terça-feira, 29 de novembro de 2011

Motorista que foi espancado e morto será enterrado nesta terça em SP

 Motorista que foi espancado e morto será enterrado nesta terça em SP
Motoristas e cobradores paralisaram duas linhas de ônibus da Via Sul.
Polícia Civil busca câmeras que tenham registrado o espancamento.

O motorista morto após ter um mal súbido, bater em carros e motos e ser espancado na Zona Leste de São Paulo, na noite de domingo (27), será enterrado nesta terça-feira (29), no Cemitério da Vila Alpina, também na Zona Leste.


Motoristas e cobradores de duas linhas Via Sul (linha 314J/10 – Pq. Santa Madalena - Metrô Liberdade e linha 4222/10 – Pq. Santa Madalena – Pça. João Mendes) paralisaram as atividades nesta terça para participar do enterro do colega Edimílson dos Reis Alves, de 59 anos, previsto para as 9h. A SPTrans acionou o Plano de Atendimento entre Empresas de Transporte em Situação de Emergência (Paese) às 3h30 para atender as linhas. Estes trechos estavam sendo operados por 15 ônibus da empresa Novo Horizonte.


A Polícia Civil busca câmeras que tenham registrado o espancamento de Alves. Segundo o delegado Antonio José Pereira, os vídeos podem ajudar a identificar os responsáveis pela agressão ao motorista. Ele morreu a caminho do hospital. Ninguém foi preso.


Após colidir em três carros e em três motos, uma passageira puxou o freio de mão, o que fez com que o veículo parasse. Uma cobradora, que não quis ter o nome divulgado, voltava pra casa de carona no ônibus. Ela disse que o motorista passou mal ao sair de um ponto.“Quando ele não fechou a porta, eu já achei estranho, porque ele não é de andar de porta aberta. Mas aí quando eu vi que ele não desviou do carro, falei: ‘Ele está passando mal’. Aí foi que eu comecei a gritar para o cobrador também me ajudar porque ele não estava bem.”



Além de atingir os outros veículos, o ônibus atropelou um rapaz de 26 anos. Ele teve fratura exposta do dedo do pé e se recupera de uma cirurgia no Hospital Geral de São Mateus. Alguns carros amassados pertencem às pessoas que participavam do baile funk. Segundo a polícia, os frequentadores da festa acharam que se tratava de mais um caso de embriaguez ao volante e partiram para a agressão.


“Eles começaram a entrar no ônibus e a quebrar tudo. Tacaram pedra. De tudo quanto era lugar vinha pedra. Tamanha brutalidade. Puxaram ele pela janela do ônibus, saíram arrastando ele”, disse a cobradora. Ainda não se sabe se Edimílson morreu pelo mal súbito ou pela agressão.


“Isso não é jeito do ser humano tratar o outro. A gente quer ver os culpados na cadeia. simplesmente é isso. Não foi todo mundo valente? Cadê agora as pessoas?”, disse, indignada, Eunicie dos Santos, prima do motorista. Edmilson trabalhava havia mais de 20 anos e completaria na terça-feira (29) 60 anos de idade.



'Covardia é pouco', diz mulher de motorista de ônibus morto em SP
Condutor foi agredido após ter mal súbito e bater em veículos.
Suspeitos o arrancaram do veículo; ninguém foi preso.
Segundo mulher do motorista, ele completaria 60 anos nesta terça-feira (Foto: Juliana Cardilli/G1)

A família do motorista de ônibus morto na noite deste domingo (27) após perder o controle e bater em outros seis veículos na região de Sapopemba, Zona Leste de São Paulo, classificou como covardia a ação das cerca de 300 pessoas que estavam em um baile funk próximo ao acidente e invadiram o veículo para agredi-lo. Segundo testemunhas, Edimílson dos Reis Alves, de 59 anos, teve um mal súbito, causando a perda do controle do veículo. A polícia aguarda o laudo do Instituto Médio-Legal (IML) para saber o que causou a morte do motorista - se foi o mal súbito ou se foram as agressões sofridas.

“Covardia é pouco para descrever o que fizeram com ele, não têm palavras. Você ama alguém de verdade, eu demorei para casar e termina assim”, afirmou a mulher dele, Digeane da Silva Alves, de 35 anos. Os dois estavam juntos havia cerca de dois anos e se casaram em janeiro. Nesta terça-feira (29), o motorista completaria 60 anos.

O acidente aconteceu por volta das 23h30 na Rua Florêncio Rielli Torres. Segundo o boletim de ocorrência, o motorista perdeu o controle, bateu em três carros e três motos e atropelou um jovem de 26 anos. A vítima, Fábio Bento do Prado, foi levada para o Hospital Geral de São Mateus, onde permanecia internada na manhã desta segunda (28). De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde, ele passou por uma cirurgia no pé por causa de uma fratura no dedão. O jovem passava bem, mas não havia previsão de alta.
Após o acidente, pessoas que estavam em um baile funk na rua, próximo ao local da colisão começaram a apedrejar o ônibus, entraram no veículo e arrancaram o motorista, que passou a ser agredido.
Adriano é um dos quatro filhos de Edimílson
(Foto: Juliana Cardilli/G1)


“Mataram o meu pai em serviço, não deram oportunidade para ele se explicar, não socorreram ele. Só lincharam ele, igual um saco de lixo. Nem em um cachorro sarnento a gente faz isso. Jogaram ele na rua, bateram extintor na cabeça dele, como se ele fosse um lixo. Acharam que ele estava fugindo, mas não foi isso”, disse Adriano Massarotto Alves, de 33 anos, um dos quatro filhos de Edimílson.

“Para mim daria para ter socorrido. Ele estava vivo, pegaram ele, arrancaram ele do volante. Tinha uma cobradora que estava como passageira na hora, ela viu, falou que ele endureceu o braço e as pernas e não parou. Ela puxou o freio de mão, mas não parou totalmente”, disse o filho da vítima.

Segundo a família, o motorista não apresentava problemas de saúde, fez um check-up e renovou a carteira de motorista recentemente. “Ele não bebia, não fumava, tem 17 anos que ele parou de beber”, afirmou Adriano. “Era uma pessoa saudável, se alimentava direito, não tinha nada. Eu tenho mais problemas do que ele”, disse a mulher do motorista.

Digeane havia acompanhado o motorista no trajeto de ônibus até momentos antes do acidente. “Ele estava normal, estava bem. Eu costumo fazer a última viagem com ele de fim de semana. Ele me liga, eu levo a janta, dou uma volta com ele e a gente vem embora. Ontem eu desci antes porque tinha médico hoje cedo”, contou.

“Mal acabei de chegar aqui surgiu um comentário na vizinhança que tinham massacrado um motorista na pracinha. Eu entrei, liguei para ele, e ele não atendia mais o celular. E entrei em desespero, pressenti que era ele. Um tempinho depois o resgate atendeu. Falaram para eu ir no hospital com os documentos dele e não falaram como ele estava. Aí acabou tudo para mim.”

Os locais e horários do velório e do enterro não tinham sido definidos até o começo da tarde desta segunda. Os responsáveis pela agressão fugiram antes da chegada da polícia. Ninguém tinha sido preso até o início desta tarde.



Do G1 SP

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