sexta-feira, 15 de julho de 2011

Maconha. 5 argumentos a favor que não estão ajudando

Aviso: esse artigo não tem a intenção de tomar nenhum lado do debate sobre a legalização da maconha.
A maioria das pessoas que fuma maconha quer sua legalização. Esse artigo não é um “manifesto contra a maconha”, mas alguém tem que falar para os defensores da planta que eles são algumas das pessoas mais irritantes do planeta. Estamos falando das pessoas que advogam pela causa tão chatamente e com tanta insistência que se parecem com os caras que batem de porta em porta querendo te converter para a religião deles. Nesse ponto, alguns dos defensores da maconha ficam tão equivocados em seus argumentos que acabam sendo seu pior inimigo. Confira alguns desses argumentos bizarros:

1 – A LEGALIZAÇÃO VAI SALVAR A ECONOMIA

Esse parece ser o argumento dominante desde que a economia despencou. Com os impostos que o governo cobraria em cima da maconha, o país estaria a salvo. Alguns documentos americanos até citam números muito grandes, como o fato de que a legalização total nos EUA traria 9,7 bilhões de reais anualmente se a maconha fosse tributada com taxas semelhantes aos do álcool e do tabaco. Mas, ao lado do total de tributos recolhidos em 2010 (3,3 trilhões) e a dívida nacional atual (22,6 trilhões) dos EUA, a reivindicação é comparável a tentar mudar a órbita do sol com uma .38.

Não há dúvida de que a legalização iria criar alguns empregos e trazer dinheiro aos países graças a receitas fiscais. Mas não ia ser a salvação da economia, e, quando um bando de “maconheiros” fala isso, parece que eles não têm ideia do que estão falando.

A mesma coisa quando os defensores dizem que, legalizando a maconha, eliminaríamos o custo relacionado com a aplicação da lei, uma vez que a droga seria legal. Como se o país de repente se transformasse em um paraíso da maconha sem regulamentações ou restrições à sua produção, e todos estariam apenas se voluntariando para declarar e pagar os impostos movidos por um sentido de dever cívico.

Não. Ainda vão ter foras da lei, o que significa que você ainda terá que pagar por policiais para investigar e prender pessoas que usam maconha não autorizada. Além disso, vamos precisar de vários novos regulamentos para descobrir exatamente o que estamos legalizando e o que acontece com as pessoas que violam as novas leis. E ainda teremos que fazer novas leis e contratar pessoas para certificarem-se e fiscalizar de que ninguém as está violando. Realmente, muito mais fácil, e bem mais barato.

2 – MACONHA PARA PACIENTES COM CÂNCER E PARA FAZER PAPEL

Não, ninguém quer que legalizem a maconha para “ficar doidão”. Quem precisa são os pacientes de câncer. Eles não podem ficar sendo despedidos de empregos por usar maconha medicinal, e etc… Acredito que quem precisa de maconha medicinal consegue, certo? Para eles, já é legal. Pior que uns loucos devem mentir que têm dor crônica ou estresse crônico, ou qualquer coisa crônica, só para conseguir alguma.

Esse argumento é geralmente seguido da defesa geral de que a maconha pode ser usada para muitas coisas! Você pode fazer papel, roupa, corda… Ah, claro! A maconha só é ilegal graças à indústria maldosa do papel.
Quantas vezes você ouviu esses argumentos de amigos que não tem câncer, e jamais tiveram, nem terão a necessidade de ter uma corda? Só para constar: não acho que seja ilegal usar maconha para fazer corda, fique à vontade. Não é para isso que a legalização vai servir, né…

Aliás, de todos os argumentos que você já ouviu de alguém que quer a legalização da maconha, algum deles foi: “eu quero ficar doidão sem ter medo de ser preso”? Para mim, parece o único argumento lógico – não que eu tenha algo contra quem queira isso, mas não dá fingir que tal coisa sem sequer passa pela cabeça dos defensores. Quando ninguém admite isso, fica até pior: parece que nem os usuários da maconha, perfeitamente saudáveis, e com papel de sobra em casa, consideram que esse argumento seja suficiente para legalizar a planta.

3 – NA VERDADE, É BOA PARA VOCÊ

Acho que quem não fuma maconha é idiota. Passamos da propaganda governamental antierva ridícula que grosseiramente exagerava os danos da droga para simplesmente dizer o contrário.

Quem nunca ouviu o argumento de que a “maconha não é tão ruim quanto outras drogas ilegais” e “ela não faz mal” até, literalmente, dizer que a erva é “boa para você”? Como se fosse vitamina C ou cálcio.

Por exemplo, quando vários estudos mostraram que um princípio ativo da planta pode retardar o crescimento de alguns tumores (ao mesmo tempo que outros crescem mais rápido), esses mesmos estudos indicaram que os resultados foram obtidos através da injeção de um produto químico e não de dar baseados a ratos de laboratório. No entanto, os defensores da erva imediatamente assumiram os resultados e os traduziram para manchetes infinitas afirmando que fumar maconha “cura o câncer”. Aham, tenho certeza que nenhum “maconheiro” já morreu de câncer.

Não importa que todos esses estudos sobre efeitos colaterais positivos e outros produtos químicos na cannabis se desdobrem para dizer-lhe que isso não significa que fumar maconha vai curar seu câncer. Isso porque, em geral, respirar fumaça de qualquer tipo não é bom para você.

Apenas três cigarros de maconha pior dia fazem mais danos aos pulmões quanto vinte cigarros de tabaco. Sim, há estudos que não ligam câncer à maconha. Mas também há estudos que encontraram o oposto.

E mesmo se tirarmos o risco de câncer, há toda uma série de efeitos negativos que podemos listar: logo após fumar, a frequência cardíaca média aumenta entre 20% a 100%, e esse efeito pode durar até três horas – o risco de ataque cardíaco dispara até cinco vezes na primeira hora. Se você tem distúrbios de ansiedade, más notícias: a planta pode causar ataques de pânico, paranoia, e é um alto risco para desencadear uma situação já existente.

Nos cérebros não formados de fumantes mais jovens, a maconha atrapalha o desenvolvimento emocional básico e também promove a paranoia. Os usuários também são muito mais propensos a ter doenças e faltar ao trabalho. Um dos maiores debates até agora é se os usuários mais jovens estão em maior risco para o surgimento de esquizofrenia (30 estudos mostraram uma conexão).

Não, maconha não é pior que heroína. Mas não me venha dizer que é a mesma coisa que brócolis.

4 – ÁLCOOL E CIGARRO SÃO PIORES, E LEGALIZADOS

Sim, bebidas e cigarros são muito ruins para você. Mortais, até, se abusados. Os médicos sempre dizem para as pessoas pararem, ou morrerão dentro dos próximos cinco anos. Eu nunca ouvi um médico dizer isso sobre a maconha. Dirigir embriagado e câncer relacionado ao fumo, então… Já mataram milhões.

Daí vem alguém que diz que, não, a maconha é pior. Quantos argumentos inteligentes, não? Um é pior, não, o outro é pior, não…

Eis a verdade sobre esse debate: não importa. Falar sobre as mortes do tabaco e do álcool faz todo o sentido como um argumento para tornar essas coisas ilegais, e não a maconha legal. Você não entende que “a maconha vai matar menos pessoas do que os cigarros!” não se aplica a %$# nenhuma porque ainda mata pessoas? Você também poderia passar uma lei que permite que garotos de 12 anos carreguem armas escondidas para a escola porque ia matar menos pessoas do que dirigir bêbado.

Se o argumento é que a maconha é a escolha mais segura, então por esse raciocínio, é também mais seguro engolir um cacto do que segurar uma cascavel. Alguém obriga você a escolher entre os dois? Não há uma terceira opção de simplesmente não fazer nenhum deles?

De novo, não estamos dizendo que ninguém deveria fumar maconha, que isso é horrível, e que seus defensores são um bando de drogados que blá, blá, blá. Apenas vamos ser sinceros: as pessoas bebem e fumam sabendo que faz mal, admitam que vocês também querem a maconha, mesmo que saibam que vai fazer mal.

5 – NÃO É VICIANTE

Quem não tem um amigo ou conhecido que diz que “só fuma quando quer”? Mesmo cigarro normal. Os que acham que “fumam pouco” se consideram no direito – super cético – de se colocar em uma categoria completamente diferente dos outros fumantes.

Claro, a coisa que mais assusta a sociedade sobre qualquer droga, e a única coisa que faz com que o álcool e o tabaco sejam tão mortais, é o vício. Isso é crucial para qualquer argumento para a legalização, porque não se pode falar de “liberdade” de usar algum produto, se esse mesmo produto de fato tira a sua capacidade de escolher livremente parar de usá-lo. Você não ouve as pessoas nas reuniões de AA sentando e refletindo sobre o quão incrível foi que eles tiveram a liberdade de beber.

E ainda temos aquelas pessoas que discutem sobre como a maconha “não é viciante” enquanto acendem seu décimo cigarro com quatro horas de sol ainda restantes no dia.

Tem sido sugerido que, como a maioria dos usuários não são habituais, a maioria das pessoas nunca vai desenvolver uma dependência grave de maconha. Assim como nem todos que bebem vão se tornar alcoólatras.
Na verdade, cerca de 15% dos bebedores desenvolvem uma dependência grande, ao contrário de cerca de 9% dos usuários de maconha. Isso é apenas as estatísticas para vícios considerados “graves”. Entre 10% e 30% dos fumantes de maconha, pelo menos, caem em um vício menor. Nota-se que nenhuma dessas estatísticas é 0%. Você sabe, importante para dizer que maconha “não vicia”.

Daí as pessoas trazem exemplo dos pais e tios. Pedante. Sim, seu pai ou seu tio fumou maconha toda a sua vida adolescente durante os anos 1960 e 70, e quando decidiu arquivar seus dias de festa e se juntar ao mundo adulto, ele não teve problemas em se afastar das ervas.

Só tem um problema: o nível médio de THC (a substância química da maconha) na época era cerca de 4%. Nas últimas décadas, subiu para mais de 10%, com algumas plantas tendo até 30%. É previsto que nos próximos cinco a dez anos, essa média chegará a cerca de 15% antes de atingir um limite.

O que isso significa? Significa que você fica doido mais rápido, usando menos droga. Isso também significa que mais jovens, fumantes inexperientes, têm uma maior chance de viciar do que seu tio ou seu pai.

Beleza acreditar que a maconha é muito mais fácil de parar de fumar do que álcool, heroína, etc. Mas a crença de que “não é viciante” é besteira. Quer uma maneira fácil de conferir isso? Desista dela por um ano. Tenho a sensação de que seria difícil para muitos dos usuários, considerando como vários não passam uma semana sem. É difícil abrir mão de algo que você construiu sua personalidade inteira em torno, não? [Cracked]


2 comentários:

  1. Muito inteligente o texto, mas eu como maconheiro preciso defender meu lado.
    Eu quero sim ficar doidão sem me preocupar em sofrer alguma consequência, assim como eu quero que o tráfico acabe ou simplesmente diminua, quero que a economia melhore mesmo que seja um pouco, quero usar roupas de cânhamo que duram mais assim eu preciso comprar roupas novas após um intervalo maior de tempo, quero plantar minha própria erva sem me preocupar se a polícia vai invadir minha casa e me prender por "tráfico".
    Encarando maconha, álcool e tabaco como prejudiciais à saúde pensemos da seguinte maneira, se álcool e tabaco fazem mal e as pessoas podem escolher usar eu também quero poder escolher usar maconha ou não.
    Finalizando eu digo que já passei um ano sem fumar por pura e simples vontade de não usar.

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  2. É isso aí, valeu Guileh! Disse tudo! Os caras vendem e consomem alcool ( um das drogas mais fortes e danosas que existe) na praia e junto com a criançada! Uma sociedade de alcoolatras hipócritas!

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