Policiais militares suspeitos de terem cometido o crime foram detidos
Uma ligação para o telefone 190 do Copom (Centro de Operações da Polícia Militar) de São Paulo, feita em março, mostrou uma execução em tempo real. A testemunha, que permanece sob proteção policial, ligou para a PM e descreveu o crime.
- Olha, eu estou no Cemitério das Palmeiras, em Ferraz de Vasconcelos, e a Polícia Militar acabou de entrar com uma viatura aqui dentro do cemitério, com uma pessoa dentro do carro, tirou essa pessoa do carro e deu um tiro. Eu estou aqui do lado da sepultura do meu pai.
A testemunha não conseguia ver a placa nem o prefixo da viatura policial do local em que presenciou o assassinato. Enquanto falava com o Copom, que gravou a ligação, ela esperou os policiais passarem perto para que pudesse ver os dados da viatura.
Em seguida, o suposto policial autor da execução percebeu a presença da testemunha, parou a viatura e foi em direção a ela. A mulher se antecipou e foi falar com o policial. Segundo a conversa gravada pelo Copom, o policial diz que não havia atirado e, na realidade, estava socorrendo a vítima.
- Estava socorrendo? Meu senhor, olhe bem para a minha cara. Eu não vou [para a delegacia]. Ele falou que estava socorrendo. É mentira. É mentira, senhor. É mentira. Eu não quero conversar com o senhor. E o senhor tem a consciência do que o senhor faz.
Os policiais militares suspeitos de execução registraram um boletim de ocorrência de roubo seguido de resistência e morte, no qual alegavam que o homem morto havia resistido à prisão. Mas a ligação gravada da testemunha contradiz o depoimento dos oficiais.
O caso aconteceu durante o mês de março, porém a PM manteve o caso sob sigilo para preservar as testemunhas. Dois PMs foram detidos e levados ao presídio militar Romão Gomes, na região norte de São Paulo.
A notícia foi publicada no início da tarde desta segunda-feira (4) pelo portal Estadão.com.br.
O caso aconteceu em março. A polícia apurou que a vítima era um suspeito de roubo. Ele foi identificado como Dileone Lacerda Aquino. Ele tinha passagens pela polícia por roubo e formação de quadrilha. Naquele dia, segundo a polícia, ele tinha roubado um carro no bairro do Itaim Paulista, na Zona Leste. Na fuga, bateu em dois carros e, segundo a polícia, atirou contra os policiais. Os policiais chegaram a registrar o caso na delegacia como roubo, seguido de resistência e morte. Mas levaram Dileone para o cemitério de Ferraz de Vasconelos. Os policiais militares foram identificados como Airton Vital, 18 anos de polícia, e Felipe Daniel, 5 anos de corporação.
O comandante do Batalhão onde os PMs trabalhavam disse que após a confirmação da denúncia ao 190, os PMs foram presos e levados ao presídio Romão Gomes.
Dileoni Morreu com um tirona perna e outro no peito. Foi esse tiro que a testemunha viu e narrou ao atendente do 190. A Corregedoria da PM de São Paulo abriu um Inquérito para investigar o caso. O áudio foi obtido pela Rádio CBN.
- Olha eu estou no cemitério Parque das Palmeiras, em Ferraz de Vasconcelos, e uma viatura da Polícia Militar acabou de entrar com uma pessoa dentro. Ele tirou essa pessoa do carro e deu um tiro. Eu estou aqui próximo da sepultura do meu pai - diz a mulher ao tendente do 190.
Ele responde:
- A senhora sabe o prefixo dessa viatura?
- Não, eu não vou chegar perto para olhar. Eu estou vendo a viatura, mas não dá para ver o prefixo. A viatura vai passar e vai dar para eu ver o prefixo. Espero que não me matem também - diz a mulher.
A mulher informa a placa ao atendente e o prefixo da viatura: placas DJL 0451 e prefixo M29411.
O atendente diz que vai registrar a ocorrência e pede que ela ligue também na Corregedoria da Polícia Militar.
Em seguida, antes de deixar o cemitério, os policiais percebem que estão sendo observados e abordam a mulher. A testemunha avisa ao atendente do Copom. E começa a discutir com o policial militar.
- Tem um PM vindo na nossa direção. Desculpa, era o senhor que estava naquela viatura? O senhor que efetuou o disparo ali? Eu estou falando com a Polícia Militar - diz a mulher.
O policial diz que estava socorrendo a vítima. E a mulher responde:
- Meu senhor, olha bem para minha cara. Ele falou que estava socorrendo. É mentira, é mentira. Eu não quero conversar com o senhor. Ele está dizendo que estava socorrendo. Ele entrou dentro do cemitério.
- A senhora não sabe o que ele fez - diz o policial.
E depois se justifica:
- Ele ameaçou
E a mulher diz:
- Obrigada, o senhor já disse tudo.
Fontes: R7 e Extra
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