domingo, 3 de julho de 2011

Toureira atacada por animal diz que espera voltar à arena em breve

Conchi Rios, de 20 anos, foi atingida por um touro essa semana. Ela ficou cinco segundos suspensa no ar, com a perna presa ao chifre do animal.


A imagem de uma toureira sendo atacada pelo animal e ficando suspensa no ar marcou a semana. O que aconteceu com ela? E os peões brasileiros que também sofreram acidentes graves como vivem hoje?

“Era um touro bonito e forte. Eu sabia que mais cedo ou mais tarde ele viria em minha direção”, conta a toureira espanhola Conchi Rios.

Ela se lembra com todos os detalhes do acidente que sofreu na França no domingo passado. “Ele me acertou, me girou no ar e me arrastou. O que eu queria é que ele me soltasse”, relata.

A toureira ficou pendurada durante cinco segundos. O chifre perfurou a coxa direita dela e fez cinco lesões diferentes. A pior delas, de 30 centímetros de comprimento. Mas essas são imagens que a jovem de 20 anos está tentando apagar da memória.

“Espero voltar a tourear no dia 10 de julho”, diz ela ao Fantástico ainda no hospital.
A toureira espanhola Conchi Rios é atingida por touro durante corrida na cidade francesa de Rieumes, neste domingo (26) (Foto: AFP)

Conchi, de 20 anos, ficou seriamente ferida (Foto: AFP)

Depois do acidente, Conchi voltou para Murcia, a cidade em que mora, na Espanha, e foi submetida a duas cirurgias. Segundo os médicos, o golpe do touro provocou apenas danos musculares. A previsão inicial é que ela ficaria pelo menos um mês em repouso, mas a moça e o médico que a acompanha têm outros planos: querem que ela volte a tourear já no próximo domingo.

“Acho que todos os toureiros, homens, mulheres, velhos, crianças, temos medo”, conta a jovem.

Conchi teve muita sorte. Sérgio Vegas também: há duas semanas, ele ficou gravemente ferido na tradicional Praça de Touros de Granada, na Espanha. Ele foi derrubado, se levantou e continuou enfrentando o bicho. Levou uma chifrada no peito e ficou em estado grave, mas se recupera em casa.

No Brasil, o confronto com o touro acontece nas arenas dos rodeios. Os acidentes também são comuns. Algumas vezes, gravíssimos. Em abril, um peão de 21 anos morreu em Bragança Paulista, no interior de São Paulo. Gustavo Daniel Pedro ficou quase oito segundos em cima do touro, foi derrubado e pisoteado. Ele ainda conseguiu levantar e dar alguns passos, mas caiu novamente e morreu no hospital.

“A reação do animal de rodeio não é de atacar. É de se livrar de algo que o incomoda. No caso, uma pessoa que está montada nele”, explica Mateus Paranhos da Costa, veterinário e professor da Unesp.

O temido touro Bandido ficou famoso exatamente por nunca deixar que os desafiantes ficassem os oito segundos regulamentares em cima dele, e por ter levantado o peão Neyliowan Tomazeli a seis metros do chão com uma cabeçada. Depois dessa cena tão impressionante, o animal foi parar na novela "América", em 2005.

“Minha vontade era montar nesse boi de novo, sarar o mais rápido possível para montar nele, para ver quem podia mais, ou ele ou eu”, revela Neyliowan.

Após nove meses de recuperação, voltou a competir. Mas o ano de 2004 foi ainda pior para o peão Neyliowan: ele ficou 11 dias em coma por causa de uma chifrada na cabeça em um rodeio em Guararapes, no interior paulista.

Depois de dois acidentes graves, Neyliowan acabou desistindo da vida dos rodeios. Hoje, ele só ensina os outros a serem peões. Enquanto o Fantástico acompanhava um treinamento em seu sítio em Poloni, no interior de São Paulo, houve mais um acidente. Até Neyliowan ficou preocupado.

Dez anos depois de enfrentar o touro bandido, Neyliowan não se assusta quando revê aquelas imagens. “Eu fico mais louco, com vontade de voltar”, revela.

O desejo de voltar à arena, mesmo depois de acidentes, é algo bem comum entre os peões brasileiros, até para os que precisam de algum tempo para contar o resultado de tantas quedas.

“Eu tive lesão nas duas pernas, quebrei a perna direita e a esquerda, fraturei meu joelho, ligamentos, estourei as duas virilhas, quebrei acho que oito costelas em tudo e o pior foi o do pescoço. Quebrei o pescoço duas vezes”, lembra Paulo Crimber.

A primeira vez foi em fevereiro de 2008. A segunda foi exatamente no dia em que voltou às arenas, em junho daquele ano. “Eu achei que para mim estava tudo acabado”, diz.

Depois de três anos parado, voltou a competir nos Estados Unidos. Na reestreia no Brasil, há dois meses, mais um tombo impressionante. Paulo saiu ileso.

“É uma coisa que, sem sombra de dúvida, a gente não tem como evitar. Se não quiser machucar, fica em casa e não mexe com touro”, acrescenta Paulo.

Luciano Monteiro dos Santos pensa da mesma maneira, mas não teve a mesma sorte dos outros. Em 2004, o touro o jogou dois metros para cima. A queda o deixou tetraplégico. A paixão por rodeio não acaba, e está pregada na parede do quarto.

“Se eu voltar a andar de novo, eu monto de novo. Tem medo, faz parte. Se tivesse só que fazer aquilo, era só aquilo”, conta Luciano.

Fonte: Site do Fantástico

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