terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

'Sinto muita pena dele', diz irmão mais novo de Eloá

‘Sinto muita pena dele’, diz irmão mais novo de Eloá
Everton Douglas, de 17 anos, disse que Lindemberg é “insignificante”

O irmão mais novo de Eloá, Everton Douglas, de 17 anos, que testemunhou neste segundo dia de julgamento de Lindemberg Alves, no Fórum de Santo André, no ABC, paulista, afirmou que sente “muita pena” deste segundo dia de julgamento do caso Eloá, no Fórum de Santo André, no ABC, paulista, por considerá-lo um monstro. Ele depôs das 10h45 até 12h30 desta terça-feira (14).
Everton Douglas Pimentel, irmão mais novo da
adolescente prestou depoimento nesta terça-feira (14)
 – Foto: Helvio Romero/AE

- Hoje em dia eu sinto muita pena dele porque sei que ele é monstro, um ser insignificante.
O adolescente depós como testemunha do juízo em substituição a jornalista Ana Paula Neves. Mais cedo, a mãe dele, Ana Cristina Pimentel, que iria ser testemunha de defesa, foi dispensada pela advogada, Ana Lucia Assad. Ela chegou a ser chamada, mas levantou logo em seguida.
Durante a oitiva, o irmão mais novo de Eloá enfatizou o comportamento agressivo do réu e confirmou que foi ele quem o apresentou para a vítima.
- O que ele fez é desumano, não é digno de ser uma pessoa da sociedade. Ele sempre foi estourado, muito estressado, sempre teve um gênio forte, era muito agressivo, sempre era ele que causava briga.
Douglas também confirmou que Eloá apanhou de Lindemberg.
- Teve um dia que ela chegou em casa chorando dizendo que ele bateu nela.
O irmão conheceu o acusado em jogos de futebol, que eram realizados no conjunto habitacional em que os dois eram vizinhos. Eles se conheceram cerca de três anos antes do crime.
- No começo era amizade só de jogar futebol. A Eloá conheceu ele depois de mim. Sim [eu era bem amigo dele, infelizmente].
Questionada sobre se costumava tratar Lindemberg como um filho – como Ronikson Pimentel dos Santos falou em seu depoimento – Ana Cristiona Pimentel confirmou e disse que não vê o réu como um monstro.


Dia do crime

Ainda em seu depoimento, Douglas contou que estava com Lindemberg pouco tempo antes do acusado sequestrar sua irmã.
- Notei ciúmes da parte dele depois que a gente viu o Orkut dela. Tinha depoimento de amigos e ele se mostrou muito nervoso.
Segundo Douglas, logo depois, os dois saíram juntos para comer em uma pastelaria e viram Eloá, a amiga Nayara e os dois adolescentes, Iago e Vitor – que também foram vítimas do sequestro. De acordo com o irmão, Lindemberg se ofereceu para levá-lo de moto até seu treino de futebol em uma escola, porém, no meio do caminho mandou descer do veículo.
- Desce aí rapidinho ele me disse. E simplesmente saiu e me deixou na estrada. Era bem afastado da minha casa. Esperei uns 40 minutos, fiquei nervoso e fui para casa dele.
Douglas disse que só a moto do réu estava na casa. Então, ele seguiu até sua sua própria casa e não conseguiu entrar porque a chave estava com a irmã.
- Fiquei ate 19h30 esperando alguém chegar. Falei para o meu pai [quando ele chegou] que a Eloá não estava e por isso eu estava para fora.
Nesse momento, os dois ligaram para jovem e Lindemberg atendeu o telefone.
- Muito nervoso, ele já mandou a gente não encostar na porta.
14/02/2012 - Everton Douglas Pimentel e Ronixon Pimentel, irmãos da adolescente Eloá Cristina Pimentel, chegam ao Fórum de Santo André




Depoimentos
Antes de Ana Cristina ser dispensada, prestaram depoimento nesta terça-feira o irmão mais velho de Eloá,Ronikson Pimentel dos Santos, e o advogado Marco Antonio Cabello. Ronikson falou por pouco mais de uma hora. Demonstrando bastante emoção em vários momentos, ele classificou Lindemberg Alves de “monstro” e disse que toda a família se sentiu traída por ele.

- Ele é um monstro, louco e agressivo.

O irmão afirmou que sempre foi contra o relacionamento de Lindemberg e Eloá – por ele ser bem mais velho que a adolescente (a diferença de idade entre eles era de seis anos) -, mas disse que acabou aceitando o namoro porque ela gostava do réu. Segundo o rapaz, a atitude de Lindemberg, além de um crime, foi uma traição a toda sua família porque seus pais gostavam muito dele e o acusado se dizia amigo.

- Minha mãe gostava de Lindemberg como se fosse filho [...] Mudou totalmente a nossa vida, Ficou um vazio na família. Apesar de tudo, estamos reconstruindo. A ferida não sara.

Ainda de acordo com o irmão de Eloá, o relacionamento entre ela e Lindemberg era bastante conturbado, com sua irmã sempre “chorando pelos cantos” por causa de brigas, e o temperamento do ex-amigo sempre foi raivoso.

Primeiro dia de júri

Na segunda-feira (13), quatro pessoas listadas pela acusação foram ouvidas, desde a adolescente Nayara Rodrigues, que passou grande parte do sequestro ao lado da amiga Eloá, até o sargento Atos Valeriano, que conduziu o início das negociações com Lindemberg. Além deles, prestaram depoimento dois jovens que também estavam no apartamento quando o réu invadiu o local armado.

.Durante seu depoimento na segunda, Nayara afirmou que Lindemberg sempre teve intenção de matar Eloá. O depoimento começou por volta das 15h e terminou duas horas depois.

- Ele falou que iria matá-la e sair andando, se Eloá estivesse sozinha no apartamento.

Segundo Nayara, na época do crime, Lindemberg chegou a contar ao pai de Eloá de sua intenção de matar a adolescente então com 15 anos.

- Ele falou para o pai [da Eloá] que se ela não fosse dele não seria de ninguém [...] A intenção dele era matá-la, não tinha muito que negociar. Ele era irredutível.

Já o policial Atos Valeriano contou que Lindemberg atirou contra ele “para provar que não era bonzinho”. De acordo com o PM, essa foi a resposta que obteve do réu quando o questionou sobre o disparo. A partir de então, o policial passou a se esconder atrás de uma parede durante toda a negociação no período do cárcere em 2008. Solicitado por Lindemberg para que mostrasse o rosto, o sargento foi alvo de um novo disparo. Valeriano lembrou que essa segunda bala atingiu a parede cerca de 30 cm acima de sua cabeça e que, na ocasião, pôde sentir areia caindo sobre seu cabelo.

Ainda de acordo com Valeriano, Lindemberg alterava dois estados de humor. Em alguns momentos, ele o ofendia e xingava. Em outras horas, conversava. Entretanto, segundo o policial, sua intenção quanto ao desfecho do sequestro foi sempre a mesma.

- Desde o primeiro momento, ele disse que iria matar os quatro reféns e se matar. Após as duas primeiras vítimas serem liberadas, dizia que iria matar as duas [restantes, Eloá e Nayara] e se matar.

Iago de Oliveira, colega de Eloá que também prestou depoimento na segunda, confirmou que o réu ameaçou de morte todos que estavam no apartamento em Santo André na tarde de 13 de outubro de 2008.

- Teve uma hora que ele disse que ninguém sairia vivo de lá. Ele apontava a arma para todos nós. Outra hora ele dizia que mataria Eloá e depois se mataria.

Após o término do primeiro dia de julgamento, Lindemberg foi levado ao CDP (Centro de Detenção Provisória) de Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, onde passou a noite.


Fonte: R7

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