sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Casal que ganhou na loteria é sequestrado e morto por amigo

Raimundo Ferreira de Souza e
Liliane Goes Saldanha

CUIABÁ - A Polícia Civil de Mato Grosso esclareceu nesta sexta-feira o desaparecimento de um casal do município de Pontes e Lacerda, a 483 quilômetros de Cuiabá, desde outubro do ano passado. Eles foram sequestrados e assassinados depois ganhar um prêmio na loteria. De acordo com a polícia, cinco pessoas estão envolvidas no crime, uma delas era amigo das vítimas. Quatro envolvidos estão presos e um outro permanece foragido.

Raimundo Ferreira de Souza e Liliane Goes Saldanha foram mortos depois de ganharem aproximadamente R$ 1 milhão no prêmio na Quina da loteria. Eles estavam fora da cidade e decidiram voltar para Pontes e Lacerda. Um amigo de Raimundo, segundo a polícia, sabendo do prêmio, teria planejado o sequestro e o assassinato para ficar com o dinheiro.

O filho do casal, de aproximadamente um ano e meio, ficou em poder dos bandidos até o dia 31 de janeiro deste ano, quando foi libertado pela Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) em Cuiabá. A polícia ainda não divulgou detalhes do assassinato do marido e da mulher.

Mas já se sabe que, após a morte do casal, um dos criminosos que permanece foragido, trocou a fotografia da identidade da vítima e se passando por ela, abriu uma conta corrente na Caixa Econômica Federal, da cidade de Porto Velho. Através dessa conta, ele movimentou o dinheiro do prêmio que estava depositado na agência de Cacoal. Cerca de dez saques de aproximadamente R$ 30 mil foram efetuados totalizando R$ 300 mil.

Outra parte do dinheiro foi retirada do Banco do Brasil de Cacoal, onde o restante do dinheiro está bloqueado. A polícia investiga se outras pessoas estão envolvidas no crime.


O crime

As investigações ocorriam em sigilo desde o final de outubro, época em que o crime ocorreu. E iniciou como desaparecimento de pessoas. O rumo das investigações mudou, depois que foi descoberta grande quantidade de saques na conta bancária de Raimundo Ferreira.

A vítima trabalhava em um garimpo na região de Cacoal, onde conheceu o xará, Raimundo Nonato Pereira, conhecido como B18, que planejou seu seqüestro.

Pereira veio de Cacoal até a Cuiabá, onde se uniu com Ivan Rosa e planejaram o crime. Depois de arquitetado o seqüestro, o bando foi até a cidade de Pontes e Lacerda, no carro de Ricardo Queiroz.

Chegando a Pontes e Lacerda, o bando localizou as vítimas, as renderam e tomaram o carro do casal. Todos seguiram em direção à BR-070, sentido Cáceres.

Os seqüestradores pararam em um posto de combustível, pediram o cartão bancário da vítima e a senha. Os bandidos abasteceram o carro para testar a senha. Com a senha e cartão confirmados, iniciaram o plano para executar o casal.

As mortes

Luiz Paulo, Lauro e Ricardo afirmam que a ordem de executar o casal foi de Ivan, que está foragido. Os comparsas disseramque Ivan não queria deixar testemunhas que os identificassem. O casal foi executado nas proximidades da BR-070. Os corpos ainda não foram localizados.

O filho do casal teria sido poupado a pedido de Luiz Paulo, que é pai e teria se comovido com a criança, que tem a mesma idade de um de seus dois filhos. "Eu pedi para não matar o bebê. Não sabia que ia ter morte, achei que ia só roubar", disse Luiz Paulo ao MidiaNews.

Bebê em vários lares

Depois de executar o casal, o bando veio para Cuiabá, onde deixaram o bebê sob os cuidados de terceiros. "A criança passou por, pelo menos, três lares. Em um das casas, a criança ficou em condições precárias, em um ambiente sujo e cheio de cachorros", disse o delegado Luciano Inácio, da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO).

O delegado conta ainda que a criança foi encontrada no bairro Centro América, aos cuidados de uma senhora, que não sabia da verdadeira história. "O Luiz Paulo disse para a senhora que o bebê era filho de um viciado e que a mãe tinha ido embora. Ele pagava R$ 10 para que ela olhasse a criança", contou Inácio.

A prisão

Inácio informou que o bando estava sendo observado à distância, há um certo tempo. "Suspeitamos que tinha algo de errado. Eles moravam em bairros muito pobres e estavam gastando muito dinheiro. Fomos investigar e descobrimos a ligação com o crime", disse o delegado.

O policial contou ainda que havia a preocupação em escolher quem prender primeiro, temendo a segurança da criança. "Observamos e resolvemos prender Luiz Paulo, que tinha contato com o bebê. Assim, já resgatamos a criança e prendemos o bando", revelou Inácio.

Segundo o delegado a quadrilha conseguiu suprimir do valor total do prêmio cerca de R$ 700 mil, além de cartões de crédito.

O Globo e MidiaNews

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