domingo, 18 de março de 2012

Tom Selleck, ator de 67 anos quer ir além de 'Magnum'


Tom Selleck quer ir além de Magnum e fala sobre o sucesso de Blue bloods
Ator de 67 anos encarna um chefe de polícia que é pai e avô na série, exibida no Brasil no canal Livre

Na pele de Frank Reagan, que comanda a
polícia de Nova York na série Divulgação
 
RIO - Da última vez em que envergou a camisa florida do clássico oitentista "Magnum" até o momento em que começou a ostentar o uniforme de chefe de polícia da série "Blue bloods", cuja segunda temporada já é exibida no Brasil pelo canal Liv, lá se vão quase 25 anos. Aos 67, Tom Selleck não pensa em deixar o passado para trás. Afinal, foi na pele do famoso investigador mulherengo e boa-praça que o ator chegou às TVs de vários (e inimagináveis) cantos do mundo. No entanto, o dono do bigode mais icônico da televisão diz, em entrevista por telefone, que é preciso evoluir. E é isso que ele vem tentando fazer na atual série, cujos criadores, Mitchell Burgess e Robin Green, são os mesmos da cultuada "Família Soprano". Se eu ainda estivesse tentando ser aquele cara de "Magnum", e considerando que o seriado ainda está no ar em cerca de 100 países, o público se sentiria subestimado por mim. Gosto de pensar que evoluí conta, simpático.


Em "Blue bloods", no ar por aqui às segundas, às 22h (e já renovada pela emissora americana CBS para o terceiro ano), Selleck é Frank, patriarca do clã Reagan, tradicionalmente dedicado à luta contra o crime em Nova York. Como chefe de polícia, Frank segue os passos do pai, que ocupou o cargo em outros tempos. Seus filhos, Jamie (Will Estes), Danny (Donnie Wahlberg) e Erin (Bridget Moynahan), também trabalham pelo cumprimento da lei, de diferentes formas. A atração veio depois de outras experiências pós-"Magnum", como uma bem-sucedida participação em "Friends", na qual o ator viveu o doutor Richard Burke, apaixonado por Monica (Courteney Cox), por dez episódios.

Em termos de séries de TV, não acho que eu tenha tido outra vivência tão boa quanto "Magnum". Lá, eu trabalhava cerca de 90 horas por semana, nove meses por ano, e fazia um filme a cada vez que tirava férias, isso durante oito anos. Quando o seriado saiu do ar, foi porque eu precisava ter uma família lembra o ator.

Apesar de gravar em Nova York e viver em Los Angeles, Selleck diz que a situação hoje em dia é bem diferente daqueles tempos.

Minha grande questão era como poderia fazer "Blue bloods" e não desmantelar minha família. Agora, posso bancar essa decisão, o que não podia na época de "Magnum". Hoje, dos oito dias de gravação, trabalho apenas quatro e volto para Los Angeles. Não tenho tanto tempo com eles quanto eu gostaria, mas também tenho a hipoteca da minha casa para pagar diz, entre risos.

E a família também é o cerne de "Blue bloods". De qualquer forma, Selleck reconhece que o perfil de seus personagens mudou muito com a idade. De pai de primeira viagem na comédia "Três solteirões e um bebê", de 1987, ao lado de Ted Danson e Steve Guttenberg, hoje ele já vive um avô. No cinema, outro papel de destaque foi em "Será que ele é?", ao lado de Kevin Kline, em 1997.

Antes, meu papel era o do jovem protagonista. Em seguida, fui pai de bebês e adolescentes. Agora, meus filhos são adultos. Não sei qual o segredo de uma carreira longeva porque nesse tipo de negócio seu telefone pode simplesmente parar de tocar sem que você tenha culpa por isso afirma. Nesta carreira, os altos são muito altos, e os baixos são muito baixos. A chave do sucesso, para mim, é saber lidar com isso, não parar de trabalhar e conviver com o sucesso, que é tão difícil quanto um fracasso.

Pai de Hannah, de 23 anos, e de Kevin, 46 (filho de sua primeira mulher e adotado pelo ator), ele revela que, diante dos dilemas de Frank, pensa bastante no pai, que já morreu. Robert Selleck era gerente de uma conhecida corretora de imóveis no vale de San Fernando, na Califórnia.

Nas reuniões de roteiro, se tenho alguma questão sobre os rumos do personagem, penso muito nele, que já morreu e foi um ótimo pai. Eu poderia fazer análise por 20 anos e jamais o culparia, nem minha mãe, por nada reflete.

No segundo ano da série, o personagem deve passar por outras mudanças. A expectativa é que o chefe de polícia, que ainda usa a aliança de sua falecida mulher, abandone o luto e consiga engatar um romance:

Ele tem muitos problemas. Comanda 35 mil policiais em uma das maiores cidades do mundo, perdeu sua mulher e um filho, que também era um agente... Frank pode não tomar as decisões que eu tomaria. Ele tenta ser um bom pai, mas comete um monte de erros. E é isso que o faz interessante, e é isso que procuro como ator.

As mudanças na indústria do entretenimento nos Estados Unidos, para ele, não são tão perceptíveis. No entanto, ainda que de forma polida "Veja, não quero criticar", faz questão de ressaltar , Selleck enxerga uma banalização do perfil dos personagens, tanto no cinema quanto na TV, atual refúgio de outros veteranos, como Dustin Hoffman e Nick Nolte.

O problema é semelhante: há pouco material focado no personagem e muitas explosões. Adoro produções de ação, mas acho que filmes são sobre pessoas explica, destacando o papel do pai na ficção. Nas comédias, acho legal existir um Homer Simpson, que é idiota e divertido. Mas quando essa tendência se destaca... O que vejo é uma trivialização dos pais (na TV). Acho importante que os personagens tenham problemas e falhas, mas nossa missão é entreter as pessoas. E não tratar de nossas próprias questões.

O Globo

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