segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Adriano nega acusações e diz que jovem baleada 'não tem caráter'

Adriano nega acusações e diz que jovem baleada 'não tem caráter'
'Exames vão comprovar o que aconteceu', disse o jogador do Corinthians.
Segundo delegado, tiro que atingiu vítima partiu do banco de trás de carro.


O jogador Adriano afirmou nesta segunda-feira (26) que a jovem baleada dentro do seu carro "não tem caráter e agiu de má-fé" ao acusá-lo de ter disparado a arma dentro do carro dele. Ele voltou a afirmar que estava no banco da frente do veículo e nega ter efetuado o disparo.
O caso aconteceu quando o jogador saía de uma boate, na Barra da Tijuca, Zona Oeste, acompanhado de quatro mulheres e um amigo por volta das 5h30 de sábado (24).

Segundo Adriano, quando viu que a jovem estava ferida, pediu para o amigo que dirigia o veículo parar. Nesse momento, ele contou que tirou a jovem de dentro do carro, tirou a camisa para cobrir o ferimento da vítima e pediu que o amigo levasse a jovem para o hospital.

O jogador contou ainda que foi ao hospital onde a jovem está internada para fazer o exame de resíduo de pólvora e não chegou a visitá-la nem pagou o hospital. "Não vejo necessidade de arcar com as custas", afirmou Adriano, sobre a acusação da jovem contra ele.
O jogador Adriano na 16ª DP (Barra da Tijuca)
(Foto: Alba Valéria Mendonça/G1)

Ele negou conhecer a vítima, acrescentando que deu uma carona para ela a pedido de um amigo com quem estava no camarote de uma boate na Barra da Tijuca, na Zona Oeste.

"Não sei por que ela está fazendo isso contra mim. Mas quando acontece alguma coisa com o Adriano a repercussão é sempre muito grande", afirmou o jogador durante entrevista concedida à imprensa ao chegar à delegacia. "Estou tranquilo, todo mundo sabe que não gosto de dar entrevistas, mas concordei em falar com vocês (imprensa) porque tenho família, estou preocupado e estou preocupado também com a minha imagem. Os exames (de resíduo de pólvora) vão comprovar o que realmente aconteceu", completou Adriano, ao chegar por volta das 18h à 16ª DP (Barra da Tijuca) para prestar depoimento.

Ainda segundo o atleta, a arma estava entre o banco e o console do carro, mas ele não viu quem pegou a arma, só ouviu o disparo e teve um instinto de se abaixar porque "foi um estrondo muito grande dentro do carro".

'Mentira é péssimo negócio', diz delegado

De acordo com o delegado Fernando Reis, o nome da estudante baleada consta como vítima em três processos - um de lesão corporal, outro de ameaça e um de saidinha de banco. "As investigações ainda estão no início, vamos aguardar ela operar para ver se conseguimos marcar uma acareação na quarta-feira (28). Mas se ela estiver mentindo que fique consciente de que se trata de um crime muito grave, que é chamado de denunciação caluniosa, que dá de dois a oito anos de prisão", afirmou Reis.

Mais cedo, o delegado afirmou que Adriano poderá responder por até dois crimes caso tenha mentido no depoimento dado no sábado (24) e volte a mentir nesta segunda. Para o delegado, a “mentira é um péssimo negócio para ele”.

No primeiro depoimento, o delegado Carlos César, que estava excepcionalmente atuando na 16ª DP, disse que Adriano contou que foi a própria vítima que efetuou, acidentalmente, o disparo.

De acordo com Reis, se o jogador mentir, ele responderá por fraude processual e lesão corporal culposa. Já as testemunhas responderão por falso testemunho. “Ele sai de uma zona de conforto e faz uma aposta complicada, caso esteja mentindo”, afirmou.

O delegado também afirmou que este tipo de caso requer “um extremo cuidado” porque Adriano é uma pessoa que já se envolveu em polêmicas “dessa ordem”.

Para Reis, uma avaliação equivocada pode comprometer a investigação.

Entenda o caso
Adriano e a vítima já fizeram um exame para detectar a presença de pólvora nas mãos. "Eu só ouvi o barulho. Eu estava dirigindo o veículo. Eu não vi nada. Só o barulho. A arma estava debaixo do banco e era minha", contou o PM reformado Júlio César Barros, amigo de Adriano que dirigia o veículo.
Projétil retirado pela perícia do forro do carro do
Adriano (Foto: Marcos de Paula/Agencia Estado)

Tiro partiu do banco de trás
No domingo (25), o delegado afirmou que, de acordo com os primeiros dados da perícia, o tiro que atingiu a mão da estudante partiu do banco de trás. De acordo com Reis, o laudo conclusivo da perícia do Instituto de Criminalística Carlos Éboli só deve ficar pronto entre 20 e 30 dias.

A vítima, de 20 anos, contou à polícia que o jogador disparou acidentalmente, ao manusear a arma do PM reformado. No entanto, além do jogador, outros dois ocupantes do carro afirmam que foi a própria vítima que fez o disparo.

Das seis pessoas ouvidas pela polícia, a estudante é a única que diz que o jogador estava no banco de trás do carro. Em depoimento, Adriano contou que estava no banco do carona dianteiro de seu carro, que era dirigido pelo amigo policial. O PM confessou à polícia que a arma era de sua propriedade. A Polícia Civil adiantou que o policial vai responder a um processo adminsitrativo por negligência ou omissão na guarda de arma de fogo.

Acareação
Para o delegado é “indispensável” uma acareação entre a vítima e os outros ocupantes do carro, incluindo o jogador. A expectativa da polícia é ouvir a jovem, assim que ela receber alta do Hospital Barra D´Or, onde está internada, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste. A polícia também pretende fazer uma reconstituição do caso.

De acordo com o hospital, a previsão dos médicos é que a estudante seja submetida na terça-feira (27) a uma cirurgia de reconstrução da mão esquerda. A equipe de ortopedia responsável pelo caso avalia que é possível que a vítima não tenha sequelas na movimentação da mão, pois o tiro atingiu apenas o osso, não afetando artérias, nem o tendão. O estado de saúde da jovem é considerado bom.


Alba Valéria Mendonça
Do G1 RJ

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