempre pergunta da filha. É uma preocupação de mãe", diz Luciano Santoro, advogado de Elize. A  menina de um ano está com uma tia no apartamento onde o diretor-executivo da Yoki, Marcos Matsunaga, foi morto e esquartejado. Elize confessou o crime no dia 19 de maio.


O prazo da prisão temporária de Elize termina na próxima quinta-feira, dia 21. Mas o Ministério Público vai pedir a detenção preventiva. Se a Justiça aceitar, Elize pode ficar presa até o julgamento. Para o promotor José Carlos Consenzo, ela cometeu o crime porque quis se vingar das traições do marido e da forma como foi tratada por Marcos Matsunaga.

"Não é um crime passional, em hipótese alguma. Claramente [foi um crime] de vingança, com motivação torpe", afirma Consenzo. O promotor passou o fim de semana estudando o inquérito policial para determinar que tipos de crimes podem ser enquadrados no caso Elize.

Consenzo concluiu que vai acusá-la por homicídio triplamente qualificado, com motivo torpe, meio cruel e sem chance de defesa para a vítima. Para ele, a pena "não pode ser pequena".
"A pena que eu vou buscar para ela [Elize] é uma que realmente seja digna do status do crime que ela cometeu, no mínimo uns 25 anos", diz Consenzo.
Para o promotor, a principal prova de que Elize agiu por vingança são os resultados dos exames dos legistas no corpo do executivo. A confissão de Elize contradiz o laudo do Instituto Médico Legal (IML) em dois pontos: a posição de Marcos no momento do tiro e o instante do esquartejamento.

Elize contou que estava sentada quando começou a discutir com o marido, e que os dois se levantaram. Marcos teria humilhado a mulher e dado um tapa no rosto dela. Após isso, Elize pegou a arma e atirou, segundo sua versão.

Mas o médico-legista Jorge Pereira de Oliveira, que analisou o corpo do diretor-executivo da Yoki, concluiu que Marcos levou um tiro de cima para baixo. Pela trajetória da bala, é pouco provável que a vítima estivesse de pé, aponta o laudo do médico.

"É mais provável que ele [Marcos] estivesse sentado, ou ajoelhado, ou deitado, partindo do princípio que ela [Elize] é mais baixa do que a vítima", afirma Henrique Carvano Soares, professor de medicina legal da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal de SP (Unifesp).

O tiro, ainda segundo o laudo, provocou queimadura no rosto de Marcos, o que significa que foi à queima-roupa, a menos de 12 centímetros de distância.

Para o advogado da família do diretor-executivo da Yoki, Luiz Flávio Borges D'Urso, a proximidade da arma e a direção do tiro mostram que Elize pegou o marido de surpresa, e não em uma discussão.
"A violenta emoção, na minha opinião, está completamente descartada. Ela busca esta arma, ela o surpreende. Ele era faixa-preta em luta marcial, de compleição física maior do que ela. Ela é fraca, menor que ele, se ele quisesse poderia tentar desarmá-la. E ele não fez nada disso", disse D'Urso.

Esquartejamento
A cotnradição a respeito do esquartejamento ainda não está esclarecida. Elize contou que, após ver o marido morto, arrastou o corpo até o quarto de hóspedes e esperou por cerca de dez horas antes de começar a cortá-lo. No entanto, segundo o legista, Marcos estava com vida quando Elize principiou a esquartejá-lo.

Havia sangue no pulmão do executivo, o que só ocorreria se ele estivesse vivo, de acordo com o legista. "A entrada de sangue em vias aéreas é movimento ativo, quer dizer que ele tem que estar respirando", afirmou Oliveira.

A morte foi causada por traumatismo na cabeça causado pela bala, associado ao sufocamento por sangue devido à decapitação, afirma o laudo do corpo emitido pelo legista.

Elize discordou do laudo e reiterou sua versão sobre os fatos, afirma o advogado dela. "A gente não deve fazer a análise do conjunto baseado em apenas um único laudo. Ao lado desse eu preciso de outros, como exame do local e reprodução simulada", afirmou Santoro.

Ainda faltam duas provas técnicas: a análise do local do crime e a reconstituição do que aconteceu dentro do apartamento do casal. A defesa e a acusação já estão preparando as estratégias para um futuro julgamento.

O ponto central dos debates jurídicos deverá ser se Elize Matsunaga planejou friamente a morte do marido ou se agiu por forte emoção.

O poder de convencimento das partes vai determinar o tamanho da pena que a suspeita pode pegar pelo crime. A previsão é de uma sentença provável de seis a trinta anos de prisão, caso seja condenada.

Do G1


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