sexta-feira, 11 de maio de 2012

Síndrome do Pânico: o medo de ter medo


 Síndrome do Pânico: o que é e como tratar
Todo mundo tem medo de alguma coisa. Pode ser de ficar sozinho, de escuro, de cobra, de altura, de lugar fechado, de perder o emprego. O melhor é saber que ter medo é saudável. "É importante saber que todas as pessoas têm medo e que ter medo é saudável, pois é graças a ele que estamos vivos. A ansiedade ou o medo não é doença; fazem parte do nosso sistema biológico de sobrevivência. Entretanto, quando o medo é desproporcional a uma situação ou objeto, essa situação ou esse objeto passa a ser evitado, causando transtornos na vida pessoal, escolar ou profissional é chamado de fobia", explica o professor do Curso de Psicologia da Ufes
Elizeu Bortoli. 

O professor, em entrevista ao Vida Saudável, mostra como devemos lidar com a ansiedade generalizada. Ele explica o que é síndrome do pânico, como tratar e quem são as pessoas mais atingidas por esse mal.

O que é a síndrome do pânico?  

Transtorno da ansiedade é um grupo de problemas psicológicos que tem a ansiedade desproporcional como pano de fundo. O grupo é composto pela fobia específica (medo de alguma coisa, por exemplo, medo de dirigir), a fobia social (medo de gente), a ansiedade generalizada (medo da preocupação), o transtorno obsessivo-compulsivo (medo das consequências de fazer ou de ter feito algo), estresse pós-traumático (medo de lembrar ou reviver um trauma) e a síndrome do pânico (medo de ter medo).

As mudanças no organismo da pessoa indicam o diagnóstico da síndrome do pânico (é síndrome porque é um conjunto de sintomas). Caso essas transformações ocorram de forma repetida e inesperada e na ausência de doenças físicas (por exemplo, hipertireoidismo), pode ser um sinal de que a pessoa está diante de um quadro de síndrome do pânico: ritmo cardíaco acelerado ou palpitações no coração, suor excessivo, tremores, sensação de sufocamento e de aperto na garganta, dor no peito, enjoo, tontura, sensação de desmaio, sensação de estar fora da realidade, medo de perder o controle ou enlouquecer, sensação de formigamento, calafrios e medo de morrer.

Você já experimentou um ataque de pânico quando quase atropelou um cão no asfalto ou quando o ônibus em que estava foi invadido por um assaltante, por exemplo. A diferença entre o seu ataque de pânico e o transtorno do pânico é que no transtorno o ataque se repete e é seguido por uma preocupação persistente de ele se repetir, pois se antecipa uma consequência improvável: ter um ataque cardíaco ou enlouquecer. O "medo do medo" acaba exacerbando o medo: na tentativa vã de controlá-lo, ele se intensifica. Isto gera ataques espontâneos que parecem "vir do nada".

Quem pode ter a síndrome?

A origem do transtorno do pânico é múltipla, sendo que os aspectos psicológicos são os mais importantes no desencadeamento do transtorno. A ciência do comportamento aponta alguns fatores que podem predispor uma pessoa a desenvolver o transtorno do pânico: a ansiedade de ficar longe dos adultos na infância e a perda subida de pessoas que são o seu suporte na vida.


"O medo de morrer é um dos sintomas da síndrome do pânico ou do transtorno obsessivo-compulsivo e deve ser manejado como todos os outros"
Além disso, há indícios de que o transtorno do pânico é mais comum entre pessoas com familiares com o transtorno, personalidade dependente e com dificuldade de dizer não e fazer valer seus direitos interpessoais e entre aquelas que sempre tendem a interpretar o que acontece nos seus corpos como "catástrofes".

Segundo as pesquisas, quem tem entre 15 e 19 anos estaria na faixa de idade do início do transtorno do pânico. Quem tem mais de 30 anos estaria fora da incidência. É importante lembrar que a agitação das grandes metrópoles não tem relação com o transtorno do pânico, ao contrário do que se pensa, o transtorno é mais frequente em pessoas que residem na zona rural.

Quanto ao sexo, o que se sabe é que os transtornos da ansiedade têm ocorrência duas vezes maior nas mulheres e que a agorafobia (ou o medo de estar em lugares ou situações onde o escape seria difícil ou embaraçoso caso se tenha uma crise de pânico), que em geral acompanha o transtorno do pânico, acomete oito vezes mais as mulheres.

Tratamento

Na maioria dos casos, é necessário tratar o paciente com medicamentos (antidepressivos) aliados à psicoterapia, como mostra o site Pânico Nunca Mais!

A terapia comportamental e cognitiva é um dos tratamentos recomendados pela Organização Mundial de Saúde. Parte do tratamento envolve a análise e o contraponto entre as regras que o paciente usa para viver e as consequências dos acontecimentos.

A relação com o profissional de saúde deve gerar a convicção que ninguém morre de pânico. Isto é uma verdade confirmada nas consequências das ações. No caso do pânico, os sintomas têm relação com a sobrevivência e não com a morte.

Outra parte do tratamento, introduzida lentamente, envolve a aceitação do medo como parte da vida. Há técnicas para trazer ansiedade ao corpo e experimentá-la de outra forma. Trata-se de desaprender o medo aprendido de certas sensações corporais associadas com ataques de pânico.

Com relação às crises, elas podem aparecer sem nenhum motivo aparente, em diferentes fases da vida. Já sabemos que situações de grande estresse podem desencadear o início das crises, mas cada pessoa pode desenvolver a síndrome do pânico por razões muito distintas.


As crises podem durar apenas alguns minutos como também mais de uma hora, e costumam ser mais frequentes e violentas com o passar do tempo. O medo de novas crises acaba fazendo com que a pessoa evite uma série de situações associadas às crises (por exemplo, se a primeira crise foi num local fechado, ela passará a evitar lugares assim).

Com esse evitamento de situações que aparentemente favorecem o surgimento das crises, a pessoa sofre grandes limitações em seu cotidiano e atividades habituais, chegando, nos casos mais agudos, a ficar muitos meses e até anos sem sair de casa.

Acompanhe nesta terça-feira (26), a segunda matéria da série O Poder da Mente que irá falar sobre depressão.


Medo de ter medo. Conheça a Síndrome do Pânico

Três pessoas. Três casos distintos. Saiba como lidar com o problema. Ah, o melhor, esse mal tem cura. Veja como voltar a ser feliz

Primeiro caso. No trabalho era tudo tranquilo, mas quando ela chegava em casa e lembrava que estava sozinha, os males apareciam. Taquicardia, falta de ar e medo. Pensamentos ruins sobre a morte e mais um medo: o de morrer sozinha.

Segundo caso. O casamento foi bonito, mas apenas os pais, padrinhos, noivos e o padre estavam na Igreja. As portas permaneceram fechadas. Na festa, sim, os amigos.

Terceira história. Uma semana de angústia e sem conseguir dormir. Fechar os olhos a desesperava. Três mulheres diferentes, mas com um problema em comum: a síndrome do pânico. Mal que atinge duas vezes mais o sexo feminino do que os representantes do gênero oposto.


Síndrome do Pânico: o que é e como tratar

A intenção da estudante de enfermagem Helaine Rezende, 44 anos, era emagrecer. Mas o que ela ganhou foi uma crise de pânico. "Eu comecei a tomar um remédio para emagrecer, a sibutramina. O medicamento alterou a minha pressão arterial, passei a ter insônia e abalou meu sistema nervoso. O primeiro efeito foi a falta de sono, isso me deixava apavorada na hora de ir dormir. A cada dia que eu não tinha sono, aumentava minha angústia e medo. Cochilava, acordava e não conseguia mais dormir", lembra.

O apartamento se tornou pequeno para a enfermeira. "Apresentei um quadro de sudorese, a pressão subia, tinha vontade de andar em um lugar bem aberto. Não sou chorona, mas tinha muita vontade de chorar", descreve. "Na verdade isso aconteceu em uma semana. Eu já tinha tomado esse remédio e apenas no segundo mês que o efeito colateral apareceu. Procurei um médico e ele identificou a causa do problema. Assim que, eu parei de tomar o medicamento, os sintomas quase acabaram", conta.

E qual era a sensação? "É horrível, tinha muita angústia. Meu medo era de fechar os olhos, medo da escuridão. Talvez eu já estivesse passando por um quadro depressivo e não sabia", diz. Após o susto, ela tomou um remédio com orientação médica para regularizar o sono. Mas o medo não foi embora tão rápido. "Eu fiquei com esse medo por bastante tempo. Dizia para mim mesma que não era desse jeito e não foi necessário acompanhamento psicológico", acrescenta. Helaine não fez mais uso de remédio para emagrecer, recorreu a uma cirurgia bariátrica e hoje dorme sem problemas.


- gazeta online

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