quinta-feira, 12 de abril de 2012

Titanic: enigma no fundo do mar

Titanic: enigma no fundo do mar
Um século depois, um dos desastres mais famosos da História ainda exerce um fascínio sobre as pessoas por conta dos seus mistérios

Ele foi um colosso dos mares que teve vida curta, mas o fascínio pelo Titanic permanece, cem anos depois, tão grande e impressionante quanto os seus 268 metros de comprimento e suas 46 mil toneladas de peso. Da cidade inglesa de Southampton partiu em 10 de abril de 1912 o RMS Titanic, até então o maior navio do mundo, com destino a Nova York, nos Estados Unidos.

Da cidade de origem era mais de um terço das cerca de 1.500 pessoas que morreram no navio. Atingida por um iceberg, a embarcação afundou em 15 de abril de 1912, não chegando ao seu destino. Dos que estavam a bordo, sobreviveram 705. A tragédia completa cem anos no próximo domingo. 
Navio Grandioso

268 m de comprimento
46.328 t de peso bruto
28 m de largura
53,3 m de altura
43 km/h velocidade máxima
3.300 pessoas de capacidade
Cinco inquéritos foram abertos para investigar as causas do acidente, mas culpados nunca foram apontados. Fala-se bastante numa sucessão de equívocos e azares que, combinados, culminaram na tragédia. Os problemas vão de falhas estruturais a fatores ambientais daquela noite.

Considerado uma maravilha da engenharia da época,  o navio possuía; 15 anteparos à prova d’água que dividiam o casco, mas eles não eram altos o suficiente para impedir a passagem da água entre os 16 compartimentos que, em tese, foram projetados ali para permitir que a embarcação continuasse flutuando.

Mas há hipóteses mais novas. Uma delas é a do historiador e escritor inglês Tim Maltin, que recuperou diários de bordo de vários navios que navegaram, na época, nas mesma rota do Titanic  e realizou estudos  em parceria com um dos maiores estudiosos em miragens do mundo, o astrônomo Andrew Young, da Universidade de San Diego, nos EUA. Segundo ele, um fenômeno óptico causado pelo clima no Atlântico Norte, chamado super-refração, teria impedido a tripulação de enxergar os icebergs naquela noite fria e sem a iluminação da lua. Com o ar extremamente frio, a luz emitida pelos objetos abaixo da água é duplicada e o horizonte fica encoberto por uma neblina escura que dá a impressão de águas tranquilas, o que pode ter encobrido o iceberg.

Essas suposições, baseadas em estudos sérios ou não,  ganharam força ao longo dos anos  principalmente pelo  mistério que cerca o fundo do mar. Somente para se saber o paradeiro exato dos destroços foram necessários 73 anos. As primeiras expedições foram enviadas em 1963, mas a maioria fracassou por falta de financiamento. Em 1985,  o oceanógrafo norte-americano Robert Ballard – que tinha convencido a marinha dos Estados Unidos a desenvolver, cinco anos antes, um sistema de busca subaquático em parceria com o seu instituto Woods Hole Oceanographic – conseguiu localizá-lo com um submarino não-tripulado.
foto: Divulgação
Um dos desastres mais famosos da História ainda exerce um fascínio sobre as pessoas, um século depois

Nova viagem

Na última terça-feira, mais de 650 descendentes das vítimas do naufrágio se reuniram para uma cerimônia no mesmo cais de onde o Titanic partiu. Elas jogaram flores  na água no local de onde o transatlântico da White Star partiu e fizeram um momento de silêncio em memória dos que perderam suas vidas na tragédia. Uma gravação do apito do Titanic soou no cais ao meio-dia - mesmo horário no qual o  Titanic se soltou das amarras.

A cerimônia foi encerrada com o hino “Nearer My God To Thee” (Mais perto, meu Deus, de Ti), que, reza a lenda, teria sido tocado pelos músicos do navio enquanto ele afundava.
A cidade também abriu um novo museu, o SeaCity, que conta relação da cidade com o mar, com foco na história do Titanic. A abertura do museu e as homenagens fazem parte das muitas celebrações marcadas para coincidir com o 100º aniversário. Belfast, na Irlanda do Norte, que serviu de berço para a construção do navio, também inaugurou recentemente um museu sobre o tema, o Titanic Belfast, localizado próximo ao estaleiro onde foi construída embarcação.

O MS Balmoral, navio que vai refazer a rota do Titanic, partiu do porto da cidade no domingo, mas teve de interromper sua jornada na terça-feira por causa de uma emergência médica a bordo. "O navio voltou e tomou a direção de cerca de 20 milhas náuticas a leste, que o levará para mais perto da costa, num local ao alcance de um helicóptero”, informaram os organizadores da excursão em comunicado. "Assim que o passageiro deixar a embarcação para tratamento médico, o navio vai retomar sua rota”, diz o documento, sem identificar a pessoa ou descrever o problema de saúde que ela teve.

O cruzeiro deve durar 12 noites. O navio leva 1.309 passageiros, dentre eles parentes de alguns dos mais de 1.500 passageiros do Titanic que morreram, e pretende recriar a experiência do transatlântico. Muitos passageiros, tripulantes e camareiros estão vestidos com roupas da época. As refeições seguem o menu do Titanic e uma banda toca músicas daquele período.

Duas cerimônias em memória da tragédia devem acontecer no final de semana: a primeira perto da meia-noite de 14 de abril, quando o Titanic bateu contra o iceberg, e a segunda nas primeiras horas do dia 15, quando a embarcação afundou. O Balmoral pertence à Fred. Olsen Cruise Lines, cuja matriz, a Harland and Wolff, construiu o Titanic em Belfast. (Das agências)
Curiosidades

Origem
Em 1907, a empresa White Star planejou a construção de três navios - Olympic, Britannica e Titanic - para competir com os navios luxuosos e rápidos recém-lançados pela rival Cunard Lines.

Trabalho e custos
Em Belfast, na Irlanda, a empresa Harland and Wolf inicia a construção do Titanic. Quinze mil homens trabalharam na obra, que levou três anos para ser finalizada, com custo aproximado de US$ 400 milhões (valor atualizado).

Viagem
A viagem inaugural do Titanic, sob o comando do capital Edward Smith, teve início em 10 de abril de 1912 em Southampton, na Inglaterra, com destino a Nova York, nos EUA. Houve paradas para embarque em Cherbourg, na França, e Queenstown, na Irlanda.

Atrações
A Grande Escadaria, com 18 metros de altura e 5 de largura, feita de carvalho abaixo de uma cúpula de cristal, era um dos símbolos da ostentação que imperava no navio, que também tinha piscina aquecida (a primeira em um cruzeiro),  academia, sauna, quadra de squash, biblioteca e quatro elevadores.

Resgate
Uma hora após a colisão com o iceberg, por volta de 1h da manhã do dia 15 de abril de 1912, o primeiro dos vinte botes salva-vidas disponíveis é lançado ao mar com 28 passageiros, apesar de ter a capacidade para 65. Por conta da confusão, os botes saem do navio sem a lotação máxima.

Destroços
Uma equipe do oceanógrafo americano Robert Ballard descobriu os destroços do navio, a cerca de 4 mil metros de profundidade e em águas internacionais, em 1985. Na semana passada, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) anunciou que os destroços estão agora protegidos pela Convenção da Unesco para a proteção do patrimônio cultural subaquático.


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